Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

Imagem
A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

Entrevista do ministro Franklin Martins ( Secretaria de Comunicação Social ) ao Roda Viva (TV Cultura), de 23 de abril de 2007

>> Paulo Markun: Eu queria começar aqui com uma
pergunta que eu ia fazer e que é também a pergunta de
Fernando Mauro Tereza, da associação brasileira dos canais
comunitários. Exatamente sobre a rede nacional de TV pública.
Vamos ver a pergunta.

>>Eu gostaria de saber do Ministro a respeito da
televisão pública que está sendo preconizada pelo Governo
Federal. Uns dizem que essa televisão pública deve ser realmente
pública, ou seja, ter independência econômica e editorial em
relação ao estado. Outros defendem
uma televisão estatal, ou seja, atrelada aos interesses do
estado, ou seja, atrelada economicamente, editorialmente ao
estado. Eu perguntaria ao Ministro Franklin Martins: Que
televisão pública os brasileiros poderão esperar do Governo
Federal?

>> Franklin Martins: Olha, certamente não é uma TV
estatal.
Não é uma TV que vai ficar fazendo comunicação do
governo, jornalismo chapa branca e procurando passar os
pontos de vista do governo para a sociedade.
é uma TV pública, no sentido de que ela não vai se
guiar pela lógica comercial.
Isso significa que ela não precisa estar reunindo,
perseguindo e mantendo altíssimos índices de audiência e,
portanto, acabando repetindo a mesma programação sempre. A TV
comercial, ela fica condenado a estar se repetindo.
A TV pública, ela pode experimentar, pode ter os
vários Brasis dentro do Brasil que é a televisão, e pode
fazer o que se faz no mundo todo, ou seja, é uma TV que tem
cultura, tem jornalismo isento, tem debates de assuntos de
maneira aprofundada. é aberta para a produção independente, é
aberta para a produção regional. E para garantir que não seja
o governo controlando tudo isso, ela tem uma forma de gestão
pública. Hora.

>> Alexandre Machado: Ministro, na fala do
Presidente Lula em que ele tocou nesse assunto, da criação
dessa televisão pública. Ele falou sobre uma televisão que
fosse muito educativa e falou numa outra hora numa televisão
que fosse muito informativa. Nós estamos às vésperas da
criação da televisão digital no Brasil que permite que os
canais tenham a sua imagem comprimida que você possa ter 3, 4
canais. O que o Presidente da República estava falando era
exatamente isso? Ou seja, a possibilidade de termos algumas
televisões, cada uma com uma faixa específica em um objetivo
específico?

>> Franklin Martins: Não, o decreto que previu a
criação da TV digital, ele prevê a possibilidade de 4 canais
de TV pública.

>> Alexandre Machado: Isso.


>> Franklin Martins: Seria um de governo, seria um
outro de cidadania, um outro de cultura e um último....

>> Paulo Markun: De justiça, do judiciário?

>> Paulo Markun: Do judiciário.

>> Franklin Martins: Não, não, educação. Educação
exatamente. Evidentemente nós não vamos começar com 4 canais.
Nós não temos bala na agulha, condições de fazer isso. Nós
vamos começar com uma TV que vai ter um pouco disso tudo. Ela
vai ser basicamente uma TV que vai ter jornalismo, vai ter
debate, aprofundamento de questões. Vai ter cultura dentro
dela, entende? Ela vai ter, vai ter essa abertura para a produção
independente que é fundamental. Ou seja, não é apenas uma
estrutura central ou mesmo televisões regionais que produzem
conteúdo. Ela tem que ter uma abertura para essa renovação
que a produção independente traz. Vai ter que estar aberta
para a produção das diferentes regiões, dos diferentes
estados. Ou seja, no primeiro momento ela é uma TV, de certa
forma, generalista, é uma TV pública mas generalista. Aos
poucos pode ser que a gente possa ir dividindo. Evidentemente
ele vai ter algo também de TV educativa no primeiro momento.
E talvez a primeira TV que possa se desmembrar
dessa TV mãe, digamos assim, talvez seja a TV educativa,
entende? Mas no primeiro momento. No primeiro momento um
canal em exibição.

>> Josemar: Esse...

>> Alexandre Machado: Só um minutinho, Josemar,
nesse primeiro momento seria a TV nacional repaginada, seria
outro canal?

>> Franklin Martins: O que o Governo Federal está
pretendendo, tem muita questão a discutir nós estamos
discutindo exatamente três questões que são essenciais para
em função delas você ter uma TV público, um modelo de gestão,
um modelo de financiamento e um modelo de rede pública. Mas a
idéia é partir do que o Governo Federal tem no momento atual,
quer dizer, tem o quê? A Radiobras e a TV educativa do Rio e
do Maranhão. A idéia é fundir essas estruturas isso, dá uma
espinha dorsal para uma programação que ao mesmo tempo se
abre para a parceria com um conjunto de TVs culturais,
educativas, universitárias existentes. No caso da TV Cultura.
Então a idéia é fazer uma... Estabelecer uma
parceria que vá aos poucos formando uma rede pública de
televisão. Porque nós não temos uma rede pública de televisão
estruturada no Brasil. Nós temos o quê? Várias TVs públicas,
universitárias, culturais, mas que você não pode dizer que
constituiu uma rede pública com um projeto próprio, com uma
parceria definida e é isso que o Governo Federal pretende.
Exercer um papel de liderança dentro disso, quer dizer, que
seja capaz de convocar, trazer para o mesmo movimento o
conjunto de emissoras com esse caráter e ser capaz de
constituir uma rede pública.

