Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

‘Não conheço ninguém que tenha matado em nome do ateísmo’

por Emília Caetano, do site português Visão

Michel Onfray é um dos mais lidos filósofos franceses da atualidade, sobretudo desde que, em 2005, lançou o Tratado de Ateologia.

Criou em Caen e também em Argentan, onde nasceu, há 50 anos, “universidades populares” gratuitas. As suas aulas sobre uma contra-história da Filosofia ou “a filosofia esquecida” têm grande audiência.

A entrevista

Visão: O que o levou a escrever um Tratado de Ateologia?

Tratado_Ateologia Onfray: O ateísmo foi, durante muito tempo, uma espécie de evidência. Toda a gente era ateia. Até o Antigo Testamento e o Corão criarem normas a que era preciso obedecer, havia uma espécie de ateísmo partilhado por todos. E o filósofo Gilles Deleuze lançou o conceito de um ateísmo tranquilo. Ora, a queda das ideologias fez com que muita gente se reencontrasse no religioso. E entre o cristianismo de Bush ou o islão de Bin Laden eu não quero nenhum. Não entro na lógica dessa dicotomia que nos propõem: ou um ou o outro. Mas, assim como houve um crescendo religioso, também se registrou um aumento do antídoto, o ateísmo.

Visão: No seu caso, define-se como ateu militante

Onfray: As pessoas diziam-me que há mais saídas, como o agnosticismo. Mas eu respondia: ‘Não, sou ateu.’ E comecei a apresentar propostas filosóficas ateias. Deus não existe. Escrevi o meu livro e pude constatar que foi muito bem recebido mesmo fora de França, como em Espanha, Itália ou Austrália. Creio que está a verificar-se o regresso do ateísmo um pouco por toda a parte.

Visão: Muita gente acha que um mundo sem Deus seria inimaginável, mesmo para quem não acredita nele.

Onfray: Ao contrário, em nome de Deus é que se tem massacrado, destruído. Em nome de Deus fizeram-se as cruzadas, numerosas guerras ou a Inquisição. Em nome de Alá, muitas pessoas atam explosivos ao corpo, para matar 20 ou 30 pessoas, às vezes crianças. Que eu saiba, o ateísmo nunca fez isso. Não conheço ninguém que tenha matado em nome do ateísmo. Há qualquer coisa que não é sã nessa relação do mundo com Deus. Ora, se Deus não existe, como acredito, não é preciso uma moral fundada em termos de eternidade, não é preciso fabricar ilusões para que as pessoas possam viver juntas.

Visão: O que lhe desagrada no que chama os “três grandes monoteísmos”?

Onfray: O ódio às mulheres, aos homossexuais, à inteligência e à razão, aos prazeres do corpo, aos desejos, às pulsões. Querem que o corpo seja espartilhado, impedido. Criaram interditos, seja alimentares seja sexuais. Foram de um anti-hedonismo primário. É preciso viver na lei, na dor, no sofrimento, na recusa.

Visão: Mas por que diz que só um ateu é um homem livre?

Onfray: Quando se vive sob o olhar de Deus, não se é livre. Quando se age em função de ser salvo ou condenado, de ficar eternamente no Paraíso ou no Inferno, vive-se na inquietação. Tudo o que acontece é por vontade ou por decisão de Deus. O ateu não age a pensar na vida depois da morte. Só quando Deus não existe é que o Homem é livre.

Visão: Além de ateu, declara-se um filósofo do hedonismo. Aliás, chama ao seu novo livro um manifesto hedonista.

Onfray: É uma síntese do meu trabalho até agora. Quis escrever algo que permita às pessoas viverem alegremente. O hedonismo é isso, a arte de viver feliz. Proponho uma ética hedonista, uma política hedonista, uma bioética hedonista. Procuro que em todos os campos levem uma existência o mais feliz possível e façam o mesmo pelos outros.

Visão: E por que escolheu este livro para contar a sua infância, que não foi muito hedonista?

Onfray: Não é a primeira vez que falo de coisas pessoais, mas da minha infância, sim. É verdade que me batiam, que fui deixado pela minha mãe num orfanato aos 10 anos, que aos 14 mudei para um instituto de onde saí aos 17, para ter de me desenvencilhar sozinho, sem os meus pais. Sei o que é a dor, o sofrimento, a infelicidade, a brutalidade. É a minha forma de dizer “nunca mais quero isso, acabou-se a dor”. Podia ter-me tornado alguém que quisesse reproduzir a violência sobre o mundo. Pelo contrário, defendo um mundo com o menor sofrimento possível.

> Dobra o número de ateus e agnósticos nos EUA em 18 anos. (março de 2009)

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