Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

O informante Simonal

por Mário Magalhães, da Folha
wilson-simonal
Wilson Simonal de Castro, um dos mais talentosos cantores do Brasil em todos os tempos, declarou formalmente em 1971 que era informante do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), a polícia política do antigo Estado da Guanabara.
Seu depoimento na polícia foi avalizado reiteradamente em processo judicial por seu advogado Antonio Evaristo de Moraes Filho.
A declaração de Simonal e a confirmação de Evaristo nunca foram divulgadas -conhecem-se apenas as manifestações de proximidade do artista com o Dops, mas em público ele negava ter sido informante.
A Folha teve acesso ao processo 3.540/72, do qual consta o depoimento em que Simonal reconhece seus serviços.
Ele foi processado sob acusação de ser o mentor de uma sessão de tortura -em dependências do Dops- para obter confissão de desfalque de Raphael Viviani, ex-funcionário de sua firma.
Relatório confidencial do Dops, anexado aos autos e ainda hoje inédito, explicitou a ligação -reafirmada por um agente do órgão, Mário Borges, em interrogatório na Justiça.
Testemunha de defesa do artista, o tenente-coronel do Exército Expedito de Souza Pereira descreveu-o como "colaborador das Forças Armadas". Foi Simonal (1938-2000) quem se disse "colaborador dos órgãos de informação", sublinharam Viviani e seu advogado, Jorge Alberto Romeiro Jr.
O Ministério Público, representado pelo atual deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), apontou o intérprete como "colaborador das Forças Armadas e informante do Dops". Sentença proferida pelo juiz João de Deus Lacerda Menna Barreto concordou.
Acórdão (decisão de corte superior) do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), assinado em 1976 pelos desembargadores Moacyr Braga Land e Wellington Pimentel, referendou: Simonal era "colaborador das autoridades na repressão à subversão". Foi a palavra final da Justiça.
Todos esses documentos integram o processo 3.540, instaurado em 1972 na 23ª Vara Criminal, concluído em 1976 e em cujas 655 folhas jamais houve divergência: dos amigos mais fiéis ao antagonista mais ressentido, todos estiveram de acordo que Simonal -e ele assentia- era informante do Dops.
Em abril, a Folha pediu ao TJ para ler os papéis. Localizados em junho, eles foram consultados pelo jornal na íntegra. A história que eles descortinam vai na contramão de versões que rejeitam a relação do cantor com o aparato de segurança da ditadura militar (1964-85).
Entrevistas com sobreviventes da época e pesquisa em periódicos jogam luz no episódio.
Em 2000, a Folha publicou reportagem com base na sentença de 11 páginas, encontrada no Arquivo Público do Estado do RJ, que guarda o acervo do Dops.
Contudo, não achou cópia do conjunto do processo nem do informe interno acerca de Simonal, da declaração em que ele se afirmou colaborador ou de lista de eventuais pessoas delatadas por ele.
Desde a década de 1930 havia informantes da polícia política nos meios culturais do Rio. Eles não costumavam ser identificados nominalmente em relatórios, como se constata no Arquivo do RJ.
Tortura
A controvérsia sobre as conexões do cantor ressurgiu com vigor devido ao documentário "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei", de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal.
O filme narra da ascensão ao estrelato à morte no ostracismo, determinada pela imagem de "dedo-duro" -função que no fim da vida Simonal contestava ter desempenhado. Ele se dizia alvo de mentira inventada por inimigos, de racismo e de perseguição da esquerda.
O cantor não foi julgado pela colaboração com a ditadura, mas por ter levado Viviani para a sede do Dops, na rua da Relação, região central do Rio.
Simonal foi ao departamento e emprestou seu carro aos policiais, que buscaram Viviani em casa quase à meia-noite de 24 de agosto de 1971, passaram pelo escritório do artista e terminaram na rua da Relação.
Lá torturaram Viviani com choques elétricos, socos e pontapés até ele assumir por escrito o desvio.
Simonal estava no Dops, para onde ajudou a transportar -desde seu escritório, em Copacabana- o ex-chefe de escritório da Simonal Comunicações Artísticas.
Ele não participou da tortura nem a testemunhou.
Um inquérito foi instaurado na 13ª DP porque a mulher do funcionário registrou o desaparecimento.
Foram condenados o cantor, um policial do Dops, Hugo Corrêa de Mattos, e um colaborador do órgão, Sérgio de Andrada Guedes. Em 1974, por crime de extorsão, a pena de cinco anos e quatro meses de reclusão. Em 1976, depois da desclassificação do crime para constrangimento ilegal, a três meses. Simonal passou nove dias detido. Os três negaram as acusações.
"Subversivos"
Relatos jornalísticos recentes sustentam que foi o inspetor Mário Borges, chefe da Seção de Buscas Ostensivas do Dops e notório torturador de presos políticos, a fonte original da classificação de Simonal como informante.
Na 23ª Vara, Borges disse que o cantor "era informante do Dops e diversas vezes forneceu indicações positivas sobre atividades de elementos subversivos".
Não citou a identidade dos "elementos". O interrogatório do policial ocorreu em 16 de novembro de 1972.