>> Augusto Nunes: Ministro, qual é a diferença
entre esse modelo que o senhor descreve em linhas gerais e o
modelo seguido por exemplo pela TV Cultura?

>> Franklin Martins: Eu acho que eles são modelos
semelhantes, só que a TV Cultura é uma TV do Estado de São
Paulo e uma TV que dificilmente conseguirá exercer esse papel
nacional de agrupar o conjunto das televisões.
é... é preciso ver que o Governo Federal joga um
papel de liderança dentro disso, joga não porque ele rezou, é
porque ele é um Governo Federal. Vai ter que ter parceria com
a TV Cultura? Claro, com a rede Minas, com a TV da Bahia, com
cada uma delas, mas evidentemente só o Governo Federal possui
condições para poder nuclear esse processo.

>> Eleonora de Lucena: Ministro, como imagina que
essa TV pública poderá cobrir os assuntos incômodos ao
governo, por exemplo, a crise do mensalão, o escândalo dos
sanguessugas, os escândalos que... Freqüentam o noticiário?
Como o senhor acha que essa.... Essa emissora pode relatar
isso de forma isenta e como essa.... Essa emissora vai lidar,
poderia lidar com as pressões regionais que hoje estão
presentes nas emissoras em âmbito estadual, muitas vezes
pertenço entes a grupos políticos já consolidados há anos?
Como é possível fazer isso?

>> Franklin Martins: Eleonora, eu acho que a
questão básica, como eu disse anteriormente, nós temos que
ter um modelo de gestão. O modelo de gestão público, ou seja,
não é o estado quem manda, o estado, o governo,
evidentemente, nomeia, compõe os comitês, compõe os conselhos
etc mas ele faz isso levando em conta a representação da
sociedade, como faz a TV pública no mundo todo. E no mundo
todo ela funciona assim e sempre funciona, de vez em quando,
tendo problemas, tendo crises. Não existe um modelo perfeito
que evita qualquer tipo de coisa.
Agora, interferência na linha política do
jornalismo, isso... Você também tem na TV comercial, vamos
ter claro. Não é que a TV comercial faz o jornalismo sempre
isento não tem pressão, não tem nada e a TV pública tem. O
problema existe para todo mundo. Como é que você resolve
isso? Tendo um modelo de gestão pública e,
principalmente, tendo um telespectador, um ouvinte, um leitor
atento, vigilante que cobra e exige atenção. Eu acho que a
sociedade quer isenção do jornalismo. Ele não quer um
jornalismo chapa branca e ele não quer também um
jornalismo que esteja como se considerando como sua missão de
fazer a oposição ao governo, ele quer o jornalismo que se
baseie naquilo que é o bom e o velho jornalismo, baseado em
fatos e não em preconceitos ou notícia embrulhada.

>> Como é que o senhor enxerga, por exemplo, a
participação de grandes empresas que são as grandes
anunciantes como Petrobrás?

>> Josemar Gimenez: Caixa Econômica Federal e
Banco do Brasil dentro dessa gestão da TV pública como o
senhor enxerga.

>> Franklin Martins: Não chegamos ao modelo de
financiamento. A TV pública, ela vai precisar ter o que, um
financiamento que garanta que ela vá funcionar
independentemente da pressão do governo. Porque não é apenas
no modelo de gestão que ela garante a sua independência, é
também na questão do financiamento. Então, parte vai vim de
dotações orçamentárias, parte vai vim de prestação de
serviços que ela possa cumprir mas parte vai vir do
patrocínio de grandes empresas. Eu, por exemplo, sou contra
comercial na TV pública, entende? Ou seja, entrar o anúncio
do.... De tal...

>> Josemar Gimenez: Mesmo que seja uma estatal,
por exemplo, Petrobrás?

>> Franklin Martins: Eu sou a favor do patrocínio,
ou seja, onde se associa a marca da estatal, eu sou contra
publicidade, sou a favor do patrocínio que seja de uma
estatal, ela associa a marca dela aquele determinado
programa, isso já vem sendo feito no Brasil, não tem nenhuma
novidade.

>> Franklin Martins: Só um instantinho, a TV e faz
isso. Eu acho que na questão do financiamento da TV nós temos
que buscar formas desse tipo mas seguramente o patrocínio é
uma das formas que vai...

>> Paulo Markun: Ainda sobre essa questão para que
a gente não perca aí. Eu gostaria de apresentar a pergunta do
diretor geral da associação brasileira de rádios e televisão
Flávio Cavalcanti Júnior. Vamos ouvir.

>> Flávio Cavalcanti Júnior. Ministro, boa noite.
O senhor sabe perfeitamente que a radiodifusão privada
distribui seu sinal livre e gratuito para todo o povo
brasileiro e se sustenta através das verbas do mercado
publicitário. Como é que o senhor imagina que irá se sustentar a
TV pública?

>> Franklin Martins: é um pouco a ver com o que eu
estava falando, acho que tem dotações orçamentárias que ela
vai receber, isso tanto do Governo Federal, como da rede
pública também de governos estaduais que eventualmente se
somem à essa rede. Tem prestações de serviço, porque, por
exemplo, a Radiobras, hoje em dia ela faz comunicação de
governo. Léa continuará uma parte dessa empresa, dessa
estrutura que vai surgir com a fusão da Radiobras e da TV e,
prestará comunicação, continuará a fazer a comunicação de
governo. Mas isso é um departamento à parte que vai ser
remunerado, tem a prestação de serviços com isso, ou, por
exemplo, TV, programas educativos que são feitos para o
Ministério da Educação. Isso também entra dentro disso. Agora
ela vai precisar de patrocínio e vai precisar também se abrir
para outras formas possíveis. No Brasil nós não temos muita
tradição de doação. Nos Estados Unidos, por exemplo, boa
parte do orçamento da TV pública, nos Estados Unidos é
mantido com doação. Acho que--

>> Ricardo Gandour: Ministro, gostaria de fazer uma pergunta.
O governo não deveria priorizar, antes de tentar ser veículo, que pode
estar nos planos, evidentemente, as não deveria ser
prioridade do governo tentar ser uma melhor fonte, ou seja,
assegurar à imprensa o acesso rápido, claro e preciso às
informações para que a imprensa brasileira possa fazer
melhores reportagens, com mais rapidez, enfim? Sabe-se que
avançou muito isso, evidentemente com a internet, vários
sites que apoiam e tal mas como o governo não deveria se
esforçar como prioridade um?

