A IA está prestes a alterar radicalmente as estruturas de comando militar que não mudaram muito desde o exército de Napoleão

Apesar de dois séculos de evolução, a estrutura de um estado-maior militar moderno seria reconhecível por Napoleão. Ao mesmo tempo, as organizações militares têm lutado para incorporar novas tecnologias à medida que se adaptam a novos domínios — ar, espaço e informação — na guerra moderna. Benjamin Jensen professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos The Conversation plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas O tamanho dos quartéis-generais militares aumentou para acomodar os fluxos de informação e os pontos de decisão expandidos dessas novas facetas da guerra. O resultado é a diminuição dos retornos marginais e um pesadelo de coordenação — muitos cozinheiros na cozinha — que corre o risco de comprometer o comando da missão. Agentes de IA — softwares autônomos e orientados a objetivos, alimentados por grandes modelos de linguagem — podem automatizar tarefas rotineiras da equipe, redu...

‘Ratzinger poderia ter sido o Obama do catolicismo, mas demonstra ser o Bush’

por Miguel Mora, do jornal espanhol El País, em 15/02/2009

Bento XVI é um papa pensador. Intelectual, teólogo, historiador, tem fama de escrever livros e discursos bem acabados, de uma grande erudição. Ele é o homem que decidiu que a religião, isto é Deus, deve de deixar de ser um complemento espiritual e ocasional da vida das pessoas para dar o salto para a frente e colocar-se, sempre e em todas os temas, no primeiro plano do debate público.

Esta bipolaridade resulta um tanto estranha. Ratzinger é um papa que se deixa ver pouco. Passa a maior parte do tempo no seu gabinete, lendo e escrevendo. Agora está terminando a segunda parte da sua obra sobre Jesus Cristo e a sua primeira encíclica social, que deve ser publicada no próximo mês, lá pelo dia São José, dia 19 de março. E viaja, coisa da idade (84 anos), bastante menos que o seu hiperativo antecessor. O Papa gosta de ficar sozinho.

Um vaticanista italiano, Marco Tossati, escreveu, recentemente, no jornal La Stampao artigo “ A solidão do papa Ratzinger” comparando o seu estilo de vida e de trabalho com o de João Paulo II. “Deste, os críticos diziam que o seu apartamento parecia uma taberna, sempre entrando e saindo gente. Agora se diz que o apartamento papal parece uma câmara blindada”. Se essa imagem de solidão abstraída aflige e despista os vaticanistas de meio mundo, o que dizer dos cidadãos comuns?

Em países como, por exemplo, o seu, a Alemanha, a opinião pública recebeu a sua chegada ao trono de São Pedro como a alegre palavra de ordem “Somos Papas!”. Hoje, as coisas mudaram tanto que há poucos dias um jornal escrevia, falando de Ratzinger: “Poderia ter sido o Obama do catolicismo, mas está demonstrando que é como Bush”. A frase do Süddeutsche Zeitung é, talvez, demasiado otimista na sua primeira parte, mas no seu final resume bem a imagem que, depois de três anos de ser eleito Papa, se formaram muitos cidadãos sobre Joseph Ratzinger.

Sobretudo, ultimamente. Ultimamente parece que o Vaticano já não é mais o que era. Se poderia dizer que foi tomado por um exército de inimigos dispostos a acabar com o prestígio do Estado pontifício.

No dia 21 de janeiro, Bento XVI perdoou a quatro bispos lefebrianos, todos pré-conciliares, isto é, inimigos inveterados do Concílio Vaticano II que abriu o catolicismo e o atualizou. Todos tinham sido consagrados pelo bispo integrista e rebelde Marcel Lefebvre, em 1988, e foram excomungados por João Paulo II imediatamente. Um deles, o britânico Richard Williamson, é próximo da ideologia neonazista. Os demais são somente ultraconservadores. Odeiam os judeus e os muçulmanos, não acreditam no diálogo inter-religioso, e sustentam que todos os papas, desde João XXIII em diante, não são legítimos.

