Conclusões devem ser apresentadas até o fim da semana que vemBruno Tavares
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico-Legal (IML) trabalham para concluir até o fim da próxima semana os laudos sobre a morte de Isabella Nardoni. Oficialmente, porém, evitam dar prazo para o fim dos trabalhos.
O diretor do Núcleo de Física do IC, Adilson Pereira, confirmou ontem que alguns exames periciais e laboratoriais estão prontos, mas se recusou a divulgar os resultados. “Só iremos divulgá-los depois que a equipe se reunir e chegar a um consenso sobre o laudo final.” O Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do IC emitirá um relatório, consolidando análises feitas pelos núcleos de Física, Biologia, Bioquímica e Identificação Criminal.
Questionado sobre afirmações do promotor Francisco Cembranelli, que disse ter informações que ligam o pai e a madrasta de Isabella ao crime, Pereira fugiu da polêmica. “A autoridade policial, os peritos e o promotor trabalham em conjunto. Ele (Cembranelli) acompanha o andamento do inquérito e tem acesso a dados. De nossa parte, não trabalhamos com laudos preliminares.” Pereira negou que o retorno dos peritos ao apartamento do casal Nardoni - foram seis visitas ao imóvel em menos de duas semanas - tenha sido motivado por falhas nas primeiras coletas de provas. “Voltamos para tirar dúvidas e isso será feito sempre que necessário.”
O diretor do Centro de Exames, Análises e Pesquisas do IML, Carlos Alberto de Souza Coelho, disse que o laudo necroscópico está adiantado, restando a conclusão dos exames toxicológicos e patológico, que revelarão a causa mortis. Sabe-se que Isabella foi vítima de tentativa de asfixia. Mas legistas ouvidos pelo Estado não acreditam que isso tenha sido suficiente para matá-la. Ao que tudo indica, a criança foi jogada do 6º andar em agonia. O impacto pode ter selado a morte de uma vítima já em estado grave.
Policiais apontam erros cometidos na investigaçãoPara ex-delegado do DHPP, ‘quanto mais tempo passa, sempre fica mais difícil reconstituir o crime’por José Dacauaziliquá e Josmar Jozino
A Polícia Civil cometeu pelo menos sete erros nas investigações do caso da morte da menina Isabella Nardoni. A opinião é de investigadores, peritos e delegados ouvidos ontem pelo Jornal da Tarde. Eles não quiseram ser identificados, para não sofrer possíveis represálias, mas acreditam que a sucessão de equívocos atrasou a resolução do caso.
Um delegado que já atuou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ressaltou que “as 48 horas logo após o fato são de vital importância para a elucidação de um crime”. “Quanto mais o tempo passa, sempre fica mais difícil de reconstituir com fidelidade o passado.”
Os policiais são unânimes em considerar um erro a demora na reconstituição do crime, a partir dos relatos do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá. A polícia alega que espera mais provas técnicas para confrontar com a versão de Alexandre e Anna Carolina “A reconstituição deveria ter sido feita logo após o crime, para se ter uma noção melhor do que aconteceu. Tudo cronometrado. E com um detalhe: o pai e a madrasta reconstituiriam separadamente seus passos naquele intervalo de tempo”, disse um investigador.
Um perito lembrou que o teste residuográfico deveria ter sido realizado debaixo das unhas das mãos do casal e da menina. Isso poderia indicar restos de pele numa eventual tentativa de ataque ou defesa.
PERÍCIASOs policiais estranharam as sucessivas perícias feitas no prédio. “Isso significa que investigadores e peritos bateram cabeça. Uma perícia bem feita precisa de poucas complementações. Voltaram ao prédio para recolher indícios que esqueceram e não por causa de depoimentos”, disse um dos policiais.
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Caso Isabella.
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