Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

Uma escorregada fenomenal de Ronaldo (Veja)


Em sua carreira, Ronaldo sempre foi capaz de dar a volta por cima. Será que, aos 31 anos, ele conseguirá superar o dano causado pelo escândalo com travestis?

Eleito por três vezes o melhor do mundo, ganhador de duas Copas e dono de patrimônio de 250 milhões de dólares, Ronaldo, o ‘Fenômeno’, é o mais bem sucedido jogador de futebol da atualidade. Aos 31 anos de idade e dezessete de carreira, tornou-se uma celebridade global. Uma pesquisa fita pouco antes da Copa do Japão, ganha por ele para o Brasil, dava-o como o “ser humano mais conhecido do planeta”. Mais recentemente, em outra pesquisa realizada por uma empresa de consultoria alemã, seu rosto aparece entre os três mais conhecidos do mundo. Nesse aspecto, seus sucesso lembra de outro brasileiro: Pelé, o primeiro a ganhar fama mundial por seus feitos nos gramados. Vez por outra, no entanto, Ronaldo encarna Maradona, o ídolo argentino de talento estelar que se dedica com ardor profissional a se meter em confusões envolvendo mulheres, drogas e bebedeiras.

Na semana passada, Ronaldo viu-se em meio a um escândalo cujo enredo e personagem fazem as barafundas do argentino parecer coisa de criança. O episódio incluiu três travestis cariocas, um quarto de motel de terceira categoria, gritaria, acusações de calote, extorsão e uso de drogas. A noitada acabou na delegacia. De lá, decolou para os jornais do mundo inteiro, que transbordaram de informações constrangedoras, incluindo especulações sobre as reais preferências sexuais do jogador e outros detalhes devastadores para a imagem do Fenômeno.

A trajetória pessoal de Ronaldo obedece a um estilo parecido com o que ele exibe em campo, com arrancadas em alta velocidade e mudanças repentinas de direção que desconcertam a todos pelo caminho. Mas mesmo quem conhece de longa data sua compulsão por aventuras sexuais recebeu com espanto a notícia de sua noite com os travestis (logo apelidados pelos adversários de “raça”, “amor” e “paixão”, em alusão ao cântico com o qual a torcida do Flamengo embala seu time nos jogos.

As versões sobre o episódio são contraditórias, mas têm em comum o fato de ser péssimas para Ronaldo. Na delegacia, ele admitiu ter ido à procura dos serviços de uma prostituta no último domingo, depois de sair de uma boate, por volta das 4 da manhã. No calçadão da Barra da Tijuca, teria se enganado e convidado um travesti para entrar em seu carro. Ao perceber o engano, disse à polícia, tentou desistir do programa e, nesse ponto, foi ameaçado de extorsão por André Luiz Ribeiro Albertino, conhecido como “Andréia”.

A versão de Andréia é um pouco mais destrutiva par a imagem do ídolo. Segundo declarou, Ronaldo, ao convidá-lo para entrar no carro, estava, sim, ciente de que ele não era “nenhuma Daniella Cicarelli”.

No motel, afirmou, o jogador teria pedido a ele que convidasse “uma amiga” para se juntar aos dois. Andréia chamou o travesti Carla Tamini, que, por sua vez, convocou uma terceira colega, o travesti Veida Ganzarolli. Andréia disse que ele levou cocaína. Ainda de Acordo com Andréia, Veida e Ronaldo Consumiram droga. O travesti afirma que, em dado momento, o jogador pediu-lhe que saísse para buscar mais cocaína. Andréia teria, então, ido até a favela da Cidade de Deus, que fica a dez minutos de carro dali.

Ele alega que demorou em voltar porque foi parado pela polícia, que ficou com a cocaína e a maconha compradas (policiais confirmaram que o travesti deixou o motel, mas afirmaram que o travesti, em vez de ir atrás de droga, ele usou o tempo para fazer contato com redações de jornais e espalha a história). Ronaldo teria ficado no quarto, na companhia dos travestis Veida e Carla. Este último declarou à polícia ter feito sexo com o jogador – e sem camisinha.

Em seu relato, Andréia conta que os dois travestis que ficaram com Ronaldo receberam dele 300 reais cada um pelo programa. Quando estavam saindo do hotel, por volta das 9 horas da manhã, Andréia chegou e, nesse momento, as versões voltam a se desencontrar. Ronaldo Afirma que o travesti exigiu 50 mil reais para não revelar nada à imprensa. Andréia alega que Ronaldo não quis Agar a parte que lhe cabia e que a confusão começou aí. A polícia foi chamada e o dia raiou com todo mundo na delegacia.

Se Ronaldo percebeu ou não o pomo-de-adão, o fato é que passou três a quatro horas no motel na companhia dos travestis. A noite só não foi mais longa do que trágica para a história do ídolo. Na porta da delegacia, chorando, ele repetia, batendo no joelho com o punho fechado: “Minha carreira acabou”.

