Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

Exército tinha campos de execução de guerrilheiros, afirma Curió

por Leonencio Nossa, do Estado de S.Paulo

O regime militar repetiu, ao longo de 1974, nas matas do Araguaia, o método usado décadas antes pelos franquistas na Galícia para eliminar guerrilheiros republicanos presos. Após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), os vencedores utilizaram o verbo "passear" ao se referirem à "libertação" de presos e à transferência deles das celas para campos afastados das cidades, onde eram fuzilados e deixados em valetas às margens de rios e estradas. No Sul do Pará, os militares brasileiros optaram por dar ao verbo "fugir" um novo significado - execução sumária.

Um dos locais de "fuga" de guerrilheiros presos fica no município de Brejo Grande do Araguaia, no Sul do Pará. Pelo menos oito foram mortos numa área conhecida por Clareira do Cabo Rosa. É o que revela o manuscrito Relatório de Prisioneiros, cedido ao Estado pelo agente da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura. O documento, posterior à guerrilha, indica que morreram no local Antonio Ferreira Pinto, o Alfaiate, em 28 de abril de 1974, Luiz Renê Silveira e Silva, o Duda, em março de 1974, e Uirassu de Assis Batista, o Valdir, em 28 de abril de 1974. Todos passaram por interrogatório na base de Marabá.

A escolha do local de execuções teve um caráter simbólico: naquela área o cabo Odílio Cruz Rosa foi morto pelo grupo do guerrilheiro Osvaldo Orlando Costa, o Osvaldão, em 1972. A guerrilha teria feito ameaças a quem resgatasse o corpo. O Exército, então, mandou um grupo especial de 36 boinas pretas, comandado pelo general Thaumaturgo Sotero Vaz, para buscar o cadáver, que só foi recuperado dez dias depois da morte do militar.

A área aberta na selva por mateiros, para o pouso de helicópteros na operação de resgate do corpo, passou a ser utilizada na terceira campanha como campo de execução.
 
Após os interrogatórios na Casa Azul, base militar em Marabá, prisioneiros foram levados de helicóptero para lá. Alguns, percorriam um trecho de mata até serem mortos. Outros tombavam ao redor da clareira. Os militares costumavam dizer aos presos que o deslocamento tinha por finalidade o reconhecimento de áreas utilizadas pela guerrilha.

As informações sobre os campos de execuções foram confirmadas ao Estado por Curió e por dois mateiros ligados a ele. A Clareira do Cabo Rosa é citada quatro vezes como local de "fuga" - termo usado pelos militares para designar uma execução de guerrilheiro - no Relatório de Prisioneiros. O documento ainda faz referências a outros locais de fuzilamento: um trecho não identificado da antiga estrada PA-70, que liga Marabá a Conceição do Araguaia, e à região do Saranzal - onde está a Clareira do Cabo Rosa. Também consta como local de execução a própria base militar de Marabá, a Casa Azul, onde morreu José de Lima Piauhy Dourado, o Ivo, em 1º de novembro de 1973.

Em entrevistas ao Estado, Curió aponta ainda o sítio de Manezinho das Duas, na localidade de Somi Homi, em Palestina do Pará, como quarto local de execuções. O guerrilheiro Pedro Pereira de Souza, o Pedro Carretel, um dos mais atuantes no movimento armado, foi um dos executados nesse sítio - ele morreu no dia 6 de janeiro de 1974, segundo o Relatório dos Prisioneiros.

Passados 35 anos, tempo suficiente para a formação de uma mata secundária e transformações de terreno, a informação sobre a Clareira do Cabo Rosa não responde a perguntas de parentes dos guerrilheiros sobre a localização de seus restos mortais. Representantes da área de direitos humanos ouvidos pelo Estado disseram que é preciso impedir que os campos de execução, que há 35 anos guardam a memória dos guerrilheiros, virem cenário de espetáculo midiático e show político.

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