Acontece que, 450 dias antes, Simonal já prestara declarações no Dops que foram anexadas ao processo e não chegaram ao noticiário.
Às 15h de 24 de agosto de 1971, perto de nove horas antes da diligência contra Viviani, Simonal afirmou ter ido à rua da Relação "visto aqui cooperar com informações que levaram esta seção a desbaratar por diversas vezes movimentos subterrâneos... subversivos no meio artístico". Também não nomeou os "movimentos".
Ou seja, o primeiro a sustentar que Simonal era informante foi ele mesmo, e antes da ação da polícia. Na ocasião, o cantor lembrou que no golpe de Estado de 1964 esteve no Dops "oferecendo seus préstimos ao inspetor José Pereira de Vasconcellos" -outro denunciado por sevícias contra opositores.
Simonal assinalou que se aproximou ainda mais do Dops quando pediu e obteve proteção contra uma ameaça de explosão de bombas em um show.
Em 1971, ele se queixou de um "grupo subversivo" que prometia sequestrá-lo se não "arrumasse" dinheiro.
A voz anônima parecia, ele disse, a de Viviani.
Na 13ª DP, o cantor depôs em 28 de agosto. Apresentou-se como "homem de direita" e relembrou ter dito no Dops (no dia 24) que conhecia, "como da área subversiva", "uma irmã do senhor Carlito Maia" -era a produtora cultural Dulce Maia, ex-presa política e àquela altura exilada.
Esse depoimento vazou à imprensa, mas nele Wilson Simonal calou, nem lhe perguntaram, sobre a atuação como informante.
O elo perdido
Relatório interno do Departamento de Ordem Política e Social da Guanabara, com carimbo "confidencial", resumiu em 30 de agosto de 1971 a relação com Wilson Simonal:
"É elemento ligado não só ao Dops, como a outros órgãos de informação, sendo atualmente o elemento de ligação entre o governo, as autoridades e as Forças Armadas com o povo, participando de atos públicos e festividades, fazendo de seu verbo e prosa a comunicação que há tanto tempo faltava".
O signatário foi o chefe da Seção de Buscas Ostensivas, Mário Borges. O destinatário, o chefe do Serviço de Buscas, José Pereira de Vasconcellos.
No mesmo dia, o diretor da Divisão de Operações, Zonildo Castello Branco, endereçou aquele relatório sigiloso ao diretor do departamento, coronel do Exército Gastão Barbosa Fernandez. O coronel encaminhou-o à Justiça, que o anexou ao processo 3.540/72.
Seu conteúdo não foi contestado por ninguém.
Produzido no calor da repercussão em torno da detenção de Raphael Viviani, o documento evoca episódio em que o Dops deu proteção a Simonal por três meses contra supostos "subversivos" que teriam prometido estourar bombas no teatro em que o artista estava em cartaz.
Ele ajuda a entender o grau da intimidade que permitiu, para resolver pendenga privada, surrar um cidadão em prédio público onde funcionários se dedicavam a questões de Estado: combater oposicionistas, em particular os de grupos armados.
Menos de quatro semanas antes da chegada de Viviani, o engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira foi preso e levado para o Dops, onde o torturaram.
Seu martírio prosseguiu na instalação do Exército em que funcionava o DOI (Departamento de Operações de Informações). Raul Amaro saiu de lá para o hospital, onde morreu.
No comando da radiopatrulha que o transportou entre o Dops e o DOI estava Mário Borges, conforme a edição 2009 do "Dossiê Ditadura -Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1974-1985)", organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Borges foi um dos cinco réus no processo decorrente da tortura contra Viviani. Acabou absolvido porque não participou das sevícias e tinha álibi de que estava ausente -em missão contra a "subversão".
Em 1985, o Projeto Brasil: Nunca Mais, coordenado pela Arquidiocese de São Paulo, inventariou a tortura durante a ditadura. Foram numerosas as denúncias de presos políticos apontando Mário Borges e José Pereira de Vasconcellos como torturadores.
Forças Armadas
O relatório do Dops que descreve a colaboração de Simonal com outros órgãos ganhou mais verossimilhança com o interrogatório do tenente-coronel do Exército Expedito de Souza Pereira, na 23ª Vara Criminal, em 29 de julho de 1974.
Testemunha de defesa do cantor, ele afirmou: "Conhece o primeiro acusado [Simonal] porque após a revolução de 64 o primeiro réu sempre colaborou com as Forças Armadas".
Em 1974, o oficial estava lotado na Escola Superior de Guerra. Em 1971, era relações públicas do 1º Exército, comando da Força na Guanabara (que hoje equivale ao município do Rio de Janeiro) e em outros Estados. Pereira disse ter sido procurado por Simonal, que lhe falou sobre ameaças que estaria sofrendo. O militar sugeriu que recorresse ao Dops.
Nos anos 1990, Simonal obteve um atestado da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) assegurando que ele nunca foi seu informante.
A SAE sucedeu o SNI (Serviço Nacional de Informações) da ditadura.
O nome do SNI não aparece, entretanto, no processo 3.540, no qual Simonal é reconhecido como informante do Dops e colaborador do 1º Exército.
Em 1972, o cantor contextualizou em juízo a origem da intimidação: "[...] Desde que participou de uma Olimpíada do Exército fazendo um show, e de fazer [sic] um disco da Shell de propaganda do governo, isto é, fazia indiretamente propaganda do governo, passou a receber telefonemas anônimos que lhe faziam [sic] ameaças a si e a sua família".