Durante a semana, refugiou-se, como sempre faz nessas ocasiões, na casa de sua mãe. Seus amigos dizem que ele está abatido e chora o dia inteiro. Motivos para isso não faltam: além de perder a noiva, a engenheira Maria Beatriz Antony (informada sobre o escândalo, ela fez as malas e voltou para a casa dos pais, em Brasília), Ronaldo, com o episódio, causou sérios problemas a sua imagem e à carreira – já que, no caso do Fenômeno, as duas coisas estão imbricadas.

No universo das estrelas de primeira grandeza do futebol, mas em fase descendente, cultivar uma boa imagem pode ser mais vital d que estar em forma para o próximo jogo – que o diga o inglês David Beckham, do Los Angeles Galaxy. “Beckham pode não ser o melhor do mundo, mas é um dos mais famosos porque se cercou de gente para orientá-lo em tudo: na forma de se vestir, de se comportar, os lugares que freqüenta”, explica o inglês Stephen Bayley, consultor de imagem de empresas como Coca-Cola e Ford.

No caso do Ronaldo, menos de um terço, 9 milhões de reais, provém do salário que recebe de seu clube atual, o Milan. O grosso da bolada vem dos contratos de publicidade cuidadosamente erigidos sobre os alicerces de sua imagem de atletas vencedor e preocupado com o destino da humanidade.

Em 1999, o atleta viajou para Kosovo, onde foi fotografado em meio aos destroços da guerra abraçando criancinhas – tudo planejado pelo então assessor e amigo Rodrigo Paiva. A estratégia deu certo (ele foi nomeado embaixador contra a fome pela ONU, numa distinção para poucos), mas se tornou um peso para o jogador. “Um ídolo é alguém visto com veneração e que, aos olhos do público, adquire certa sacralidade”, diz o psicanalista francês Charles Melman. “Diante disso, é preciso uma personalidade muito forte para conservar sua própria singularidade”, afirmou a Veja.

O trabalho de sustentar uma imagem fica ainda maior quando ela envolve milhões de dólares em contrato. Na semana passada, uma troca de telefonemas nervosa entre os empresários do jogador e as empresas que o patrocinam revelou o tamanho do risco que Ronaldo está correndo. O contrato vitalício do jogador com a Nike, por exemplo, tem cláusula de rescisão para o caso de envolvimento do atleta em situações prejudiciais à imagem da marca. Em geral, bons advogados conseguem driblar esse tipo de cláusula, mas isso é impossível no que se refere ao contrato com a Nike. Da forma como foi feito, a empresa tem poder absoluto sobre os critérios de rescisão e, se decidir romper com o jogador, não há nada que seus advogados possam fazer. Ronaldo tem ainda um problema adicional: seu contrato com o Milan termina em junho. No entanto, por razões médicas, ele só poderá volta a jogar em dezembro. Parado, perde valor nas negociações.

A gestão da maior parte dos empreendimentos de Ronaldo está a cargo da agência espanhola Garrigues. Especializada na carreira de grandes atletas, ela cuida também do piloto Fernando Alonso, do jogador inglês David Beckham e de metade do time do clube espanhol Real Madrid. A estrutura montada para gerir os negócios do jogador inclui representantes nos quatro países onde ele jogou (Brasil, Holanda, Espanha e Itália) e executivos com salários de 10 mil euros.

Ronaldo é dos poucos jogadores que não tem seus negócios administrados por um familiar. São profissionais que cuidam dos contratos com a Nike, a TIM, a AmBev e a marca de produtos para queda de cabeça Crescina. Há também uma série de participações societárias em pequenos empreendimentos como academias, clínicas e restaurantes, reunidas sob a holding RDNL, além de uma empresa de licenciamento de marcas, a Empório Ronaldo.

Recentemente, o jogador associou-se a um empreendimento espanhol no Nordeste do Brasil, do qual também participam o ator Antonio Bandeiras e o inglês Beckham. O capital que investiu foi somente o uso de sua imagem. Em troca, recebeu parte das ações do empreendimento. Seus negócios caminham bem. Mas, para continuar acumulando riqueza, terá de seguir colecionando gols – e selecionando melhor as companhias. Em nota, a Nike informou laconicamente que torce pela recuperação do craque, sem tomar posição sobre o futuro do contrato.

Talvez não seja a hora. O caso dos travestis ainda está sob a bruma de uma série de versões desencontradas. Sobretudo no ponto capital: houve ou não o uso de cocaína, ato que significaria uma falta grave, passível de rompimento contratual? Nada foi encontrado pela polícia, que também não exigiu exame toxicológico. E nem poderia. Os investigadores não têm autoridade para obrigar alguém a se submeter a esse tipo de exame. Ele é solicitado apenas quando existe a possibilidade de uso de droga ter influenciado o comportamento de uma pessoa suspeita de ter cometido um crime.

No imbróglio da semana passada, a única pessoa que acusa Ronaldo de usar drogas é o travesti Andréia. Ainda que se descubra que a acusação é falsa, o estrago já foi feito. A imagem de um Ronaldo descabelado e destruído, ao lado de travestis em uma delegacia carioca, rodou o mundo. No Brasil, virou a piada da semana.

