Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

Crise financeira deixa psiquiatras em alerta

Brasília - A discussão sobre a crise financeira mundial ganhou espaço entre psiquiatras do mundo inteiro reunidos em Brasília no Congresso Brasileiro de Psiquiatria. O sobe-e-desce das Bolsas de Valores, a incerteza no mercado, as grandes perdas de capital, para especialistas, podem ter efeitos graves sobre a sociedade, que vão desde o agravamento de sinais de depressão e de distúrbios mentais até o aumento de casos de suicídio.

O tema não chegou a ser título de alguma palestra, mas permeou várias discussões. Entre os especialistas, há um consenso: quanto mais uma sociedade coloca o dinheiro como um valor maior, mais transtornos psíquicos ocorrem em tempos de crise financeira.

image “É sim uma questão de valor. O indivíduo coloca o dinheiro como um grande fim, como um valor maior, quando ele vê isso desmoronando, quando vê tudo isso ruindo, fica sem perspectiva, se vê sem saída”, disse o psiquiatra Marco Antônio Brasil, especialista no tratamento da depressão e professor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Já existem estatísticas que comprovam que há um aumento de suicídio em momentos de crise econômica. Durante a Grande Depressão em 1929 [quebra da Bolsa de Nova York] houve um aumento de suicídio. No Brasil, durante o Plano Collor, que confiscou a poupança, também houve um aumento de suicídio”, citou o especialista.

Para Marco Antônio Brasil, é necessário lembrar que as doenças mentais ocorrem por um série de fatores, inclusive, externos ao indivíduo. “O que ocorre é que pessoas que já têm uma predisposição para determinados distúrbios mentais, diante de uma situação de estresse e, sobretudo, de perda de perspectiva de saída, acabam cometendo suicídio. A sensação de se ver sem saída é o problema maior nessas crises. É quando a pessoa não vê alternativa. Não vê a luz no final do túnel”, explicou o professor, que coordena palestras gratuitas em cidades de todo país, informando a população, principalmente as pessoas que não podem pagar um tratamento psiquiátrico, sobre problemas mentais como a depressão e outros distúrbios psíquicos.

No caso de uma crise financeira como a que vem se desenhando no cenário internacional e com efeitos sentidos nas negociações na Bolsa de Valores no Brasil, as pessoas da classe média acabam tendo menos condições de lidar com a nova realidade. “Isso é comum na classe alta. Em pessoas que constroem toda uma vida em termos de poder, de conquista, de ter ganhos e, de repente, perdem tudo. Quem investe na Bolsa, geralmente tem muito dinheiro e, de repente, se vê sem nada, e ainda devendo muito”, destacou o psiquiatra.

Já as classes mais pobres da população, de acordo com o especialista, têm uma capacidade maior de lidar com as adversidades. "Muitas vezes vemos pessoas pobres, que perdem a casa, perdem todos os objetos pessoais, sobrevivem a isso e ainda têm garra para reconstruir. Chega a ser tragicômico quando a gente vê na televisão reportagens sobre enchentes. É comum vermos a mulher falando que perdeu tudo e os meninos acenando para a câmera como se fosse o seu momento de fama”, exemplificou.

A possibilidade de aumento de suicídio e de enfermidades mentais já preocupa a Organização Mundial de Saúde (OMS), que lançou uma nota na semana passada. Durante uma reunião com especialistas em saúde mental, em Genebra, na Suíça, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que “não devemos nos surpreender ou menosprezar as perturbações e as possíveis conseqüências da crise financeira”.

Para Ronaldo Laranjeira, psiquiatra especialista em dependência química, a crise poderá ter um efeito no aumento do consumo de drogas, especialmente do álcool. Coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), ele considera que os efeitos no Brasil ainda não foram sentidos nos consultórios, mas acha que, ao longo do tempo, mesmo entre os que não aplicam na Bolsa de Valores, a crise poderá provocar casos de depressão.

“Na medida em que essa crise provocar recessão, menor crescimento econômico e, conseqüentemente, menos empregos, poderá ocorrer um aumento de casos depressivos". Quanto ao índice de suicídio, Laranjeira, que fez doutorado na Inglaterra, disse que considera interessante analisar o que vai acontecer na Islândia, “um país muito rico, que quebrou e que já tinha um altíssimo grau de suicídio”.

O professor Milton Marques Sá, que dá aulas de psicologia clínica na Universidade Federal de Pernambuco, apontou as crises financeiras como uma grande “mola” para desencadear doenças psíquicas. “Tudo que aumenta o estresse pode cumprir esse papel e a crise financeira poderá ser uma grande mola para aumentar doenças psíquicas. Mas não só isso, poderá também ter efeito em pessoas que já possuem traços de anormalidade ou hereditários e provocar também infarto e outros males.”

Ele destaca um traço cultural do povo brasileiro que pode amenizar os efeitos: o bom humor. “O bom humor está no gene do brasileiro que ri da própria miséria. Muitas vezes, a gente se depara com aquela piada na qual a pessoa que está contando é a própria vítima.” (Luciana Lima, da Agência Brasil)

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