A decisão de Ratzinger de incorporar os fanáticos, desorientou os setores progressistas e moderados da Igreja e gerou um clamor mundial. A empatia e a popularidade do Papa sofreu um desgaste indiscutível. A irada reação da primeira-ministra Ângela Merckel, que exigiu explicações de Ratzinger pelo perdão a Williamson, talvez seja o melhor sintoma do alcance do erro cometido.

O estupor inicial dos bispos que tratam de melhorar o diálogo com o mundo judeu, a sublevação de 60 católicos alemães, o congelamento momentâneo das relações do Rabinato de Israel e o Vaticano, e o processo aberto na Alemanha contra Williamson acabaram forçando o Papa a voltar atrás. Williamson não voltará à Igreja se não se retratar.

Mas, mais além da questão ideológica, o cancelamento do castigo aos lefebrianos deixou clara a caótica gestão do assunto feita pela sempre eficaz diplomacia vaticana.

papa

Depois de duas semanas, é difícil encontrar uma explicação razoável para o que aconteceu. Isso abriu a porta para as interpretações. Trata-se de uma provocação, de um mero erro de cálculo, de uma agressão aos setores mais progressistas? Talvez, tudo isso, ao modo de Lênin: “Que falem mal de nós, mas o importante é que falem”?

Ratzinger justificou sua ação esgrimindo motivos estritamente técnicos, “internos”. Moveu-se unicamente, explicou, por sua vontade de “unir a Igreja” e a de evitar o “prolongado sofrimento” dos bispos excomungados. Razões humanitárias, portanto.

Talvez por se tratar de um “assunto interno”, a sala de imprensa do Vaticano não foi informada pelos responsáveis da decisão. A sequência temporal delata o nível de negligência: a assinatura da revogação da excomunhão foi dada no dia 21 de janeiro; dois dias antes, dia 19, Der Spiegel tinha noticiado a entrevista-bomba que Williamson concedeu a uma televisão sueca, em que negava o Holocausto dos judeus e a existência das câmaras de gás.

É possível que ninguém se informara disso no Vaticano? Por acaso o Papa e o seu secretário pessoal, monsenhor Georg Genswein, ambos bávaros, não leem a imprensa alemã? Não foi possível adiar o perdão até que Williamson se retratasse? Ou se quis manter o debate à luz do sol, cara a cara com os lefebrianos, os judeus e Ângela Merckel?

O Papa recebeu, na última quinta-feira, a presidência das Organizações Judaicas Americanas, e pediu perdão, novamente, pelo Holocausto, “um crime contra Deus e a humanidade”, disse. Anunciou que está preparando para maio a viagem para a Terra Santa e espera que essa visita seja “um sinal de paz” para a região.

O encontro serviu para encerrar, no momento, a ferida judaica. O rabino David Rosen, presidente do Comitê Judeu Internacional, deu por encerrado o caso Williamson, e revelou que o Papa lhes assegurou que “o catolicismo não pode admitir que alguém negue o Holocausto e nunca o admitirá”.

Rosen, grande artífice do diálogo entre católicos e judeus, acredita que a crise trouxe graves danos mas também algumas vantagens. “No final, reforçamos as relações inter-religiosas, e acredito que a desastrosa gestão administrativa do perdão serviu para que o Vaticano seja agora mais rigoroso na admissão da Fraternidade São Pio X. Agora nada mais se fará às escondidas, e o processo será responsável e transparente. E acredito que veremos sérios conflitos internos na organização dos lefebrianos”.

O incisivo rabino Rosen tem a impressão de que o problema de fundo que vive o catolicismo na atualidade é a sua atitude ante o Concílio Vaticano II. “Está em curso um debate sobre a interpretação do concílio, e as teses mais conservadoras estão ganhando terreno”.

Sobre as faltas de comunicação dentro da Santa Sé, ninguém tem dúvidas. O próprioFederico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa vaticana, as admitiu numa entrevista ao jornal francês La Croix. Lombardi reconheceu que a “má comunicação” interna originou a confusão, e responsabilizou disso o cardeal encarregado deste processo, o colombiano Darío Castrillón, por se centrar nas opiniões de Bernard Fellay, o superior da Fraternidade de São Pio X, e não ter tido em conta as de Williamson. “Sem dúvida, as pessoas que administraram a questão não sabiam da gravidade das posições de Williamson. O certo é que o Papa as ignorava”.

Mas há outras coisas que não se compreendem. Na Argentina, por exemplo, o país escolhido pelo lefebrismo para se irradiar por toda a América, a reabilitação tinha sido recebida por muitas vítimas da ditadura como uma ofensa. Não se esquece que Lefebvre viajou e colaborou com a ditadura militar, e que durante os anos tristes desta, ergueu quatro conventos e duas igrejas no país (numa delas, em La Reja, vive Williamson).

Castrillón, presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, conseguiu que Bento XVIrecebesse o superior Fellay em 2005 e 2007. Segundo este relatou, na segunda audiência mencionou entre as conquistas da Fraternidade a denúncia que levou à proibição em Córdoba, na Argentina, da pílula do dia seguinte pela juíza Cristina Garzón, e a “incrível atitude” do bispo de Córdoba, Carlos Ñañez, que, assinalou, “nos chamou de terroristas”. O Papa lhe respondeu que a forma de pertencer à Igreja Católica é “interpretar o espírito do Concílio Vaticano II à luz da Tradição”.

A entrevista do padre Lombardi revela fissuras na equipe do Papa, falta de comunicação entre as diferentes instâncias da cúria, escassez de reflexos na preparação e prevenção de decisões problemáticas. Uma vez pronto o perdão, Castrillón não informou a decisão ao cardeal Walter Kasper, encarregado do diálogo com os judeus.Kasper, que conhece muito bem tanto os rabinos como os lefebrianos, teria podido lhe advertir que o anti-semitismo, dentro da Sociedade Pio X, não se limita a Williamson. Calcula-se que há 500 padres sob a influência de Lefebvre. O Vaticano sabe quantos destes comungam das idéias do britânico irredutível?

Porque não se trata somente de anti-semitismo. Entre outras perdas, Williamsonsustentou que a queda das Torres Gêmeas foi um auto-tentado, que judeus e mórmons são “inimigos de Cristo”, que é um disparate que as mulheres usem calças compridas ou vestido curto, que Pinochet foi um grande estadista...

Na Itália, a Fraternidade São Pio X anunciou no dia 6 de fevereiro a expulsão, por “graves motivos de disciplina” do padre Floriano Abrahamowicz. A razão: suas reiteradas declarações negacionistas.

Na Áustria, como na Alemanha, o número de apostasias disparou. Na quarta-feira passada, o arcebispo de Salzburg, Alois Kothgasser, se perguntava, num artigo publicado na imprensa se “é necessário que a Igreja católica seja purificada para ver-se reduzida a uma seita na qual ficaria um pequeno punhado de fiéis à linha oficial”.

No mesmo dia, na conferência de Decanos da diocese de Linz, 31 dos 35 religiosos rechaçaram a nomeação, pelo Papa, do ultraconservador Gerhard Maria Wagner como bispo auxiliar. Wagner afirmou em 2004 que o tsunami da Tailândia e o furacão Katrina que devastou Nova Orleans deviam ser considerados castigos divinos. O clero austríaco, que tem fama de conservador e submisso a Roma, fez saber que negava a nomeação para “defender a credibilidade da Igreja”. “Quando não há confiança na Igreja local”, disse o bispo Kothgasser, “a confiança na autoridade central da Igreja desaparece”.

Mas deixando de lado erros pontuais de gestão, a linha teológica que marca o perdão dos lefebrianos parece totalmente coerente com a dura linha ideológica sempre mantida porRatzinger, que ofendeu os muçulmanos (no discurso de Regensburg), enfurecido os judeus e magoado os homossexuais.

Sendo cardeal, Ratzinger disse que a homossexualidade constituía “uma tendência para um mal moral intrínseco”. Agora negou o apoio do Vaticano à declaração da ONU sobre os direitos dos homossexuais.

Todo mundo sabe Ratzinger é um homem de ideias conservadoras, especialmente nos costumes. Revelou-se como um grande amante da tradição litúrgica pré-conciliar, e isso o aproxima muito à Fraternidade São Pio X. Voltou a missa em latim, inclusive com as costas para o povo, e recuperou a oração das Sexta-feira Santa (que pede para que os judeus abracem a verdadeira fé). Além disso, trouxe de volta os tempos das indulgências plenárias e editou um catálogo de proibições sobre bioética que não permite que casais católicos recorram às técnicas de fertilização.

A última batalha foi o trágico e lamentável caso Eluana Englaro, que resume de forma exemplar a sua forma de ver as coisas. Na busca de influir no debate público, não há aliado que seja mau. Ratzinger não duvidou em enviar a sua Cúria para as trincheiras do pagão Silvio Berlusconi como o fim de converter em “verdugo” e “assassino” o sofrido pai de Eluana. Como afirmam os blogueiros italianos, o estranho par se fundiu no Berlustzinger. Ou em Ratzusconi. É possível imaginar uma aliança mais chocante que a deBerlusconi para um Papa sério, intelectual e alemão?

Ainda que a Igreja esteja contra o prolongamento artificial da vida, e mesmo que seu antecessor pedisse aos médicos que o deixassem em paz pedindo que o deixassem ir “para a casa do Pai”, Ratzinger se mostrou contrário que Eluana fosse desconectada da sonda que a manteve viva durante 17anos, ignorando a dor de uma família que passou um calvário e exercendo pressão, por meio de seu número dois, Tarcísio Bertone, contra o Tribunal Supremo e o presidente da República italiana.

Não se pode negar uma coisa: o Vaticano trabalhou a fundo o tema. Converteu um tem tema privado num assunto de Deus. Pressionou, aplaudiu, criticou, foi para a televisão, lançando anátemas contra o pai, os médicos e os juízes, deslegitimando o Estado de Direito, mobilizando os católicos dentro e fora do Parlamento... Inclusive Bertone chamou pessoalmente o presidente da República para lhe transmitir seu desgosto por não ter assinado o decreto salva Eluana... Ou comigo, ou contra mim.

Mas, absolutamente, isto é uma surpresa. A coisa vem de longe. Na homilia Pro eligendo Papa, com a que o cardeal Ratzinger abriu o conclave de 2005, donde sairia como Bento XVI, toda a ênfase recaia na frase: “A ditadura do relativismo”.

Hoje se sabe que o principal objetivo de Ratzinger é libertar o Ocidente dessa ditadura e vencer a guerra cultural contra o laicismo, sobretudo na Espanha e na Itália.

O agressivo movimento do Vaticano encontrou, nesta vez, a oposição de alguns destacados membros da Igreja italiana. Giuseppe Casale, bispo emérito de Foggia, se afastou da linha oficial, que afirma que a suspensão da alimentação artificial é eutanásia e não prolongamento artificial da vida. Mas foram dissensões testemunhais, nada mais. De resto, as fileiras estavam cerradas.

Mas o que o Vaticano tem a ganhar com esta peleja que a fez ficar com a imagem de um grupo de pressão incapaz de sentir piedade? A importância do caso é singular. A Igreja fez da necessidade, virtude, e a estratégia de Ratzinger tem sido inteligente e pragmática. O Vaticano sempre se negara a legislar na Itália sobre o testamento biológico. Ao surgir o caso, com uma sentença inapelável do Supremo, viu que a coisa já não tinha remédio. Assim que elevou o clima emotivo e bombardeou o país com argumentos simples e dogmáticos: “A vida é um bem não disponível”.

Criado o clima preciso, pressionou o Governo italiano para que elabore uma lei do fim da vida muito favorável a seus interesses morais e econômicos. Além disso, olhando a longo prazo. A norma final dirá provavelmente que os médicos não podem negar alimentação e hidratação a nenhum paciente, salvo que este o tenha especificado antes. As consequências serão terríveis. A tecnologia médica atual permite manter vivos os doentes vegetativos durante décadas. Dos 2.000 que estão nessa condição hoje, na Itália, a maior parte está internada em instituições religiosas.