O fim da relação com Maria Beatriz Antony se deu da mesma forma como terminaram os dois casamentos do craque – o primeiro com a jogadora de futebol Milene Domingues, mãe de seu filho Ronald, e o segundo, brevíssimo, com a modelo Daniella Cicarelli. As três relações soçobraram diante das farras e infidelidades do jogador. Criado no subúrbio carioca de Bento Ribeiro, Ronaldo se manteve próximo dos amigos de infância, e quem cuidava de suas finanças era o mesmo “Borracha”, apelido de Aloísio Ferreira, com que aprendeu a jogar bola ainda menino. Mas os amigos de toda vida começaram a se afastar de uma hora para outra. Pouco depois do casamento com Daniella Cicarelli, em 2005, Ronaldo perdeu também Rodrigo Paiva, que fazia as vezes de assessor de imprensa e guardião de sua imagem. O afastamento coincidiu com o momento em que o jogador morava em Madrid, a mais boêmia das capitais européias.

Rico e famosíssimo, Ronaldo começou a ter em Madrid uma rotina pouco recomendável para um atleta. As noites viradas e a pouca atenção ao condicionamento físico não passaram despercebidas ao técnico do Real Madrid, o português Carlos Queiroz. Mais de uma vez, ele recomendou ao Fenômeno que “descansasse” um pouco mais. O conselho foi ignorado, o que contribuiu para que Ronaldo chegasse bastante fora de forma à Copa de 2006, na Alemanha. Até hoje, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, mal dirige a palavra ao atleta, por considerar que ele foi um dos principais responsáveis pelo fracasso do Brasil. O que houve ali? “Prefiro não falar desse assunto”, esquiva-se o ex-assessor Rodrigo Paiva. Em 1998, o jogador também foi responsabilizado pela derrota do Brasil, na final contra a França, por causa de um colapso nervoso até hoje envolto em névoa.

Ninguém pode afirmar que Ronaldo não voltará a brilhar nos campos. Basta lembrar sua trajetória: em 2000, quanto teve de se submeter pela segunda vez a uma cirurgia no joelho, foi dado como acabado e chegou a ser chamado, por mais de um cronista esportivo, de “ex-jogador”. Na ocasião, havia rompido o tendão patelar do joelho direito, o que o obrigou a ficar dezessete meses em recuperação. Quando poucos acreditavam que ainda existisse para o futebol, ele ressurgiu com dois gols antológicos marcados na final contra a Alemanha, em 2002. Em 2006, mesmo com o Brasil tendo perdido o campeonato, tornou-se o maior artilheiro em Copas do Mundo.

Agora, aí está Ronaldo novamente às voltas com a dores e a angústia. Desde que se machucou, há três meses, tem se submetido a duas sessões diárias de fisioterapia. Ele também faz musculação, corridas na piscina e bicicleta ergométrica. Os fisioterapeutas estão otimistas. “Achávamos que, depois de três meses da operação, Ronaldo poderia mexer o joelho até um ângulo de 90 graus sem sentir dor”, diz Bruno Mazziotti, um dos profissionais que o acompanha. “O que constatamos hoje é que ele já chegou a 120 graus. Na cirurgia anterior, ele ficou mais de quatro meses de muletas e nem musculação conseguia fazer.”

Só que o problema agora não é apenas recuperar os ligamentos. Aos 31 anos, Ronaldo não tem a mesma fisiologia de nove anos atrás. Um atleta profissional submete seus músculos a um stress incomum. A cada competição, as fibras musculares sofrem uma série de microlesões, que o organismo trata de recuperar. Um efeito colateral desse processo é a hipertrofia muscular, que dá o aspecto mais robusto aos atletas. Entre 25 e 28 anos, a atividade celular celular está auge. A partir de 30 anos, o corpo de um atleta de alto nível entra em um processo irreversível de decadência que puxa para baixo o desempenho.

Haverá tempo para Ronaldo jogar como antes? É essa pergunta que o atormentava nos últimos meses. Os amigos dizem que, depois da lesão no joelho, o jogador anda irritado, incomodado também com a falta de privacidade e com as cobranças públicas. Queixa-se de ser chamado de gordo (no mês passado, o tablóide inglês The Sun atribuiu-lhe o título de o jogador mais gordo do mundo), pé-frio (coisa que aconteceu quando foi assistir a um jogo do Flamengo e o time perdeu, no mês passado) e reclama dos paparazzi e até dos fãs que tiram fotos dele sem parar.

A temporada no Rio de Janeiro tem sido como todas as outras desde que Ronaldo foi jogar na Europa: de muita badalação. Em boates, mistura uísque ou vodca com refrigerantes, para disfarçar o conteúdo do corpo. Nas festas em que os convidados são próximos, ele se permite fumar. No fim das noitadas, mulheres, mulheres, mulheres. Na semana passada, foram travestis – e a questão atormentadora passou a ser mais a possibilidade de sobrevida do Fenômeno nos gramados, mas como Ronaldo Luis Nazário de Lima sairá de mais um abismo.


> Caso do envolvimento do Ronaldo com travestis.

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