A IA está prestes a alterar radicalmente as estruturas de comando militar que não mudaram muito desde o exército de Napoleão

Apesar de dois séculos de evolução, a estrutura de um estado-maior militar moderno seria reconhecível por Napoleão. Ao mesmo tempo, as organizações militares têm lutado para incorporar novas tecnologias à medida que se adaptam a novos domínios — ar, espaço e informação — na guerra moderna. Benjamin Jensen professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos The Conversation plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas O tamanho dos quartéis-generais militares aumentou para acomodar os fluxos de informação e os pontos de decisão expandidos dessas novas facetas da guerra. O resultado é a diminuição dos retornos marginais e um pesadelo de coordenação — muitos cozinheiros na cozinha — que corre o risco de comprometer o comando da missão. Agentes de IA — softwares autônomos e orientados a objetivos, alimentados por grandes modelos de linguagem — podem automatizar tarefas rotineiras da equipe, redu...

Desmatamento aumenta e já supera o registrado em 2007 (da Folha)

Só em abril, floresta amazônica perdeu área equivalente à da cidade do Rio de Janeiro. Entre agosto de 2007 e abril de 2008, governo detectou 5.850 km2 desflorestados, contra 4.974 km2 de agosto de 2006 a julho de 2007.

desmatamento
AFRA BALAZINA (ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)
FÁBIO AMATO (DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)

Mesmo antes de terminar o período de observação da Amazônia -que vai até julho-, dados de satélite apontam que o desmatamento já superou o total visto no intervalo anterior. Entre agosto de 2007 e abril de 2008, o Deter, sistema de detecção em tempo real do governo, enxergou 5.850 km2 desflorestados. Entre agosto de 2006 e julho de 2007, o mesmo sistema viu 4.974 km2.


"O importante é que continua havendo a tendência de aumento mensurável de desmatamento", disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).


De acordo com ele, os dados do Deter demonstram "que será difícil manter a mesma taxa" de desmatamento de 2007, que foi de 11.200 km2 -equivalente a sete vezes e meia a cidade de São Paulo. Mas ainda não se pode dizer qual será o total do desmatamento de 2007/2008.

Primeiro porque ainda faltam as análises de maio, junho e julho, quando a Amazônia fica seca e o desmate é mais alto. Depois, porque apenas no segundo semestre o governo divulga o dado anual do sistema Prodes, mais preciso que o Deter e usado para cálculo efetivo da área desmatada.

"Colhe-se o que se plantou. Você aumenta a exportação de ferro-gusa com carvão de floresta nativa, triplica os frigoríficos, titula ocupações de até 1.500 hectares, licencia obras ilegais e ainda não cobra as multas. Depois espera o quê? Considerando que só há dados sobre Mato Grosso e Roraima, a tendência é de termos um ano entre os piores, voltando à casa dos 20.000 km2", disse Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra.

Em abril, as nuvens "colaboraram" e o Inpe conseguiu detectar um desmatamento recorde nos últimos meses na Amazônia Legal: 1.123 km2. O número, equivalente à área do município do Rio de Janeiro, é maior do que o desmatamento observado nos meses de dezembro e de novembro passados (943 km2 e 974 km2 respectivamente), quando a devastação explodiu e fez o governo anunciar uma série de ações.

Mato Grosso foi, como o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) já havia antecipado, o líder em desmatamento no período, com 794,1 km2. O Estado teve pouca cobertura de nuvens (14%), o que possibilitou melhor análise da região.

Pará e Amapá, por exemplo, tiveram 89% e 94% de cobertura de nuvens, respectivamente. Em segundo lugar ficou Roraima, com 284 km2, e em terceiro, Rondônia, com 34,6 km2. Este último foi citado como o Estado mais degradado proporcionalmente, enquanto Amazonas é o mais preservado.

No mês de março, haviam sido detectados 145 km2 de desflorestamento. Entretanto, não se pode dizer que houve aumento expressivo de um mês para o outro porque em março as nuvens atrapalharam muito a visualização -78% da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, contra 53% de abril.