"Comunistas"
Ele repetidamente proclamou a camaradagem com integrantes da polícia política. Em 1971, de acordo com o "Correio da Manhã", mencionou José Pereira de Vasconcellos como "meu grande amigo".
Logo depois do mandado de prisão expedido em 1974, entregou-se ao Dops de São Paulo. "O delegado Sérgio Fleury é meu chapinha e tudo vai correr dentro do figurino", disse, conforme o "Última Hora".
Responsável por dezenas de assassinatos, Fleury foi o mais destacado policial no combate à luta armada durante o governo do general Emilio Garrastazu Médici (1969-74).
Em seus últimos anos, Simonal reclamou do que considerava um viés persecutório do jornalismo contra ele. Mas, em seguida à surra em Raphael Viviani, a versão do artista foi encampada por parcela expressiva da imprensa.
Reportagens céticas em relação aos relatos de Simonal provocaram irritação, sugere nota do colunista Ibrahim Sued na edição de "O Globo" de 4 de setembro de 1971.
A nota: "As autoridades militares estão começando a ficar de olho em certa imprensa marrom, principalmente no que se refere aos artistas... Eu estou apenas advertindo. Quem avisa amigo é... O mar não está pra peixe...".
O semanário "O Pasquim" foi o primeiro que tratou Simonal como "dedo-duro". Com a sentença de 1974, a revista "Veja" publicou que a operação contra Viviani "foi facilitada pelo fato de Simonal também ser informante da polícia".
A fama de delator custou-lhe vaias e xingamentos em shows.
Em agosto de 1982, ainda na ditadura, a Folha circulou com entrevista de Simonal em que ele afirmou: "Dizer que eu dedurei os cantores comunistas é meio calhorda. Eles próprios nunca negaram que eram comunistas. Chico Buarque, Caetano Veloso jamais disseram o inverso. E qualquer criança sabe o que eles são..."
Depois, Simonal disse que suas declarações foram distorcidas. O jornal respondeu que nada havia alterado. (MÁRIO MAGALHÃES)
Os documentos
1971/1976
24 de agosto de 1971
"O declarante aqui comparece visto a confiança que deposita nos policiais aqui lotados e visto aqui cooperar com informações que levaram esta seção a desbaratar por diversas vezes movimentos subterrâneos... subversivos no meio artístico; que o declarante, quando da revolução de março de 1970, digo 64, aqui esteve oferecendo seus préstimos ao inspetor José Pereira de Vasconcellos; que o declarante de certa feita ou, melhor, quando apresentava o seu show "De Cabral a Simonal" no teatro Toneleiros, foi ameaçado de serem colocadas bombas naquela casa de espetáculos; que o declarante nesta época solicitou a proteção do Dops para sua casa de espetáculo, o que foi feito e nada se registrando de anormal."
Wilson Simonal de Castro, em depoimento ao Dops
30 de agosto de 1971
"Como sabe V. Sa., o cantor Wilson Simonal é elemento ligado não só ao Dops, como a outros órgãos de informação, sendo atualmente o elemento de ligação entre o governo, as autoridades e as Forças Armadas com o povo, participando de atos públicos e festividades, fazendo de seu verbo e prosa a comunicação que há tanto tempo faltava."
Mário Borges, chefe da Seção de Buscas Ostensivas do Dops, para José Pereira de Vasconcellos, chefe do Serviço de Buscas, em informe confidencial
16 de novembro de 1972
"O primeiro acusado, Wilson Simonal, era informante do Dops e diversas vezes forneceu indicações positivas sobre atividade de elementos subversivos."
Mário Borges, inspetor do Dops, em interrogatório na 23ª Vara Criminal
29 de julho de 1974
"Conhece o primeiro acusado [Wilson Simonal] porque após a revolução de 64 o primeiro réu sempre colaborou com as Forças Armadas."
Expedito de Souza Pereira, tenente-coronel do Exército, em interrogatório na 23ª Vara Criminal
14 de outubro de 1974
"Simonal se diz, com todas as letras neste processo, um colaborador dos órgãos de informação, por se tratar de homem de direita. A sua defesa corroborou isso com cifras definitivas [...]. Daquela época ["Revolução de 1964'] ao fato da denúncia se perfizeram 7 anos e meses de atividade policial auxiliar voluntária de Simonal (que, aqui, num processo comum, deve ficar imune a aplausos ou críticas), por conseguinte. Lapso de tempo esse que, evidentemente, levou o cantor-acusado a ter, pelo menos, grande afinidade com os agentes do Dops, para não falar em proteção."
Alegações finais do assistente de acusação Raphael Viviani, na 23ª Vara Criminal, assinadas pelo advogado Jorge Alberto Romeiro Jr.
1974
"Ficou cabalmente esclarecido que o suplicante, na tarde de 23 de agosto, inclusive a conselho de um oficial superior do Exército, compareceu ao Dops, onde prestou formalmente um depoimento em que se queixou de estar sendo vítima de telefonemas ameaçadores, por parte de elementos supostamente subversivos. [...] O suplicante, ao dirigir-se ao Dops, por recomendação de um oficial superior do Exército, o fez em decorrência das ameaças aterrorizantes que vinha sofrendo, revestidas de caráter político."
Alegações finais em favor de Wilson Simonal de Castro, na 23ª Vara Criminal, assinadas pelo advogado Antonio Evaristo de Moraes Filho
11 de novembro de 1974
"Que Wilson Simonal de Castro era colaborador das Forças Armadas e informante do Dops é fato confirmado [...]."