>> Franklin Martins: Eu acho que o governo tem que
vamos dizer as duas coisas Gandour. Acho que o governo tem
que liderar a criação de uma rede pública, a rede pública faz
muito bem ao país e vai fazer muito bem ao país, daqui a 10,
15 dias vamos olhar para trás... No mundo todo onde tem rede
pública, a rede pública ajudou a televisão, inclusive
comercial a ter uma melhor qualidade. Vou te dar um exemplo.
Nós temos um país que 30% das pessoas vieram da África, têm
origem na África. O programa sobre a África que existe na TV
comercial brasileira? Digo mais. Qual é a televisão
brasileira que tem um correspondente em algum país da África?
Por que é que nós vivemos de costas para a África?
Eu acho que a TV comercial, pela sua dinâmica,
provavelmente jamais fará isso.

>> Augusto Nunes: A TV pública terá correspondente?

>> Franklin Martins: Acho que tem que ter e tem
que ter programa sobre África, isso é parte da nossa cultura,
isso é parte da nossa identidade, por que nós vamos ficar de
costas para o que nós somos. A TV comercial muitas vezes não
pode fazer isso porque ela está determinada a determinados
índices de audiência, ela arrisca pouco e aí petisca pouco.
Acho que nós temos que fazer isso. Agora, por outro lado,
voltando a questão da sua pergunta. Eu acho que o governo tem
que sempre procurar informar melhor. O Estado Brasileiro tem
que procurar informar melhor. Eu acho que informação pública
deve ser de domínio público. Evidentemente isso é um processo
que não é um estalo ar de dedos. Você tem que ir aos poucos,
construindo. O governo tem que ir sendo criticado. O governo tem
que ir se abrindo. Agora eu acho que uma coisa não elimina a
outra, acho que tem que estrutura e liderar uma TV, uma rede
pública e, ao mesmo tempo, tem que sempre botar à disposição
da sociedade, e através da mídia, de modo geral, a informação
que é de domínio público, que é pública tem que ser de
domínio público.

>> Márcio Aith: Ministro, uma pergunta, boa noite.

>> Franklin Martins: Boa noite.

>> Márcio Aith: O senhor foi o principal comentarista político do principal
jornal da principal emissora de televisão do país. Deixa
eu lhe fazer duas perguntas, o senhor alguma vez disse alguma
coisa como comentarista que o senhor não diria numa TV pública?
O senhor já deixou de dizer alguma coisa que o
senhor diria só numa TV pública, gostaria muito de dizer numa
TV pública e não conseguiu porque era um TV comercial?

>> Franklin Martins: Não. Mas eu te digo o
seguinte, eu, seguramente, não teria apenas um minuto para
fazer comentário numa rede pública, entende? Provavelmente
você teria mais tempo para aprofundar determinadas questões.
Vamos dizer, nós estamos discutindo, tirando aqui o Roda Viva,
em um ou outro programa, onde é que se discute grandes questões,
pesco a questão do etanol, ou
questão do meio ambiente.

>> Ministro.

>> Franklin Martins: Uma série de questões não se
discute na nossa TV comercial. Por quê?
Porque isso se se discutir, num primeiro momento
tira a audiência. Então eu acho muito importante que possa se
aprofundar o debate.

>> Há muitos programas sobre meio ambiente na
televisão brasileira, assim como a TV tem coberto o etanol
sobejamente.

>>Hélio Gurovitz: O senhor não está satisfeito com a qualidade do
jornalismo brasileiro? é por isso que o senhor gostaria que
tivesse uma TV pública? Em que medida o jornalismo
praticado por uma TV pública seria melhor do que o jornalismo
que é praticado pelo mercado?

>> Franklin Martins: Olha, desculpe, eu não tenho
essa satisfação toda, Hélio, que você parece ter com o
jornalismo brasileiro. Eu acho que podemos fazer um
jornalismo muito melhor, aprofundar muito mais.
Debater muito mais as questões. Não é apenas
publicar uma opinião, entende? Uma revista fazer uma
reportagem. Não, o debate público sobre determinados
assuntos. Por exemplo, a questão do etanol, eu não tenho
visto grandes debates, você vê reportagem, uma "falinha" de um,
sonorinha do outro, mas grandes debates, grandes debates
sobre a questão de crescimento econômico, meio ambiente, como
eu estava dizendo não tenho visto grandes debates, acho que
podemos avançar muito mais. Eu não estou com essa satisfação
toda em relação a qualidade do que nós já fazemos como
jornalismo. Nós podemos fazer muito mais.

>> Hélio Gurovitz: Jornalismo na mão do governo
seria melhor.

>> Franklin Martins: Eu não falei jornalismo na
mão do governo, repara só, eu estou falando de TV pública e
você está falando de TV do governo.