"Em Mato Grosso as más notícias estão reveladas, agora que a cobertura de nuvens diminuiu", disse Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

Câmara disse que não é possível avaliar, no momento, se os desmatamentos encontrados são corte raso ou áreas em processo de desmatamento por degradação florestal (quando ainda existem árvores na área).

O Inpe afirma que dos cerca de 4 milhões de km2 de floresta amazônica, cerca de 700 mil já foram desmatados.


Minc diz que vai apreender "bois piratas"

Ministro admite estouro da meta de desmatamento e alerta que "o pior está por vir"

Minc agora diz que se sente "prestigiado" por Lula e que este se opõe à ampliação do limite de desmatamento de propriedades na Amazônia


MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em resposta à alta do desmatamento na Amazônia, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou ontem a decisão de apreender gado criado em áreas desmatadas ilegalmente.

Minc batizou a operação de "Boi pirata" e atribuiu à pecuária parte da responsabilidade pelo avanço de mais 1.124 km2 devastação da floresta em abril, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A Amazônia Legal já reúne 36% do rebanho bovino do país. "É um recado de combate à impunidade do crime ambiental", disse o ministro, sinalizando que a medida terá um efeito mais simbólico.

O confronto aberto com o agronegócio começou na última semana de maio, quando o Ibama apreendeu 4,3 mil toneladas de grãos, principalmente soja e milho, nos Estados do Pará e do Mato Grosso. Foi a primeira vez que o governo agiu contra a produção em áreas embargadas por desmatamento ilegal na Amazônia.

O produto das apreensões será leiloado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o dinheiro obtido irá para programas sociais mantidos pelo governo federal.

Minc tomara conhecimento dos dados do Inpe antes de tomar posse, mas combinou com o instituto o momento mais oportuno de divulgar os números. Em abril, os satélites do Inpe captaram desmatamento superior aos meses de novembro e dezembro, que justificaram o alerta do início do ano.

"O dado é preocupante e não vamos brigar com o termômetro. Vamos agir", disse o ministro, numa referência ao sistema de detecção do desmatamento em tempo real do Inpe, cujos resultados vêm sendo contestados pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi.

O número oficial da área devastada na Amazônia entre agosto de 2007 e julho de 2008 será divulgado no final do ano, mas Minc já espera o descumprimento da meta fixada pelo governo em janeiro, de limitar o desmatamento do ano aos mesmos 11,2 mil quilômetros quadrados registrados entre agosto de 2006 e julho de 2007.

Os sinais do estouro da meta são claros e foram captados pelo sistema de detecção do desmatamento em tempo real -que é mais rápido, embora menos preciso que o sistema Prodes, que calcula a área oficial da devastação. Entre agosto de 2007 e abril de 2008, o Deter já captou o corte raso ou a degradação avançada de 5.850 km2 de floresta, contra 4.974 km2 medidos no período anterior de 12 meses.

"Não queremos chorar sobre a seiva derramada", disse o ministro. Ele destacou o registro do ritmo acelerado das motosseras ocorreu num período de chuvas na Amazônia, e é nos meses de estiagem que a devastação costuma crescer, a partir de junho: "O pior está por vir".

Preço das commodities

Ao analisar o ritmo da devastação, Minc repetiu a avaliação feita pela ex-ministra Marina Silva e relacionou o desmatamento ao aumento do preço de commodities: "O preço da carne e da soja dispararam e há uma relação histórica entre preços e desmatamento".

Minc insistiu em que as medidas adotadas no início do ano estão corretas, mas demoram a dar resultado. Uma das medidas com que o ministro conta é o bloqueio do crédito rural a produtores que não comprovem regularidade ambiental. A resolução do Banco Central, contestada pelo agronegócio, entra em vigor em 1º de julho.

Questionado se pediria demissão caso a medida venha a ser suspensa, o ministro disse que se sente "prestigiado" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Minc disse ainda que o presidente é contra a proposta que aumenta de 20% para 50% o limite de desmatamento de propriedades na Amazônia.

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