A IA está prestes a alterar radicalmente as estruturas de comando militar que não mudaram muito desde o exército de Napoleão

Apesar de dois séculos de evolução, a estrutura de um estado-maior militar moderno seria reconhecível por Napoleão. Ao mesmo tempo, as organizações militares têm lutado para incorporar novas tecnologias à medida que se adaptam a novos domínios — ar, espaço e informação — na guerra moderna. Benjamin Jensen professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos The Conversation plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas O tamanho dos quartéis-generais militares aumentou para acomodar os fluxos de informação e os pontos de decisão expandidos dessas novas facetas da guerra. O resultado é a diminuição dos retornos marginais e um pesadelo de coordenação — muitos cozinheiros na cozinha — que corre o risco de comprometer o comando da missão. Agentes de IA — softwares autônomos e orientados a objetivos, alimentados por grandes modelos de linguagem — podem automatizar tarefas rotineiras da equipe, redu...

Lula e ministra resistem a acionar Polícia Federal (Estadão)

Receio é de que os agentes transformem a apuração em espetáculo, ampliem o foco do trabalho e vazem dados sobre a montagem do dossiê

por Vera Rosa

O Palácio do Planalto teme a entrada da Polícia Federal na investigação sobre o vazamento de informações sigilosas envolvendo gastos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O receio é de que os agentes da PF transformem a apuração num espetáculo, ampliem o foco do trabalho e vazem dados sobre a montagem do dossiê que comprometam a Casa Civil. Mais: o governo avalia que a apuração pode sair do roteiro original e ferir de morte a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje a principal candidata do PT à sucessão presidencial, em 2010.

Desde que estourou a crise dos cartões corporativos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma foram aconselhados mais de uma vez por auxiliares a escalar a PF para o caso, mas resistiram. É por esse motivo que nem Dilma nem o ministro da Justiça, Tarso Genro, foram taxativos, ontem, quando mencionaram a possibilidade de o governo recorrer à Polícia Federal. Embora tenha definido o vazamento como “crime”, a ministra disse que o governo ainda vai “avaliar” se a PF deve entrar no caso. Tarso, por sua vez, afirmou que a corporação só será acionada a pedido de alguma autoridade - “seja a Procuradoria, a ministra da Casa Civil ou a própria CPI”.

Lula desconfia de delegados da Polícia Federal por avaliar que vários deles são movidos pela disputa política. Já comentou várias vezes, em conversas reservadas, que a PF é um ninho de cobras e que é comum ver integrantes da corporação repassando dados sigilosos para prejudicar desafetos.

Nos últimos tempos, três episódios o deixaram furioso com a atuação da Polícia Federal. O primeiro foi a foto de uma montanha de dinheiro - R$ 1, 75 milhão - para comprar o dossiê antitucano, na campanha da reeleição, em 2006. Depois veio a operação da PF que derrubou o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, em maio do ano passado, e, logo depois, a bisbilhotagem da vida de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.

“Na medida em que a Polícia Federal é uma instituição que tem poder enorme, aumenta sua responsabilidade. E não é possível que problemas internos dentro da PF tenham como vítimas o trabalho legal que ela faz” , criticou o presidente, após o episódio que envolveu seu irmão mais velho. “Se houver briga política as pessoas vão pingando em um jornal uma coisa, em outro jornal outra coisa, e as pessoas sem direito de se defender são execradas, condenadas aos olhos da opinião pública. Cabe ao delegado investigar e não passar (informações) à imprensa.”

Na prática, o governo quer desviar o foco das investigações sobre a montagem do dossiê, concentrando o trabalho na procura do espião do Planalto. O problema é que o informante pode não ser um traidor. Uma das pistas seguidas dá conta de que o “agente secreto com crachá” - como definiu Dilma, em tom de ironia - pode ser um servidor remanescente da época em que José Dirceu, abatido pelo escândalo do mensalão, em junho de 2005, chefiava a Casa Civil.

O funcionário teria divulgado a papelada com o intuito de mostrar que Fernando Henrique e sua mulher, Ruth, tinham despesas mais extravagantes do que Lula e Marisa Letícia, na tentativa de ajudar a base aliada na CPI dos Cartões Corporativos.

A outra versão, porém, vai na direção oposta: é de que a Casa Civil abriga um “infiltrado” do PSDB, funcionário de carreira com interesse em fulminar o governo do PT e ajudar os tucanos na CPI.

A crise preocupa o Planalto e ameaça a sustentação de Dilma no cargo, embora o presidente defenda a ministra com unhas e dentes. Dilma cancelou ontem a viagem que faria a Niterói e ao Rio, onde participaria de reunião com prefeitos e com o conselho da Petrobrás. Na noite de quinta-feira, ela chegou de Porto Alegre e seguiu direto para o Planalto. Lá se reuniu com o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, até a meia-noite. Foi ali que o governo começou a desenhar a rota de fuga do terreno minado.

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