>> Alexandre Machado: Ministro, essa junção na sua
pasta da questão de conteúdo e da questão da publicidade, já
foi questionada e a sua resposta é que assim como dizia
Guimarães Rosa, viver é perigoso, então é preciso fazer uma
separação entre outra como se faz nos veículos de comunicação
em geral. Mas nós temos um exemplo aqui da TV Cultura, que no
último ano conseguiu apenas 500 mil reais de verba
publicitária do governo. O que é nada em relação à participação que a TV
Cultura tem no mercado. O que demonstra que existe, nesse
tipo de determinação, algo além da... Dos critérios técnicos.
Como é que isso vai ser modificar se é que vai ser
modificado na sua gestão?

>> Franklin Martins: Alexandre, o seguinte, nós
aqui estamos discutindo o comercial e o jornalismo juntos. A
TV Cultura se recebeu tanto de publicidade, acho que tem que
ser separado isso. Acho que tem que ser separado. Como que
garante que isso vai ocorrer? Eu acho que através do debate
político. O debate público. Faz a crítica. Eu, por exemplo,
estou sabendo disso pela primeira vez, entende? Que só 500
mil reais, né? Essa a cifra que você deu?

>> Alexandre Machado: Exatamente.

>> Franklin Martins: Eu não sei, por exemplo, se
de repente o governo do Estado de São Paulo, outras coisas
terão posto mais dinheiro aqui, eu não sei, entende? Pode se
discutir isso, é o modelo...

>> Ministro.

>> Franklin Martins: Só um instantinho, esse é o
modelo da TV Cultura. Eu acho que deve ver como pode ter
patrocínio, como é que não pode, deve discutir. Eu quero
dizer o seguinte, essa história de que a publicidade e a
relação com a imprensa não podem estar na mesma estrutura, eu
acho que tem um pouco de hipocrisia.
Primeiro porque no país inteiro é assim. A começar
aqui por São Paulo. Ou seja, quem cuida das verbas de publicidade do
governo do Estado de São Paulo é também a estrutura que cuida
da relação com a imprensa. Não é uma coisa dividida.
Foi assim sempre no país. Por exemplo, o governo Fernando Henrique
era assim. O Secretário, o... Porta-voz, o Sérgio Amaral, ele foi
porta-voz durante 5 anos, durante 3 anos e acho que 9 meses
ele também, ao mesmo tempo, foi é... O Secretário da SECOM.
Quer dizer, então, esse é um modelo que existe. Mais do que
isso, eu acho que pode completamente se manter os guichês
separados, os grandes jornais do país, as grandes televisões,
as grandes rádios, as grandes empresas de comunicação, elas
têm uma redação e têm um departamento comercial.
Os dois respondem ao mesmo dono. Se os donos
conseguem manter separado eu não entendo por que é que a
gente acha que o governo não vai conseguir manter.
Agora, se errar, se houver promiscuidade, se houver
confusão, que haja a crítica.
Agora, por antecipação, eu acho um pouco demais.

>> Josemar Gimenez: Veja bem, o Presidente, o
governo já fez as pazes com a oposição, né, o Ministro já
deu, já deu ordem do Ministro, Tasso Jereissati freqüentando
o Planalto, saindo com promessas aí de... De investimentos no
Ceará. Quando é que o Presidente e o governo do PT, acho
que esse é o seu melhor, é o seu papel mais importante, vai
fazer as pazes com a imprensa, hein, Ministro?

>> Franklin Martins: Olha, eu acho que o governo e
a imprensa tiveram uma relação muito dura, muito difícil nos
últimos tempos. Aliás, o seguinte nós atravessamos uma crise
política brutal no último ano e meio. Eu diria que essa crise
política não foi apenas brutal, foi selvagem, valeu tudo,
esfola e mata, o linchamento, paulada para tudo que é lado. O
importante era desqualificar antes para não ter que discutir
depois. Quer dizer, essa crise, ela envenenou o país. Ela
tocos consigo o país. E quem é que decidiu que ia
desintoxicar o país? O eleitor. O eleitor não apenas elegeu o
Presidente Lula pelo segundo mandato com a votação de 61%,
mais ou menos o mesmo índice que ele teve na eleição
anterior. Mais do que isso, o eleitor deixou clarão longo de
toda a campanha que ele queria um debate público qualificado
e que não queria que a desqualificação prevalecesse sobre o
debate.

>> A propósito, Ministro.

>> Franklin Martins: Só um instantinho. Vamos dar
exemplos: Todos os candidatos que partiram para um tipo de
enfrentamento que passaram do ponto caíram imediatamente nas
pesquisas. Aconteceu isso com a candidata Heloísa Helena,
aconteceu isso com o candidato Geraldo Alckmin. Todo o
candidato que recusou o debate sofreu, caiu imediatamente nas
pesquisas. Aconteceu isso com o candidato Lula quando ele não
foi ao debate ele caiu nas pesquisas. E aconteceu isso com o
candidato Alckmin quando ele se recusou a defender os
pontos-de-vista históricos do partido dele na questão da
privatização e despencou nas pesquisas.
O que o eleitor mostrou o ao longo disso?

>> Eu quero um debate qualificado, eu quero
discussão dos grandes problemas nacionais.
Eu não quero viver nesse clima de esfola e mata.

>> Ministro.

