A IA está prestes a alterar radicalmente as estruturas de comando militar que não mudaram muito desde o exército de Napoleão

Apesar de dois séculos de evolução, a estrutura de um estado-maior militar moderno seria reconhecível por Napoleão. Ao mesmo tempo, as organizações militares têm lutado para incorporar novas tecnologias à medida que se adaptam a novos domínios — ar, espaço e informação — na guerra moderna. Benjamin Jensen professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos The Conversation plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas O tamanho dos quartéis-generais militares aumentou para acomodar os fluxos de informação e os pontos de decisão expandidos dessas novas facetas da guerra. O resultado é a diminuição dos retornos marginais e um pesadelo de coordenação — muitos cozinheiros na cozinha — que corre o risco de comprometer o comando da missão. Agentes de IA — softwares autônomos e orientados a objetivos, alimentados por grandes modelos de linguagem — podem automatizar tarefas rotineiras da equipe, redu...

Casal que adotou bebê roubado na ditadura argentina é condenado (BBC)

Justiça determina prisão de envolvidos em seqüestro de filha de desaparecidos

Da BBC Brasil

Um tribunal federal de Buenos Aires condenou à prisão nesta sexta-feira um casal que adotou ilegalmente a filha de desaparecidos durante o último governo militar da Argentina (1976-1983) e o ex-capitão do Exército responsável pelo seqüestro da menina.

A ação judicial foi iniciada pela filha adotiva do casal, María Eugenia Sampallo Barragán, de 30 anos, e é um marco na justiça argentina.

Sampallo nasceu em um centro clandestino de tortura na capital argentina. Seus pais verdadeiros estão entre as cerca de 30 mil pessoas que, calcula-se, foram mortas durante a chamada Guerra Suja.

O juiz sentenciou o pai adotivo de Sampallo, Osvaldo Rivas, a sete anos de prisão, e sua mulher, María Cristina Gómez Pinto, a oito. Eles foram acusados de falsificar documentos e esconder a verdadeira identidade da filha adotiva.

O ex-capitão do Exército Enrique Berthier foi condenado a 10 anos de prisão por ter tirado Sampallo dos pais verdadeiros e entregue a menina a Rivas e sua mulher, que registraram Sampallo como sua filha legítima.

Os três réus não deram declarações. Os advogados do casal pediam a absolvição, sob o argumento de que Rivas e sua mulher não tinham como saber da origem do bebê na época da adoção. O advogado de Berhier também negou que seu cliente fosse culpado.

Ação inédita

Esta é a primeira vez que um filho de desaparecidos durante o regime militar argentino entra com uma ação contra os pais adotivos.

Acredita-se que cerca de 500 crianças, filhas de prisioneiros políticos do regime militar, foram separadas de seus pais biológicos e entregues a casais simpatizantes do governo.

"Eles não são meus pais. Eles são meus seqüestradores", disse Sampallo.

Ela descobriu que não era filha biológica do casal em 2001, depois de fazer um teste de DNA.

Seus pais verdadeiros são Mirta Mabel Barragán e Leonardo Ruben Sampallo, militantes do Partido Comunista Marxista Leninista (PCML) presos pelo regime militar em dezembro 1977. Na época da prisão, Mirta Barragán estava com seis meses de gravidez.

Sampallo foi separada da mãe logo depois do nascimento, e é provável que seu pai verdadeiro nunca a tenha visto.

Depois de ser separada dos pais, Sampallo foi entregue ao casal que a adotou, com quem viveu sem suspeitar de sua origem. Seus pais verdadeiros nunca mais foram vistos.

Em 2001, o grupo Avós da Praça de Maio encontrou Sampallo e revelou sua verdadeira identidade.

Até hoje, cerca de 88 crianças que foram separadas dos pais desaparecidos durante o regime militar já foram identificadas.

Reações

Depois do julgamento, representantes de grupos de defesa dos direitos humanos afirmaram estar satisfeitos com o fato de os três acusados terem sido condenados, mas decepcionados com a pena imposta pelo juiz.

O advogado de Sampallo, Tomás Ojea Quintana, pedia a pena máxima de 25 anos de prisão para os três réus.

"O positivo é que houve uma condenação. Mas vamos apelar da sentença, porque acreditamos que não reflete a gravidade dos crimes cometidos", disse o advogado na saída do tribunal.

A vice-presidente das Avós da Praça de Maio, Rosa Tarlovsky de Rosimblit, também disse estar decepcionada com a sentença.

"Esperava uma sentença maior. Lamentavelmente, roubar uma criança não parece ser um crime grave em nosso país", disse.

A ativista afirmou, porém, que talvez o caso incentive outros filhos de desaparecidos adotados ilegalmente a processarem seus seqüestradores.

Segundo o correspondente da BBC Mundo em Buenos Aires, Max Seitz, analistas acreditam que o caso de Sampallo seja um importante precedente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários