A IA está prestes a alterar radicalmente as estruturas de comando militar que não mudaram muito desde o exército de Napoleão

Apesar de dois séculos de evolução, a estrutura de um estado-maior militar moderno seria reconhecível por Napoleão. Ao mesmo tempo, as organizações militares têm lutado para incorporar novas tecnologias à medida que se adaptam a novos domínios — ar, espaço e informação — na guerra moderna. Benjamin Jensen professor de Estudos Estratégicos na Escola de Combate Avançado da Universidade do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos The Conversation plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas O tamanho dos quartéis-generais militares aumentou para acomodar os fluxos de informação e os pontos de decisão expandidos dessas novas facetas da guerra. O resultado é a diminuição dos retornos marginais e um pesadelo de coordenação — muitos cozinheiros na cozinha — que corre o risco de comprometer o comando da missão. Agentes de IA — softwares autônomos e orientados a objetivos, alimentados por grandes modelos de linguagem — podem automatizar tarefas rotineiras da equipe, redu...

Caso Isabella: polícia diz que não errou, mas já admite 3ª pessoa (Folha)

Elisabete Sato disse que a libertação do casal não prejudica a investigação

Delegada diz que não dá para descartar a presença de uma terceira pessoa no local onde Isabella foi morta


KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil informou ontem que não errou ao pedir a prisão temporária do casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, mesmo sem ter apresentado à imprensa nenhuma prova concreta que possa incriminar o pai e a madrasta pela morte da menina Isabella Nardoni, 5.

"Não. A polícia não falhou. A polícia informou o que ela tinha em determinado momento. E a cada dia depoimentos novos são trazidos. Tanto é que no primeiro momento a Justiça acatou o pedido de prisão temporária, representação que foi feita pela autoridade policial", afirmou a delegada seccional Elisabete Sato -chefe dos DPs da zona norte de São Paulo.

Ela concedeu entrevista no lugar do delegado Calixto Calil Filho, do 9º DP (Carandiru), responsável por pedir à Justiça a prisão do casal. O delegado afirmara, na ocasião, que a prisão temporária era necessária porque o casal poderia atrapalhar as investigações.

Questionada se a soltura dos suspeitos irá atrapalhar as investigações, Sato afirmou que não. "De maneira nenhuma porque durante esse período em que o Alexandre e a Anna Carolina tiveram sua liberdade cerceada, através de prisão temporária, foi possível ao presidente do inquérito [Calil Filho] dar celeridade [à investigação]. Já foram ouvidas 44 pessoas. Então nada atrapalha porque os depoimentos mais importantes foram trazidos para o inquérito", continuou ela.

Ainda ontem, a polícia passou a admitir oficialmente que investiga a possibilidade de um terceiro suspeito na cena do assassinato de Isabella.

"A polícia trabalha com a possibilidade da terceira pessoa. Enquanto os laudos da marca do sapato [uma pegada foi encontrada no lençol do quarto onde a vítima foi jogada] não estiverem prontos não dá para descartar qualquer hipótese", disse Sato. Embora diga que "não dá para descartar a terceira pessoa", ela afirma não existir, no momento, nenhum outro suspeito, além do casal, sendo investigado.

Na sua versão, Nardoni sustenta que alguém entrou em seu apartamento e atirou Isabella, enquanto ele descia para a garagem para pegar a mulher com os outros dois filhos.

A Secretaria de Segurança Pública informou que "a polícia nunca deixou de investigar a possibilidade de uma terceira pessoa, mas todos os indícios não apontam para a existência de uma terceira pessoa".

A Folha apurou que a declaração de que 70% da cena do crime estava esclarecida, dada pela delegada assistente do 9º DP, Renata Pontes, e posteriormente repetida por seu chefe, Calil Filho, desagradou a delegada seccional. Na entrevista, Sato afirmou que "a polícia não pode falar em porcentagem."

"Se a autoridade que preside o inquérito tem uma leitura de 70%, cada um pode ter a leitura que queira. Hoje eu não quero falar em porcentagem porque isso é muito comprometedor."

Sato afirmou que precisa do resultado dos exames feitos pelo IC (Instituto de Criminalística) e do IML (Instituto Médico Legal) para saber como direcionar o caso a partir de agora.

"O caso fica efetivamente atrelado às conclusões técnicas que virão com a chegada dos laudos periciais", disse Sato.

Após as declarações da delegada, o IC e o IML convocaram a imprensa para afirmar que há uma concentração de esforços para a conclusão dos laudos com a "máxima rapidez possível", mas dentro do possível.

"Como todo trabalho que é técnico, tem um tempo de maturação. Ele não pode ser feito de maneira apressada, descuidada", afirmou o diretor do IML Carlos Alberto Coelho. Os laudos serão usados pela investigação para tentar provar que ninguém mais, além de Nardoni e Anna, esteve na cena do crime, em 29 de março.

Segundo Elisabete Sato, mesmo em liberdade, o casal não poderá deixar o país e, caso queira sair de São Paulo, terá de comunicar o fato às autoridades. O apartamento do casal está lacrado. Os suspeitos devem passar o final de semana na casa do pai de Nardoni.

"Habeas corpus faz parte do jogo jurídico", afirmou Calil Filho, após a coletiva. Ele aguarda agora os laudos para fazer uma reconstituição do crime.

Pressão pela prisão


A Folha apurou que, devido à grande repercussão do crime, a decisão pelo pedido de prisão de Nardoni e Anna foi tomada no dia 2 na reunião semanal do Conselho da Polícia Civil.

Responsável pela investigação, a delegada Renata Pontes teria manifestado aos seus superiores um pedido de cautela porque queria reunir mais elementos antes de apontar o casal como suspeito. Ela não foi atendida e o pedido de prisão temporária foi feito "para esclarecer contradições".

Questionada, a Segurança Pública afirmou não existir nenhum tipo de pressão.

> Caso Isabella.

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