>> Franklin Martins: Isso foi um freio de
arrumação para todos nós na sociedade. Foi para o governo,
que está obrigado a ter uma relação mais tranqüila, mais
profissional, mais evoluída com a imprensa e com a oposição.
Foi para a oposição que está tendo de procurar o
seu rumo porque está ficando claro que não basta um trabalho,
quer dizer, de procurar, aquele velho negócio que dizia,
sangrar o Lula até à morte não leva a lugar nenhum. Era
obrigado a ter proposta. E a mídia também está tendo de
refletir sobre o seu papel. Eu não vou aqui, hoje como
Ministro, querer falar sobre o que a mídia fez ou deixou de
fazer. Mas todos nós, jornalistas, todos nós jornalistas
sabemos que a mídia está na berlinda. E a mídia quando vai
para a berlinda é ruim para ela. é como Juiz de futebol que
aparece demais em campo, se percebe a presença dele, mais do
que a dos jogadores teve algum problema.
Então, o que é que vai acontecer?
Eu acho que a mídia vai sair melhor disso. Porque a
crítica que a sociedade vai fazer, que o tê-los poético Dora,
que o ouvinte, o leitor vai fazer para a mídia vai forçar ela
a fazer uma reflexão e sair melhor.
Então, esse freio de arrumação é bom para todo
mundo. A relação do governo com a mídia, melhorou já nas
últimas, nos últimos meses. Melhorou por quê?
Porque a sociedade determinou que melhorasse.

>> Augusto Nunes: Ministro.
Desculpe a insistência, só para aproveitar o tema
levantado pelo Josemar. O senhor está processando o
jornalista Diogo Mainardi por considerar ofensivas algumas
afirmações feitas pelo Mainardi na sua coluna na Revista Veja.
O Presidente Lula acaba de nomear Ministro o Professor
Mangabeira Unger que o acusou há pouco mais de um ano de
chefiar o governo mais corrupto da história, entre outras
afirmações insultuosas. Se o senhor estivesse no lugar do
Presidente Lula o senhor levaria o Mangabeira Unger à
Justiça ou ao Ministério?

>> Franklin Martins: Se eu estivesse no lugar do
Presidente Lula eu teria tido, para começar, 61% dos votos,
eu não tive. Eu não tive voto nenhum.
Na questão do colunista da Veja, o colunista me
acusou de determinados crimes, de fazer tráfico de influência
e de ter participado da quebra de sigilo bancário do caseiro.
Não apresentou nenhum fato que comprovasse isso.
No estado de direito quando alguém acha que a sua
honra é atingida, eu achei que a minha honra foi atingida por
acusações sem nenhuma comprovação. O que é que se faz?
Civilizadamente você entra na Justiça e pede que a
justiça decida sobre aquilo. Abri um processo contra ele, a
Justiça vem de conceder em primeira instância que eu tenho
razão. Ou seja, definiu que não há nenhuma comprovação para
as acusações que foram feitas, que a minha honra foi atingida
e deve ser reparada e condenou o colunista e a Revista. Eu
estou muito tranqüilo quanto a isso absolutamente normal.

>> Augusto Nunes: é o que o Presidente deveria ter
feito com o Mangabeira?

>> Franklin Martins: O Presidente saberá enfrentar
com o Mangabeira, eu no caso do colunista e da revista que
afetaram a minha honra resolvi processá-los e estou muito
satisfeitos com o fato em a que justiça tenha reconhecido,
primeiro, que não havia nenhuma base para aquelas acusações,
segundo, que a minha honra foi atingida e precisava ser
reparada e terceiro que tenha condenado quem atingiu a minha
honra.

>> Márcio Aith: Ministro, só dois esclarecimentos aqui.
Primeiro, o senhor mandou, o senhor também processou a
editora Abril porque a editora Brasil não publicou.
uma carta o que senhor teria escrito de fato, em tese exercendo o direito de
defesa que o senhor tem. Só um esclarecimento, essa carta não
foi publicada e o senhor entrou também com um processo para
exigir que a carta fosse publicada e o senhor perdeu esse
processo. O senhor perdeu entre outros motivos porque na
carta, a pretexto de defender o seu interesse o senhor xingou
terceiro de difamador, levianos, bufão, doido avanço, tolo
evidencio atitude, bobo da corte, digamos que isso daí também
está dentro do escopo da intoxicação que houve, que talvez
tenha contaminado toda a imprensa. Agora o senhor falou
do estado de direito. Só queria lhe dizer uma coisinha. O
senhor ganhou de fato um processo. Mas o senhor ganhou de
fato um processo só que a sentença que o senhor ganhou foi
anuncio à antes da defesa dos réus terem sido lidas pelo
Juiz. Terem sido anexadas pelo Juiz. Não era nem meu
interesse tocar nesse assunto aqui. Já que o senhor tocou eu
queria lhe dizer. Também não faz parte do estado de direito
ler a defesa dos réus antes de julgar? Essa é a primeira
pergunta. Deixa eu fazer uma segunda pergunta para o senhor.

>> Franklin Martins: Eu respondo a primeira
Márcio, eu... Se a revista veja ou o colunista acham que
houve algum vício na decisão do Juiz o que têm que fazer?
Algum instrumento legal deve ser acionado para que a decisão
do Juiz deva ser refeita, isso deve ser feito e a Justiça
decidirá. O que não cabe nem a mim nem a você, nem à revista
é dizer o que aconteceu. Cabe à Justiça definir.
Então.... A justiça esclareça.

>> Márcio Aith: O senhor está certo.

>> Franklin Martins: Que o Juiz que deu a sentença
esclareça, eu acho que ele poderá esclarecer eu imagino que
ele possa esclarecer e vamos ver o que acontece.

>> Márcio Aith: Falando do esclarecimento, o
senhor sabia desse fato antes da sentença ser divulgada na
terça-feira.

>> Franklin Martins: Evidentemente que eu sabia,
meu advogado me avisou, estava no site da Justiça Federal.

>> Márcio Aith: Antes?

>> Franklin Martins: Eu não vou ficar entrando
nesse tipo de coisa.

>> Márcio Aith: O senhor quem tocou nesse
problema.