João de Deus Lacerda Menna Barreto, juiz da 23ª Vara Criminal, na sentença do processo 3.540/72
9 de dezembro de 1974
"O primeiro apelante, Wilson Simonal de Castro, era colaborador das Forças Armadas e informante do Dops [...]."
Antônio Carlos Biscaia, promotor de Justiça, em contra-razões de recurso
3 de junho de 1976
"Resulta duvidosa, entretanto, a finalidade de diligência, cabendo aqui destacar-lhe dois aspectos. O primeiro, quanto à colocação feita junto ao Dops, noticiando ameaças dirigidas ao cantor Wilson Simonal, pelo fato de ser o mesmo colaborador das autoridades na repressão à subversão, o [que] torna a diligência ordenada regular, como reconheceu a sentença."
Desembargadores Moacyr Braga Land e Wellington Pimentel, da 3ª Câmara Criminal, no acórdão da apelação nº 62.372
Para delegado, "ele não era informante"
O delegado aposentado Zonildo Castello Branco afirma que Wilson Simonal não era informante do Departamento de Ordem Política e Social, apesar de um relatório interno do Dops sustentar o contrário.
Em 1971, quando o informe foi elaborado no órgão -ao fim seria anexado ao processo 3.540/72-, Castello era o diretor da Divisão de Operações, o número dois da polícia política no Rio.
Foi ele quem encaminhou para o diretor o relatório de autoria do inspetor Mário Borges. "Simonal era muito ligado, conhecia o Mário Borges, mas colaborador não era, não."
O delegado sustenta que enviou o informe ao superior, sem nenhuma restrição às informações, porque esse era o método. "Eu apenas submetia o relatório à consideração."
A Folha localizou no Rio o empresário Sérgio de Andrada Guedes, um dos três condenados no processo. Conversou com ele por telefone, Guedes prometeu ligar, mas não respondeu mais aos recados.
Ele foi um dos dois homens que buscaram Raphael Viviani em casa na noite de 24 de agosto de 1971. No processo, aparece como colaborador do Dops e industrial -hoje sua empresa tem mais de 300 funcionários.
"Muito pouco sei daquilo. Sei tanto quanto vocês, imprensa", disse ele, no único contato com o jornal.
A condição de informante "parece uma história de cobertura", diz o ator e cineasta Cláudio Manoel, sobre o depoimento em que o cantor assim se assumiu.
Ele é codiretor do filme que conta a vida de Simonal.
"Estranho que no próprio dia em que o cara vai ter essa ação ele vai e presta queixa." Seria uma forma de justificar a colaboração do Dops em uma iniciativa sem cunho político.
"Acho impossível provar a condição de informante, sendo ou não." Critica: "Parece mais relevante é que de uma certa forma a questão de ele ser ou não informante parece decisiva para justificar se merecia ou não ter sofrido o tipo de lepra que sofreu".
Cláudio identifica crueldade com Simonal: "Por que não passa? Digamos que fosse provado que o cara foi um informante da ditadura. Trinta anos depois da Lei da Anistia, o que interessa isso?".
Na sua opinião, houve contra Viviani "uma operação truculenta, estúpida e de vendeta pessoal que descambou para o errado".
Inocente
Logo que uma enorme leva de marinheiros foi presa pelos golpistas de 1964, dois advogados de 38 anos de idade se desdobraram para, sem cobrar um tostão, dar conta de tantas defesas urgentes: Antonio Evaristo de Moraes Filho e Antônio Augusto Alves de Souza.
Eles ficariam de tal modo marcados que seus detratores pró-regime gracejavam: não eram causídicos de porta de xadrez, mas de porta de fortaleza -instalações militares onde os clientes eram encarcerados.
Ao se ver em apuros, Simonal procurou Evaristo. O motivo era óbvio, diz Alves de Souza: "Ele era um advogado excepcional, o melhor da época".
Durante todo o processo 3.540/72, a dupla representou Simonal. Evaristinho, como chamavam o criminalista, era homem de esquerda. Morreu em 1997. Assinou sozinho os principais documentos da defesa, inclusive os que avalizam o depoimento em que o cantor se reconhece informante.
Seu colega, que "não era politizado", afirma que ambos nunca tiveram dúvidas de que a versão de Simonal no episódio era verdadeira: ele dizia não saber de tortura contra Viviani.
A Justiça não lhe deu razão, mas a defesa obteve vitória relativa ao limitar a três meses a pena final, sem necessidade de cumpri-la na prisão.
"Se ele fosse realmente culpado, não se sentiria atingido", diz Alves de Souza. "Por isso acredito piamente na inocência. Ele se sentia profundamente infeliz. Em nenhum momento ficou provado nos autos que participou da tortura ou que estava presente, o que evidencia a inocência."
De fato, nenhum depoimento, nem o de Viviani, sustentou que Simonal torturou ou assistiu às sevícias. Ele foi condenado por ser considerado corresponsável por constrangimento ilegal, mas não agressor.
Para Alves de Souza, Simonal foi vítima de "perseguição ideológica": "Da mesma forma que havia a perseguição estatal contra aqueles que tinham a ideologia de esquerda, o pessoal que era perseguido se voltou contra ele".
A intolerância feriu: "Pela mesma maneira que se julgava crime de ideologia, o que é um absurdo, as pessoas que se diziam comunistas queriam acusá-lo por ser um homem que tinha outra ideologia, por ser de direita".
A inveja teria contribuído: "Os invejosos anônimos aproveitaram aquele momento para ajudar a derrubá-lo. Os arrivistas que querem subir à custa do sofrimento alheio". (MÁRIO MAGALHÃES)

