Mordomias de reitor supera gastos com biblioteca (site Contas Abertas)
Os gastos que a Universidade de Brasília (UnB) realizou na decoração do luxuoso apartamento que o reitor Timothy Mulholland ocupava – R$ 470 mil, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) – superam aqueles empregados no acervo das quatro bibliotecas do campus. Em 2007, segundo dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), apenas R$ 453,4 mil foram gastos com aquisição, ordenação, catalogação, manutenção de sistemas, limpeza, manutenção e recuperação de todo o acervo da universidade (veja tabela).
A Biblioteca Central (BCE) e as outras três bibliotecas da universidade – do campus de Planaltina, do Hospital Universitário (HUB) e do Centro de Excelência em Turismo (CET) – possuem quase um milhão e meio de exemplares de livros e periódicos. Mensalmente, segundo o chefe de serviço de desenvolvimento de periódicos, Fernando Silva, a BCE incorpora a seu acervo cerca de 3.500 exemplares. “Esse número seria bem maior se houvesse pessoal para trabalhar. Nós temos 6.000 livros para serem processados.”
Já o assistente da biblioteca do Hospital Universitário, Elmar Rodrigues de Lima, reclama da falta de atualização do acervo: “ultimamente a biblioteca não tem recebido muitos livros novos. Os alunos reclamam que não há edições mais atualizadas. Os professores recomendam que livros de saúde com mais de dez anos não devem ser consultados. Nós temos livros aqui com mais de 20 anos”.
Outros números mostram o disparate entre as mordomias do apartamento e as contas da universidade. Os gastos com a decoração do apartamento que Timothy Mulholland ocupava equivalem a 60% de toda a quantia aplicada no funcionamento dos cursos de pós-graduação da universidade: R$ 752,1 mil incluindo as despesas residuais do ano anterior. Essa quantia bancou durante todo o ano passado as despesas com pesquisa, extensão, manutenção de infra-estrutura física e de serviços terceirizados e pagamento de serviços públicos da pós-graduação.
A decoração de luxo do imóvel, que pertence à Fundação Universidade de Brasília (FUB), inclui, dentre outras coisas, home cinema (R$ 36,6 mil), telas artísticas (R$ 21,6 mil) e três inacreditáveis lixeiras de quase mil reais cada. O dinheiro que bancou tamanha ostentação, incluindo também um carro luxuoso usado pelo reitor por R$ 72 mil, veio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), uma entidade privada sem fins lucrativos (vinculada a UnB) que tem por finalidade auxiliar o desenvolvimento científico e o investimento direto em pesquisa e extensão.
Procurada pelo Contas Abertas, a UnB afirmou que, em 2007, “todos os projetos institucionais da universidade foram realizados na íntegra, quando não ampliados” e que os recursos usados na mobília e nos utensílios do apartamento da FUB não eram destinados à pesquisa.
Priscilla Mendes
Do Contas Abertas
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