>> Franklin Martins: O Márcio, que a veja e o
colunista acionem....

>> Márcio Aith: Recorrerão.

>> Franklin Martins: Acionem contra o Juiz, pronto
e aí a justiça decide, se o Juiz cometeu alguma coisa ou se o
Juiz não cometeu e simplesmente a veja e o colunista estão
imaginando alguma coisa que não corresponde aos fatos. é ir
para a justiça. Correr o risco não é só falar não. é correr o
risco, ir para a justiça abrir um processo.

>> Paulo Markun: Ministro, pergunto o seguinte,
esta intoxicação das relações entre a imprensa e o governo
é... Na minha visão teve a ver também com a atitude do
Presidente Lula durante o seu primeiro mandato de dar
raríssimas entrevistas coletivas.
Ele falava muito, freqüentemente, sempre nas
inaugurações, falou muitas vezes até se relacionava com os
jornalistas naquilo que quem, como eu, e como o senhor fomos
repórteres. Eu continuo sendo, tenho certeza que o senhor
também acha que se coloca assim, quer dizer, aquela coisa
meio corrida no corredor ou no lugar de uma inauguração. Mas
coletivas organizadas, duradouras, com a possibilidade, como
está acontecendo aqui, da afirmação, da réplica e da
tréplica, foram raras. Quando o Presidente Lula ganhou a eleição ele disse
uma frase que era o seguinte: Vocês vão se cansar de falar
comigo. E de lá para cá ele não deu nenhuma dessas
entrevistas nesse modelo que nós estamos tendo agora aqui
hoje. O senhor acha que isso vai acontecer?

>> Franklin Martins: Claro que vai, Paulo. Agora,

>> Markun, eu sinceramente, eu não acho que a coletiva com
bandeira no fundo, formal etc é o grande momento--

>> Paulo Markun: Nem eu.

>> Franklin Martins: Da entrevista com o
Presidente. Sinceramente, eu acho que isso deve ser feito
pelo Presidente agora na primeira quinzena de maio, dará uma
entrevista coletiva, vai dar outras etc. Eu acho que vocês
vão ouvir de cansar o Presidente mesmo.

>> O direito à tréplica.

>> Franklin Martins: Só um instantinho. O mais
importante acho que é a pergunta do dia. Pelo menos três
vezes por semana o Presidente Lula tem respondido as
perguntas dos jornalistas, quando sai de qualquer evento
naquele famoso, lamentavelmente famoso quebra queixo. Ele sai
e aquele monte de microfone em cima dele. Presidente.... E o
apagão aéreo. Presidente e tal coisa? Ele responde a duas,
três perguntas e é o que dá a Manchete no jornal, é o que dá
a chamada da primeira página. Eu acho que esse é o mais
importante, deve dar coletiva? Deve, mas acho que isso não é a rotina, isso são
alguns momentos mais espaçados. O Presidente, depois já nesse
segundo mandato teve café da manhã com os principais
colunistas do país perguntaram o que quiseram a ele. Todos
perguntaram. Esteve com os setoristas do Palácio do Planalto,
perguntaram o que quiseram. Vem fazer esse quebra queixo até
agora de uma forma mais organizada tem um pulpitozinho de
acrílico se enfia de microfones, os gravadores, não fica o
negócio que agride o entrevistado, o entrevistador e o
telespectador em casa, acho que tem melhorado. Eu
sinceramente acho que as relações entre o Presidente e a
imprensa estão em processo de... De extensão. Acho que isso é
muito positivo para o país.
Para o Presidente e para a imprensa também. Porque
aí, aos poucos, a gente vai tendo que fazer as perguntas
sobre o quê? Sobre o que interessa. Sobre os problemas do
dia. Sobre os problemas que acontecem etc. Vai saindo da fase
do preconceito e voltando, como eu digo, para o velho e bom
jornalismo apoiado em fatos.

>> Eleonora de Lucena: Ministro, o senhor se
referiu à grave crise política do último ano e meio. O senhor
acha que mudou alguma coisa no governo e no PT depois do
mensalão?E... E o senhor se filiara ao PT?

>> Franklin Martins: Não entendi a segunda parte?

>> Eleonora de Lucena: O senhor se filiaria ao PT?

>> Franklin Martins: Não.

>> Eleonora de Lucena: Por que não?

>> Franklin Martins: Não sou filiado a partido
nenhum e não estou interessado em me filiar.

>> Eleonora de Lucena: O senhor acha que o PT é
melhor, pior, aconteceu alguma coisa depois do escândalo do
mensalão.

>> Franklin Martins: Eu acho que o governo, eu
estou trabalhando no governo e não no PT, acho que o governo
aprendeu com a crise, as pessoas, as instituições
são melhores quando aprendem com seus erros e a situação.

>> Eleonora de Lucena: O senhor pode me mostrar
onde...