"Atrapalhou minha vida, acabou com a dele", diz vítima
Quase quatro décadas depois dos eletrochoques acionados com manivela e do espancamento que ele denunciou ter sofrido e sentença judicial reconheceu, Raphael Viviani, 68, esboça em mão dupla seu balanço sincero da história: "Isso aí atrapalhou deveras a minha vida, passei um sufoco muito grande. E ele também acabou com a vida dele".
"Ele" é Wilson Simonal, o ex-patrão cuja firma foi alvo de uma reclamação trabalhista do seu antigo chefe de escritório -e não contador, como até hoje se repete- contratado em outubro de 1970 e demitido em junho seguinte.
Em 24 de agosto de 1971, por volta das 23h50, um agente e um colaborador do Dops apanharam-no em casa. Era o dia seguinte à notificação da queixa pela Junta de Conciliação.
Já na companhia de Simonal, levaram-no para a repartição policial -de onde ele sairia por volta das 20h do dia 25, após redigir de próprio punho uma confissão de apropriação indébita.
Obrigaram-no -foi isso que a Justiça concluiu - a escrever que gastou o dinheiro em "noitadas, bebidas e mulheres". No processo, não consta prova ou indício documental de desvio.
"Como é que eu vou esquecer uma coisa dessa?", pergunta, sobre os idos de 1971. "Não tem jeito de esquecer aqueles dias tumultuados. Se você me visse antes e depois daquela noite que eu passei sendo torturado lá, não diria que é a mesma pessoa."
"Uma foto antes e uma depois, elas saíram num jornal vagabundo, que inverteu toda a minha história, você não diz que é a mesma pessoa. É uma coisa que eu não vou esquecer. Vou acabar levando para o túmulo."
Viviani conversou com a Folha por telefone -foi fácil encontrá-lo recorrendo à lista, pelo nome de um parente que mora com ele em um bairro da zona oeste de São Paulo.
O escriturário conta estar aposentado por invalidez permanente -um diabetes que teria começado a se manifestar em seguida à sua detenção.
Ele reapareceu publicamente com um depoimento no filme "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei".
Como ainda recordava o tom antipático contra ele em segmentos consideráveis do jornalismo, nos dias e semanas posteriores à sua passagem pelo Dops, falou ao documentário "para desabafar um pouco".
"Estava todo mundo formando ideia contra mim. Vou esclarecer isso aí, não devo nada, seria bom. Minha família não gostou que eu tenha feito isso. E até hoje eles não querem que eu mexa mais com isso. E eu não tenho muito o que falar." (MM)

