Lula autorizou montagem de dossiê (Correio Braziliense)
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por Daniel Pereira e Gustavo Krieger:
A blindagem do governo à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem razões que vão muito além da própria Dilma. A montagem de um dossiê, ou “banco de dados” como prefere o governo, com gastos da Presidência da República na gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso é uma operação maior que a Casa Civil. Foi decidida pela coordenação política do governo, com conhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados sobre despesas da gestão FHC foram pensados como a principal munição governista na guerra em torno dos cartões corporativos. Uma espécie de bomba atômica. A idéia nunca foi apresentá-los publicamente, mas usá-los para intimidar a oposição e impedir que PSDB e DEM investigassem as contas do Palácio do Planalto no governo do PT.
O dossiê quebra um pacto fechado pessoalmente entre Lula e Fernando Henrique ainda na transição de 2002. Pelo acordo, a figura dos dois presidentes e suas famílias seriam poupados no jogo de denúncias que acompanha tradicionalmente a disputa política no Brasil. Mas, desde o início, o caso dos cartões irritou pessoalmente Lula.
O presidente sentiu-se invadido com as reportagens que detalharam gastos de seguranças da Presidência, como a compra de equipamentos de ginástica. A gota d’água foi a revelação de que um segurança pessoal de sua filha Lurian Cordeiro gastou quase R$ 55 mil com cartão de crédito corporativo do governo federal. O dinheiro foi usado em lojas de autopeças, materiais de construção, supermercados, livrarias e postos de combustível.
A oposição passou a insinuar que os cartões dos funcionários na verdade bancariam contas pessoais da filha do presidente. “Me parece que o uso do cartão corporativo se transformou numa espécie de mensalinho para alguns privilegiados do governo. Eu já havia dito que o caso da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) era só a ponta do iceberg”, disse José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado.
Uma das coisas capazes de tirar Lula do sério é quando a oposição procura arrastar os filhos dele para a briga política. O presidente exigiu que o governo contra-atacasse. A declaração de Agripino foi dada no dia 4 de fevereiro. No dia 8, aconteceu a primeira reunião na Casa Civil sobre o dossiê entre funcionários da Casa Civil. Três dias depois, o assunto foi discutido na coordenação política do governo.
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