Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

História mostrará a caça japonesa às baleias como vergonha

por Reinaldo José Lopes, da Folha

Pouca gente além do biólogo Roger Payne, 75, pode dizer que sua obra já ultrapassou o Sistema Solar.
Ocorre que os cantos de machos de baleia-jubarte gravados por Payne estão no célebre Disco de Ouro, um registro de sons da Terra enviados para o espaço com sondas Voyager. Ele é um dos pioneiros no estudo da comunicação entre os animais.

Payne falou com a Folha em Agadir (Marrocos), onde ocorreu, na semana passada, a reunião da CIB (Comissão Internacional da Baleia).

Veterano das reuniões da CIB, comemorou o fato de que um acordo para trazer de volta a caça comercial não tenha passado. Criticou duramente a indústria baleeira japonesa, dizendo que a história julgará o país por seu apego a um modelo predatório.

FOLHA - Depois de décadas de estudo, o que o sr. acha que se pode dizer com segurança sobre o papel do canto entre machos, no caso das baleias?

Roger Payne - Ainda sofremos de uma completa ignorância em relação a isso. Ainda não dá para saber se o propósito principal é repelir outros machos, atrair fêmeas ou os dois. Eu suspeito que seja os dois, porque é assim que funciona com os pássaros. Eles não ficam ali gorjeando alegremente um do lado do outro, eles estão brigando.

Como o sr. vê o futuro da CIB, depois das duras negociações da semana passada?

Não sei se você se lembra do Spiro Agnew, aquele vice do [ex-presidente americano Richard] Nixon que acabou sofrendo um impeachment por ter sido corrupto, mas só um pouquinho corrupto (risos). Perguntaram a um sindicalista americano sobre Agnew e ele respondeu: "Bem, é o único vice-presidente que temos, não é?".

A CIB é igual. Conseguiu algo extraordinário ao evitar extinções com a moratória à caça comercial. Mas é um órgão totalmente corrupto, precisa ser reformado.

Tentar algo que fosse um consenso foi uma ideia nobre, mas que só pode ser explicada por inexperiência, vinda quem não estava por aqui nos últimos 30 anos. É dizer "olhe, vou falar com israelenses e palestinos, vai ser uma decisão por consenso, vai dar certo". Não dá. Há visões tão diferentes em jogo que não se pode resolver as coisas por negociação

O que acha quando o Japão diz que há bons argumentos científicos em favor de uma captura limitada de baleias de certas espécies?

A ciência que o Japão está fazendo [na suposta caça científica] é totalmente irrelevante para determinar esse limite de captura, e é obviamente só uma desculpa para manter a atividade baleeira.
E eles usarem a mesma desculpa por 24 anos é insuportável. Eu penso "pelo amor de Deus, parem com isso".

Uma captura limitada certamente é possível. Eu não gostaria de vê-la, mas quem se importa com o que me agrada? É viável desde que as pessoas responsáveis pela captura sejam absolutamente honestas, coletem os dados e realmente os compartilhem com os outros. Mas achar que eles farão isso...

Como assim?

Quero dizer, por que você acreditaria que um país vá mudar de uma hora para outra e virar um troço maravilhoso, gentil, cheio de consideração, quando tudo o que andaram fazendo foi trapacear, mentir e encher a comissão de gente que foi comprada por eles?

Eu adoro a cultura japonesa. O povo japonês é maravilhoso. Mas eu diria que, no futuro, a posição do Japão sobre a atividade baleeira nos dias de hoje vai ser considerada uma vergonha pelo julgamento da história. E, quando as pessoas entenderem a importância de outras espécies, a importância do que nós perdemos, vão acabar compreendendo o tamanho desse pecado. Eu e você não gostaríamos de ser os descendentes das pessoas que vêm do Japão para a reunião da CIB todos os anos.

A única coisa que fará a caça parar é quando acabarem as chances de ela ser lucrativa. E o Japão se lembra muito bem de quando a caça industrial era comum, nos anos 1950, e de como ela era a atividade pesqueira mais lucrativa do mundo.

Então o que eles querem é deixar a coisa rolando, mantendo as habilidades, o maquinário, até que consigam voltar à caça industrial. É loucura dar cotas de caça a eles. Aliás, desde antes de você nascer, os japoneses têm ameaçado deixar a CIB. A minha reação é [boceja]: "Ah, vão sair? OK, boa sorte".

Se a caça já foi tão lucrativa, será que ela pode se tornar um grande negócio de novo quando as populações de baleias voltarem a níveis altos?

Nunca vai ser tão lucrativo de novo, porque no passado eles não estavam caçando baleias, estavam minerando baleias, estavam destruindo o recurso. Dá para ganhar milhões fazendo isso por um tempinho curto. E aí a coisa para.

O que o sr. acha da mística em torno das baleias como "os animais mais inteligentes do mundo"?

Bom, se elas não são os animais mais inteligentes do mundo, então nós somos, o que significa que talvez não seja tão bom ser inteligente (risos).

Eu não sei para que elas usam aquele cérebro complicado, mas acho que tem bastante a ver com processamento de sinais. Se eu der um berro aqui e escutar o eco, o máximo que vou conseguir é imaginar, com base no som, que estamos num lugar fechado e bastante amplo. Já a baleia vai saber o número de pilares, as pessoas se mexendo, esse tipo de coisa.

E, claro, também há o lado social. A sociabilidade exige que você fique o tempo todo tentando detectar trapaceiros, tentando entender motivações para ser não passado para trás. Então, não é surpreendente que primatas como nós, baleias e elefantes, todos vivendo em sociedades complicadas, tenham esses cérebros complexos.

> Peixes ameaçados de extinção se concentram no Estado de São Paulo. (julho de 2009)

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