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Karina Toledo, do Estadão
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou ontem no Diário Oficial da União uma nova resolução sobre as técnicas cirúrgicas para tratamento de obesidade. A principal novidade é a inclusão da gastrectomia vertical na lista de procedimentos reconhecidos. Já o método desenvolvido pelo médico goiano Áureo Ludovico de Paula e usado no apresentador Fausto Silva continua sendo considerado experimental.
A gastrectomia vertical é bem avaliada e já vinha sendo oferecida por médicos brasileiros mesmo antes do reconhecimento do CFM. A técnica consiste em remover cerca de 80% do estômago diminuindo a ingestão de alimentos sem alterar a absorção dos nutrientes. "É uma belíssima cirurgia", afirma Ricardo Cohen, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que participou da elaboração do documento.
Outra novidade, conta Cohen, é que as cirurgias que mexem exclusivamente com o intestino, como a derivação jejuno-ileal, foram descartadas. "São métodos que costumam dar complicações graves", diz.
O tempo de espera pela cirurgia foi reduzido de cinco para dois anos. "Neste período o médico deve tentar emagrecer o paciente com dieta e medicamentos. Caso não obtenha sucesso, encaminha para cirurgia. Na práticas os médicos já adotavam o prazo de dois anos", explica Cohen.
O CFM manteve a indicação de que só podem ser operados pacientes com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 kg/m2 ou com mais de 35, mas com doenças como diabete, hipertensão e colesterol alto. A idade mínima é 18 anos. Idosos e jovens entre 16 e 18 anos apenas em casos especiais.
A técnica de interposição ileal desenvolvida por De Paula para tratamento de diabete e obesidade não foi incluída entre os procedimentos reconhecidos. Segundo o vice-presidente do CFM, Carlos Vital, continua valendo o parecer emitido pelo órgão em novembro de 2009 que considerou o método experimental. A realização da cirurgia foi proibida pela Justiça Federal no mês passado - exceto em casos de urgência que deverão ser analisados por uma comissão do Conselho Regional de Medicina de Goiás. Em sua defesa, De Paula alegou que o parecer do CFM não teria validade, pois a cirurgia não foi analisada pela Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica.
"Estou com todos os documento prontos para mandar para avaliação da câmara técnica. Só estou aguardando o documento do CFM estipulando prazo de 30 dias para que eu possa enviar para análise", afirma De Paula.
PROCEDIMENTOS
Balão intragástrico: Continua aprovado. Consiste em introduzir um balão com líquido no estômago para aumentar a sensação de saciedade
Gastroplagia vertical bandada: Cria no estômago um reservatório de 20 ml, que é regulado por um anel. Também continua permitida
Banda gástrica ajustável: Prótese de silicone que deixa o estômago com a forma de uma ampulheta. Continua permitida
Cirurgia de Scopinaro e suíte de duodeno: Menor capacidade do estômago e menor extensão do intestino. Continuam permitidas
Gastrectomia vertical: Foi incluída entre as técnicas reconhecidas. Consiste em remover cerca de 80% do estômago, o que diminui a ingestão de alimentos, mas não prejudica a absorção dos nutrientes
Interposição ileal: Considerada experimental. Consiste em deslocar a parte final do intestino delgado (íleo) para a porção do intestino próxima ao estômago. Isso faz aumentar a produção de hormônios que facilitariam a secreção de insulina. O volume do estômago também é reduzido
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Caso do cirurgião Áureo Ludovico de Paula.
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13% dos brasileiros são obesos, diz Ministério da Saúde.
abril de 2009
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