Questão política faz arte de Wilson Simonal ser ignorada

Mal ou bem comparando, é como recusar a leitura de "O Fazedor" porque o escritor [argentino] Jorge Luis Borges apoiou a ditadura militar argentina. Ou negar-se a assistir a "Vestido de Noiva" por causa da simpatia do dramaturgo Nelson Rodrigues pelo regime instaurado no Brasil em 1964. Ou recusar as páginas de "Memórias do Cárcere" em virtude do encantamento de Graciliano Ramos por um carniceiro como Stálin.
Ainda, rejeitar a montagem de "Pequenos Burgueses", já que Máximo Gorki patrocinou com seu prestígio a tirania na União Soviética.
A lista é infinda. Implicaria eliminar clássicos do western estrelados, dirigidos e produzidos por sócios do macarthismo --alguns deles delatores insaciáveis. Ou afastar dois gigantes da literatura, como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, a depender das veleidades ideológicas do freguês.
É essa a natureza do crime contra a cultura brasileira que se perpetrou nas últimas décadas, suprimindo dos compêndios e, quando possível, da memória um cantor fabuloso como Wilson Simonal.
Exagero? Sugestão: ouvir sua interpretação de "Sá Marina", obra-prima de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, em www.youtube.com.
A seguir, no mesmo site, clicar o registro de Stevie Wonder para a adaptação em inglês da canção, ancorada em um naipe de metais empolgante.
Pois Simonal não fica atrás do ícone da música americana.
Se o cotejo com os maiores é medida de talento, há dois gigantes ao microfone no duo com Sarah Vaughan em "The Shadow of Your Smile", também no YouTube e garimpado para o filme "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei".
Restituir o intérprete de sucessos como "País Tropical" e "Meu Limão, Meu Limoeiro" à sua proeminência entre os cantores nacionais é um dos muitos méritos dos cineastas Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal.
O documentário sobre a tragédia de Simonal renova a impressão de que, quando a apreciação estética se subordina à política, perde a arte. E sugere ser ilusão tomar como compulsória a fórmula boa gente-boa arte ou gente ruim-arte ruim.
A condição de simpatizante --ainda que eventual informante e colaborador-- da ditadura militar não diminui o artista Simonal. Assim como a vida corajosa de opositor não tornou mais inspirada a arte de ninguém.
O contrário também vale: a grande arte não faz maior o cidadão. E este é outro engano recorrente: valorizar os gigantes da arte por gestos pouco edificantes como cidadãos, e não pelo que eles têm de bom.
Nelson Rodrigues não era grande porque fazia pouco das denúncias de tortura, mas porque, entre outros brilhos, escrevinhava crônicas futebolísticas como só ele.