>> Franklin Martins: Eu pegaria dois pontos, eu
acho que os grandes problemas no governo do primeiro Lula
foram as relações com o congresso e as relações com a
imprensa. Teve os erros da imprensa, teve os erros do
congresso. Não estou falando dos erros do governo. Os dois
principais problemas foram esse. Eu acho que o governo, na
sua relação com o congresso, está tentando montar, num quadro
difícil, tumultuado do sistema partidário brasileiro que
produz uma fragmentação muito mental, entende? Nós temos
20 partidos funcionando no congresso, nenhum partido no
sistema eleitoral consegue produzir maioria por si só, nem
dois ou três partidos, quer dizer, para você constituir uma
maioria tem que fazer uma grande articulação. O governo está
fazendo o quê? Uma coalizão política dentro das condições,
tem um programa em torno do PAC, reúne o conselho político
é... Regularmente, está reunindo toda a semana. Ou seja, ele
investiu o quê? Numa relação institucional com os partidos.
Por exemplo, muita gente dizia: Ah, o PMDB nunca virá para o
governo e tal. E o governo sempre vai tentar pinçar aqui ou
ali, essa ou aquela ala do PMDB. Não, ele negociou, conversou
com o partido como um todo. Inclusive tendo, na presidência
do partido, alguém que não apoiou o Lula. Ao contrário.
Apoiou o candidato Geraldo Alckmin como é o caso do
Presidente do PMDB Michel Temer. Ou seja, ele partiu para uma
relação institucional, acho que isso é positivo. Tem um monte
de problemas? Tem um monte de proles, acho que é um avanço
extraordinário em relação ao que estava antes. A mesma
coisa com a mídia, acho que as relações hoje em dia são mais
fluídas, mais profissionais, mais tranqüilas, em parte, volto
a dizer, porque a sociedade exigiu isso não só do governo,
não só da oposição, mas também da mídia.
Ela está querendo uma mídia que vá aos fatos, que
seja mais tranqüilo, todos nós sabemos isso.
Entende? Então, eu acho que isso também é um avanço. Acho
que são dois pontos onde o governo é melhor do que foi no
outro mandato. E mantidas exclusivamente por dinheiro público e a TV
pública, gerida por organizações e conselhos e custeadas pela
própria sociedade. No mundo, a BBC de Londres é o modelo mais
conhecido de TV pública. Independente do estado, é
administrada por um conselho formado por integrantes da
sociedade e mantida pela própria população. Criou uma marca
de qualidade e reconhecimento com uma programação mais rica
de conteúdo que as TVs comerciais.
No Brasil, o modelo mais próximo de TV pública é o
da TV Cultura de São Paulo.
Administrada por um conselho Curador e mantida por
um misto de verbas públicas, de publicidade e de prestações
de serviços, ela também tem uma programação diferenciada com
ênfase em cultura e cidadania. A discussão sobre a televisão
pública, que não é nova, é retomada agora com o fórum
nacional de TVs públicas que articula para o mês que vem uma
definição sobre o papel, a programação, formas de
financiamento e como montar uma rede nacional de TV pública
no Brasil. A idéia é ter essas definições até o final do ano,
antes da transição para a TV digital.
A mudança de tecnologia pode abrir espaços para
mais canais de TV. E é essa a oportunidade para ampliar os canais
alternativos, oferecendo programação de qualidade, mais
voltada ao interesse público do que ao interesse do mercado.

>> Paulo Markun: Ministro, o Presidente da
associação brasileira de televisão universitária, Gabriel
Priolli tem também uma pergunta sobre o conteúdo da rede
pública, vamos ver.

>> Ministro, eu tenho aqui comigo o decreto
presidencial 5820 de junho que institui
o padrão japonês na televisão digital e cria 4 novos canais
de interesse público a serem operados pela união, esses
canais são o canal do Poder Executivo para transmissão de
atos, trabalhos, sessões e eventos nesse poder, o canal de
educação para ensino à distância e capacitação dos
professores, o canal de cultura para produções regionais e
programação cultural e o canal de cidadania, para uso das
comunidades locais e também para poderes públicos, federal,
estadual e municipal. Muito bem, nós temos ouvido agora que essa nova
rede pública a ser feita pelo Governo Federal, ela teria por
base a estrutura da Radiobras, da TV educativa do rio, a TV
educativa do Maranhão. Canais já existentes, eu pergunto, o
que o governo pretende fazer com estes novos canais previstos
no Decreto do Presidente Lula?

>> Franklin Martins: Eu, de certa forma já
respondi essa questão, mas, de qualquer forma é apenas...
Dando aí uma resposta diretamente ao Gabriel Priolli, a
questão é a seguinte: Num primeiro momento não vamos partir
para 4 canais de uma vez, vamos concentrar em levantar, e
formar um bom canal. Quer dizer, isso junto o quê? O conjunto
das TVs públicas que existem no Brasil, nos estados etc. Quer
dizer, o Governo Federal se propõe a ter um papel central,
mobilizador, mas vai contar com o conjunto, o apoio. A idéia
não é partir para os quatro é ir construindo aos poucos esse
processo começando com um canal que terá no início um caráter
um pouco mais generalista. Terá cultura, cidadania. Uma
questão importante a responder é o seguinte. O governo
continuará a fazer a comunicação de governo, ele fará através
da NBR, de outras instâncias não através dos canais de
televisão aberta onde vão ser investidos recursos de maior
monta. Quer dizer, nesse caso aí o governo continuará a fazer
a comunicação de governo, como a TV Câmara faz a comunicação
institucional da TV Câmara, a TV justiça do judiciário etc. O
canal de TV pública se propõe a ter um caráter mais global,
mais generalista e como eu disse sob o controle público.

>>Ricardo Gandour:Há cerca de um mês o senhor anunciou que em 90 dias o
governo ia ter detalhes da implantação dessa nova TV,imagino
que 60 dias, está se passando um tempo, isso está andando, vai ser
anunciado, tem algum plano?

>> Franklin Martins: O governo, no primeiro
momento, ele procurou unificar conceitualmente o propósito
governo. Isso foi feito. Quer dizer, a partir de agora, ele
se propõe, num prazo de 30 dias, mais ou menos, ainda tem uns
20 dias, a tentar unificar conceitos em torno de três
questões que são fundamentais: Modelo de gestão, modelo de
financiamento e modelo de rede pública.
A partir daí é que ele vai partir para um projeto
que eu acredito que num prazo de 90 dias, hoje em dia não
mais 90 dias, 70 dias, alguma coisa assim, ele terá pronto
para discutir com o país, com a sociedade e com o Congresso.
Porque evidentemente essa discussão vai passar por uma
discussão com o congresso.