Guerra é guerra, e o caso Englaro foi somente a última batalha. Aumentou a presença da Igreja católica no debate público. Se a gente conversa com leigos anticlericais, a dúvida os assalta: Será que este octogenário alemão, este Papa erudito e afastado das massas, está preparado e é capaz de dirigir a Igreja do multicultural, obamista e tecnológico século XXI? Se a gente fala com católicos, não há dúvidas: “Pois é claro que sim”.

Em 2005, o jornalista dos EUA John Allen contava no seu livro A ascensão de Bento XVI que, sendo cardeal, Ratzinger leu o livro After virtue, de Alasdair MacIntyre(1981) que deu a orientação intelectual para a revolução conservadora de Ronald Reagan. MacIntyre fazia paralelismos entre a decadência do Império Romano e a atual situação do Ocidente, sustentando que em ambos havia uma crise moral, e acabava pedindo “um novo São Bento”.

São Bento foi o fundador dos mosteiros que preservaram a cultura greco-romana e os valores judeu-cristãos, isto é, a Europa, durante os séculos de “barbárie”. MasRatzinger não quer mosteiros apartados. “O Papa não propõe que se abandone o mundo, mas que que se o desafie”, escreveu Allen.

A chave do seu pontificado é esse desafio. O Papa concebe a cultura laica e liberal dominante como um demônio semelhante, ainda que benevolente, ao nazismo. E o seu desafio não é somente fazer com que os fiéis aceitem o seu magistério moral, mas colocar Deus no centro do debate. Paradoxalmente, o talvez não, a força dos atos o foi colocando numa posição próxima da ultradireita. Mas não devemos descartar que isto seja, também, uma forma de ter mais presença.

Um dos fundamentos doutrinais mais significativo de Bento XVI é a Spe salvi, sua segunda encíclica, de dezembro de 2007. Um texto de 77 páginas que gerou uma enorme polêmica porque alguns dos seus conceitos recuperavam o integrismo pré-conciliar. Aí está a essência do pensamento de Ratzinger. A história da humanidade mudou com a Revolução Francesa. A razão humana é insuficiente. “Sem Deus, o mundo é obscuro e enfrentamos um futuro tenebroso”. A fé não deve ser uma questão privada. O cristianismo deve voltar a ser militante e colocar-se no centro da sociedade.

“Um mundo que administra a justiça por si mesmo é um mundo sem esperança”, afirma a encíclica. Uma sociedade estritamente laica, e especialmente se é atéia, não é capaz de se administrar a si mesma e vai para uma rua sem saída. Teocracia.

O lugar onde esta batalha parece mais perdida é a Espanha. Allen escreveu no seu livro que a Espanah seria para o novo Papa, “no terreno cultural, o que num sentido militar foi nos anos trinta: o cenário de uma guerra de ensaio, onde as forças dos grandes blocos provariam as suas armas”. Uma semana depois da triunfal visita a Madrid do cardealTarcisio Bertone, com o Governo de José Luis Rodríguez Zapatero e a Coroa unidos na recepção cordial, e para muitos humilhante, até o desnorteado PP de Rajoy sabe que a estratégia do Papa tomou um perfil novo.

Depois da guerra dos últimos anos, com os bispos reunidos em manifestação permanente, chegaram os sorrisos e a “colaboração”. A nova estratégia não deveria enganar ninguém. Como disse um egrégio ex-vaticanista espanhol, “o Vaticano e as conferências episcopais são expertas no jogo do policial bom e o policial mau; é preciso ser muito inocente para crer que são distintos. Os bispos se limitam a cumprir o seu papel, e fazem o que o Papa lhes pede que façam”.

Ratzinger é um Papa solitário. Ele gosta de trabalhar em seu gabinete blindado. Comete erros. Escreve textos incompreensíveis. Para alguns, ele parece ser um integrista. Talvez o Vaticano saiu desprestigiado dos seus últimos movimentos. Mas não se enganem: ele é qualquer coisa, mas não é bobo. (Tradução do IHU On-Line)

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