A esquerda não anistia nem perdoa. Se preciso, mata outra vez
do blog de Reinaldo Azevedo
Muitos xingamentos, como não poderia deixar de ser, por conta das observações que fiz aqui sobre os textos de Mário Magalhães, na Folha de domingo, que acusam Wilson Simonal de “informante” do Dops. A capa do jornal e do suplemento não dão margem para dúvidas: “informante”. O que tenho a dizer?
- os documentos a que Magalhães alude não provam coisa nenhuma; rigorosamente nada!;
- Magalhães tem, sem dúvida, uma espécie de obsessão com o caso, conforme demonstrarei;
- a Folha, infelizmente, vendeu como novidade o que ela mesma já havia noticiado. E o texto era do próprio Magalhães. Ele observa isso de modo um tanto oblíquo. O problema é o esforço para vender como novo o peixe velho.
Do começo. Algumas pessoas ligadas a órgãos de segurança diziam que Simonal era informante — o que, obviamente, não quer dizer que fosse. O filme Ninguém Sabe o Duro que Dei trata largamente do caso.Ora, como é que um repórter e uma edição podem tascar em alguém a pecha de “informante”, de dedo-duro, sem dizer, afinal de contas, quem foi que ele dedurou? Qual é o caso, Mário Magalhães? Os fontes ligadas à ditadura nunca serviram de referência para desabonar esquerdistas, mas servem quando se trata de demonizar um artista tido como “direitista”?
Quem Simonal dedurou? Eu quero saber. Ele era informante do meio musical? Rolo de rir agora ou deixo para quando Magalhães apresentar as provas? O que foi que Simonal denunciou?
- alguma metáfora revolucionária de Chico Buarque?;
- alguma ousadia comportamental de Caetano Veloso?;
- alguma marchinha secreta e cafona de Geraldo Vandré?
Ora, um informante informa, Santo Deus! Informa o quê? Sei lá. Tem de informar alguma coisa que seja do interesse do regime, não é? Cadê a informação nesse caso? Inexiste.
Paixões retrógradas
Sei não… Parece que há algum surto de paixões passadistas contaminando um ou outro no jornal. Ou o velho não seria vendido como novo. Por quê? Em 2008, então ombudsman da Folha, Magalhães já havia enroscado com reportagem aludindo ao filme. Escreveu:
“Boa notícia: quase oito anos depois da morte de Wilson Simonal, o grande cantor começa a ser resgatado do ostracismo. O documentário “Ninguém Sabe o Duro que Dei” é lançado no festival de cinema É Tudo Verdade.
Ignoro como o filme narra a suspeita de que Simonal fosse informante da ditadura militar. Mas é possível identificar no jornalismo disposição para recontar o passado omitindo o mais relevante, os fatos.
(…)
A verdade: em 1974, Simonal foi condenado por surra dada em um contador. No processo, levou como testemunha sua um detetive do Departamento de Ordem Política e Social do Estado da Guanabara. Ele assegurou que o cantor era informante do Dops.
Outra testemunha de defesa, um oficial do 1º Exército, jurou que o réu colaborava com a unidade. O juiz sentenciou: Simonal era “colaborador das Forças Armadas e informante do Dops”. Em 1976, acórdão do Tribunal de Justiça do RJ reafirmou a condição de “colaborador do Dops”.
(…)
Nesta semana, a Folha tropeçou ao noticiar o documentário: não lembrou as provas judiciais reveladas por ela própria em 2000 (transparência: o autor da antiga reportagem foi o hoje ombudsman).
(…) Íntegra do texto
Aqui
Texto de 2000
Pois é… Aí fui buscar o texto de 2000. Acreditem: é rigorosamente o que Magalhães publicou agora. Já alude ao processo 3.540/72 e fala dos mesmos depoimentos. A novidade de agora? Ah, teve acesso à integra e a um relatório interno do DOPS que diz mais do mesmo. Ocorre que eles não trazem nada que não tenha sido informado há nove anos, quando morreu o cantor: depoimento de pessoas ligadas aos órgãos de segurança dizendo que Simonal era “informante”. E continua a não haver um miserável indício de que fosse verdade. No link que publico acima, está também a íntegra desse texto.
Sabem o que é mais curioso? Em 2000, o próprio Magalhães parecia mais cético. Observou com correção:
“Independentemente do que tenha feito, dificilmente uma eventual delação sua prejudicaria seriamente algum artista.
Ele não frequentava o círculo da música onde a oposição ao regime militar tinha um dos seus mais fortes pilares no mundo cultural.”
Três páginas
Não há um miserável fato novo, em relação a nove anos passados, que justifique as três páginas vendidas como coisa inédita. Reitero: o processo 3.540/72 já estava naquele texto. As personagens são as mesmas. A única coisa que não se tem é a prova que sustenta a acusação: “Informante”.
Outro lado do mesmo
A terceira página da reportagem deveria ser o contraponto, a contestação, à tese abraçada pela edição do suplemento Mais! e da primeira página. Começa assim:
“O delegado aposentado Zonildo Castello Branco afirma que Wilson Simonal não era informante do Departamento da Ordem Política e Social, apesar de um relatório interno do Dops sustentar o contrário”.
Entenderam? Que “outro lado”? O delegado acabou de ser caracterizado como alguém que luta contra os fatos. E, quando se trata de manter na cova o “direitista” Simonal, basta um relatório do DOPS. Como também basta um relatório do DOPS para tornar qualquer esquerdista um herói.
Um outro textinho demonstra o quanto o repórter foi esforçado para falar com os filhos do cantor, que, no entanto, recusaram-se a dar entrevista. Pouco importa o que tivessem falado, não teriam impedido a pecha: “Informante” — mesmo sem a mais miserável prova. É… Não se pode condenar a vítima porque não ajuda o algoz a lhe pôr a corda no pescoço.
Assistam ao filme Wilson Simonal – Ninguém Sabe O Duro que Dei. Agora, ele faz ainda mais sentido do que antes.
Tivesse Simonal pertencido à VAR-Palmares ou ao MR-8, assaltado bancos, feito seqüestros e matado alguns, sua família estaria agora recebendo pensão e indenização. Se tivesse sobrevivido, seria ministro de Estado. E tocar no seu passado seria de extremo mau gosto.
A esquerda não anistia nem perdoa. Se preciso, mata outra vez!
> Bolsa-ditadura pagou R$ 2,4 bilhões nos últimos 8 anos. (abril de 2008)

> Informações sobre a ditadura militar brasileira.

Comentários

  1. MÁRIO MAGALHÃES JÁ VIROU PIADA

    Estava demorando. Diante do enorme sucesso de público e de crítica do documentário sobre Wilson Simonal, o "jornalista" Mário Magalhães ataca novamente. Desde a morte de Simonal, a mesma reportagem vem sendo insistentemente reeditada – foi veiculada originalmente em 26/6/2009 (dia seguinte à morte do cantor).

    Mário Magalhães NÃO APRESENTOU dados novos como tentou aparentar. Ao longo desses 9 anos, esse senhor já deveria saber que os tais documentos que ele afirma ter descoberto são de conhecimento público: já foram vistos, revistos, estudados e analisados por pessoas da mais alta competência e, inclusive, foram objeto de estudo em dissertações e teses de mestrado. E, vale ressaltar, as conclusões destes estudos DIVERGEM EM MUITO das opiniões apresentadas pelo articulista.

