por Philip Pullella e Andy Sullivan
WASHINGTON (Reuters) - O papa Bento 16 (foto) reconheceu na quinta-feira, durante uma missa realizada num estádio dos Estados Unidos, para 45 mil pessoas, que o escândalo envolvendo abusos sexuais cometidos por padres norte-americanos tinha provocado uma "dor e danos indescritíveis" para as vítimas, mas pediu aos católicos que amem seus pastores.
Pelo terceiro dia consecutivo de sua visita aos EUA, Bento 16 mencionou o escândalo que abalou a Igreja em 2002 e custou às dioceses norte-americanas 2 bilhões de dólares em indenizações. Com essa postura, o pontífice dá sinais de sua disposição para enfrentar o problema e garantir que ele não se repita.
"Nenhuma palavra minha pode descrever a dor e os danos provocados por tais abusos", afirmou no sermão realizado no estádio Nationals Park, um local novo que abrigou seu primeiro evento não relacionado com o beisebol.
Bento 16, que chegou a Washington na quinta-feira para sua primeira visita aos EUA como pontífice, celebrou a missa em meio a músicas de culturas e línguas que formam o "melting pot" do país.
"É importante que as vítimas recebam uma atenção pastoral amorosa. Eu, de outro lado, não consigo descrever em termos apropriados os danos surgidos dentro da comunidade católica", afirmou ele, durante a missa.
Mas o papa disse que grandes esforços foram realizados para enfrentar "honestamente e com justiça" as reverberações do escândalo surgido quando se descobriu que padres envolvidos no abuso de crianças haviam sido transferidos de paróquia por seus superiores ao invés de serem denunciados à polícia ou expulsos da Igreja.
Do alto de uma grande plataforma pintada de branco e ouro, Bento 16 pediu aos católicos norte-americanos que se dediquem à recuperação das vítimas e à reconciliação, acrescentando: "Eu também peço a vocês que amem seus pastores e que confirmem o excelente trabalho que eles vêm fazendo".
A Igreja sempre disse que um número extremamente pequeno de padres -- menos de 1 por cento do total -- envolveu-se nos abusos.
VÍTIMAS EXIGEM AÇÃO
O grupo Snap (Rede de Sobreviventes de Abusos Praticados por Padres) divulgou um comunicado antes da missa, afirmando desejar que o papa adote medidas concretas a respeito da questão.
"Apesar de ter feito citações breves sobre o atual escândalo da Igreja, que envolve casos de pedofilia e os esforços para escondê-los, ainda não vimos nenhuma medida ser adotada. Nenhuma criança está hoje mais segura por causa do que o papa disse", afirmou Barbara Dorris, da Snap.
Bill Fray, um católico de Rockeville (Maryland) que compareceu à missa, afirmou que o escândalo não tinha abalado sua fé e que seus filhos continuavam estudando em escolas católicas. Mas Fray criticou a forma como a Igreja enfrentou o problema.
"Eles esforçaram-se bastante tentando jogar isso para debaixo do tapete", afirmou à Reuters, durante a missa.
Da cerimônia, participaram 300 padres encarregados de distribuir a comunhão para dezenas de milhares de fiéis em 20 minutos. A missa incluiu a participação de vários coros, em um total de 570 cantores.
O tenor Placido Domingo, diretor-geral da Ópera Nacional de Washington, cantou "Panis Angelicus" em Latim e, no final da cerimônia, o papa dirigiu-se até a multidão para cumprimentar as pessoas.
Em seu sermão, Bento 16 elogiou mais uma vez a sociedade norte-americana, mas disse que nem todos haviam conseguido um pedaço do sonho americano no passado.
"Para deixar claro, essa promessa não foi experimentada por todos os habitantes desta terra", afirmou.
O pontífice lamentou ainda "os sinais claros de uma ruptura preocupante nos próprios fundamentos da sociedade: sinais de alienação, ódio e polarização da parte de muitos de nossos contemporâneos; uma
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