    Requentar matérias com tom tendencioso não é fazer jornalismo. Novamente, Mário Magalhães apenas fragmentou as informações e "definiu" uma prova para que prevalecesse a sua opinião. Tomou por base declarações que, por inúmeras razões, derivam de fontes duvidosas e até mesmo de interesses pessoais, e que não provam absolutamente nada. O processo em questão, movido pelo governo brasileiro no auge da ditadura, é desqualificado por diversos juristas, assim como as circunstâncias em que os depoimentos foram dados. Além disso, é no mínimo curioso que um colaborador tão "importante" da ditadura tenha sofrido todo esse revés público – sendo processado e condenado. E quanto ao juiz do caso, quem era? Qual a sua trajetória no contexto histórico? Ou, como explicar que a ditadura também prendeu e torturou Erlon Chaves, que além de maestro de Simonal, era seu amigo pessoal? E quanto às falhas no processo? E os depoimentos que ESTRANHAMENTE não constaram na sentença final? Mário Magalhães realmente investigou todas essas questões? Por que Mario Magalhães não entrevistou o Jornalista Ricardo Alexandre, ou o historiador Gustavo Alonso, que tanto pesquisaram o assunto e preparam livros sobre Simonal? E a pergunta chave: quem Simonal delatou? Mário Magalhães tentou encontrar essa resposta?

    Não cabe a mim apurar essas e outras questões, mas é desonesto com o leitor querer ter a palavra final sem levar em conta todas as considerações possíveis. Há muito mais a se analisar neste caso e não cabe reduzi-lo à sentença judicial em questão. Historiadores não se baseiam apenas em documentos, estudam também a dinâmica, a estrutura, a conjuntura, as leis e as condições da realidade histórica. Lamento que certos jornalistas, cuja ferramenta de trabalho é a palavra (que tem poderes de construir e destruir) não se dêem ao trabalho de averiguar os fatos. Jornalismo se faz com responsabilidade e isenção: desqualificar o filme sobre o cantor, os documentos existentes, os estudos já realizados e os depoimentos que inocentam Wilson Simonal é tentar “vender” ao leitor uma verdade absoluta construída com base em suposições.

    Conheço os filhos de Simonal, sei de seus valores e de sua integridade, e cada vez que um ataque desses é feito só faz aumentar a minha admiração pelo homem e pelo artista que foi Wilson Simonal. A perseguição e toda a crueldade que Simonal e família sofreram certamente foram imensas, e no entanto, os seus filhos jamais fizeram dessa dor uma bandeira.

    Sinceramente, não sei qual é o real interesse do senhor Mário Magalhães. Se a intenção era o esclarecimento dos fatos, novamente ele falhou.

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  2. de toda esta polêmica fica uma verdade: mataram, em vida, um artista fabuloso!!!!!!!!!!!!

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  3. legal! quase conseguiu inocentar um canalha! Já vi defesa maior, um cara conseguiu inocentar judas, e olhe que com todo o meu pensamento crítico eu até agora estou em dúvida se judas traiu, ou se obedeceu a ordem que jesus lhe deu; teria dito a Judas que ele precisava delata-lo às forças de segurança, para se cumprir as escrituras. Caramba! não é só isso não o texto defensivo vem com tanta base e convicção que eu fiquei perdido, e estou até agora, eu acho que o autor do texto merece algum título, e vocês que defendem o simonal também fazem por merecer este título, eu até umildemente tenho uma sugestão "advogados do diabo". Você se continuasse sua explanação ia provar que nós ex-prisioneiro e ex-torturados políticos, estavam mesmo errados em conspirar contra uma ditadura legitimamente eleita e elaborada nos escritórios da C.I.A.

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  4. Desculpem, eu também quero deixar um depoimento a favor de judas, tenho um bom argumento, já que o texto que li a favor dele me deixa em dúvida muita coisa, inclusive se jesus cristo era ou não salvador de alguma coisa!
    Hoje sou um grande seguidor deste respeitável sr. o tal, Judas, e acho que se pode dizer em relação a ele, visivelmente, um "um inocente útil", é que ele não permitiu que matassem ele em vida pela sua traição, pois ele mesmo se mata no fim, enforcando-se finalmente. Tudo por causa da insanidade de um tal "jesus cristo", visivelmente um anarquista, exibicionista ou sei lá, talvez um masoquista, já que queria a própria morte.

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  5. que texto grande... é para dizer q a imprensa amplifica e conduz os fatos de acordo com o imaginario de epoca e os interesses dos formadores de opinião? ah, era só perguntar p meu menino de 15 anos gente... Conclusão de artigo marotinha... bolsa-ditadura... que preguiça... Pergunta: qual a diferença entre o pensamento político de Simonal, Tiririca e Bruna Surfistinha?

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  6. Se entendi corretamente, uma pessoa que postou comentário aqui, questionou o "tempo" das informações que foram apresentadas, mas não a veracidade. Ela está apostando em uma "prescrição" da falta de caráter do morto? Diante do que foi apresentado me sinto convencido, mesmo que a contra-gosto. Há, no mínimo, uma dúvida razoável sobre a inocência dele em delações durante a Ditadura.

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  7. Afinal, o contador roubou ou não o Simonal. Quem roubou o dinehiro? Se o contador roubou tinha de ser preso. Esqueceram o contador e só falaram em simonal.

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