>> Augusto Nunes: Queria me afastar ligeiramente
sobre a discussão com a TV pública que é muito importante
para retomar a questão levantada pela Eleonora. No debate
promovido entre candidatos a Presidente pela TV Bandeirantes,
o senhor perguntou ao Presidente Lula como é que ele poderia
garantir que não se repetiriam, no segundo mandato, certas
irregularidades ocorridas no primeiro sempre com o Presidente
alegando que ou não havia podido evitá-las ou ele
simplesmente desconheço era o que se havia passado. Eu
reapresento ao Ministro Franklin Martins a pergunta do
jornalista Franklin Martins: Como é que o senhor pode
garantir que isso não vai voltar a ocorrer e que o Presidente
não voltará a alegar que não pôde impedir a ocorrência de
irregularidades?

>> Franklin Martins: Eu vou responder ao
jornalista Augusto Nunes com a resposta que o candidato Luiz
Inácio Lula da Silva deu ao jornalista Franklin Martins: é
impossível você impedir que isso aconteça. O que você pode
fazer é que quando isso acontece se tomam providências.

>> Eleonora de Lucena: Ministro, o senhor é
favorável à anistia ao ex-deputado José Dirceu?

>> Franklin Martins: Como?

>> Eleonora de Lucena: O senhor é favorável à
anistia política ao ex-deputado José Dirceu?

>> Franklin Martins: Acho que não é a questão do
momento, eu acho que o Deputado José Dirceu foi objeto de um
julgamento político. O Congresso diante do caso que foi
apresentado fez um julgamento político, decidiu cassar o
mandato dele e retirar os direitos políticos dele por 8 anos.
Ele, ao mesmo tempo, está sendo processado junto ao
Supremo Tribunal Federal. Eu acho que do ponto de vista do
Deputado José Dirceu, melhor do que ele entrar com um
processo de anistia seria se ele exigisse ser julgado com
rapidez pelo Supremo Tribunal Federal. Agora, isso é uma
questão do Deputado José Dirceu. Acho que essa não é uma
agenda do governo é uma agenda dele.

>> Eleonora de Lucena: O fim da reeleição é uma
agenda do governo? O senhor é favorável ao fim da reeleição
com a extensão do mandado presidencial para 5 anos?

>> Franklin Martins: Olha, eu acho que essa
questão do fim da reeleição principalmente é um movimento de
muita gente aí tentando organizar a fila do PSDB.

>> Eleonora de Lucena: Inclusive do Presidente
Lula?

>> Franklin Martins: Inclusive do Presidente Lula
não, o Presidente está dizendo claramente o seguinte: Isso é
um assunto que não é importante. Isso não é um assunto
central da reforma política. Eu não sei se vou estar vivo em
2014, o Presidente disse o seguinte. Eu sempre fui contra a
reeleição, no entanto me candidatei a reeleição e me sinto
desconfortável com esse assunto. Foi o que falou o Presidente
no café da manhã. Esse é um assunto dos políticos do
Congresso que ele não pretende tomar iniciativa. Agora, acho
que tem muita gente querendo organizar a fila do PSDB,
organizar a fila do PSDB quer dizer se vai o Aécio, o
Alckmin, se um for, abre possibilidade para... Para não dar a
impressão que é de novo um casuísmo como foi lá atrás a
questão da reeleição.

>> Eleonora de Lucena: O senhor acha que seria um
casuísmo?

>> Franklin Martins: Quando foi aprovado lá atrás
era um.... A tese era perfeitamente razoável mas aprovar uma
reeleição com um Presidente estaca no mandato eu não acho que
foi uma coisa assim, vamos dizer, muito republicana, entende?

>> Eleonora de Lucena: Hum-hum.

>> Franklin Martins: Mas de qualquer forma foi
aprovado é um instituto que está aí, está valendo, entende? E
o Presidente, frente a isso ele até usou a expressão. Não
venham botar isso no meu colo. Apesar disso muita gente
continua insistindo que o Presidente é a favor.

>> Eleonora de Lucena: O senhor acha que não há
interesse do Presidente em colocar essa questão agora. Não
teria objetivo político nessa discussão?

>> Franklin Martins: Ele não está interessado
nisso.
Isso é quem colocou, entende, foram setores da
imprensa. Tem umas discussões que às vezes aparecem na
imprensa. O Presidente Lula poderá partir para um terceiro
mandato. O que é que aconteceu? Um professor intelectual faz
uma análise, em termos lógicos, diz: Isso pode vir a
acontecer se o Presidente for bem sucedido, com a oposição
sem perspectivas como está pode partir para o terceiro
mandato. é o raciocínio lógico e raciocínio lógico todos nós
podemos fazer vários aqui e.... E eles poderão, se ficar em
pé enquanto lógica, mas qual a correspondência dos fatos? O
Presidente nunca falou.

>> Eleonora de Lucena: Mas o Ministro Tarso genro
falou.

>> Franklin Martins: Precisou o Presidente
desmentir isso várias vezes--

>> Augusto Nunes: Não há político que não pense em
um novo mandato.

>> Franklin Martins: Isso é um raciocínio lógico.
Não quer dizer que vai colocar em prática.

>> Ministro, voltando só um pouquinho para a
questão da Secretaria lá, o senhor tem uma idéia, ela esbarra
até na questão da ilegalidade, mas acho que moralmente ela é
muito importante. Eu queria que o senhor falasse.

>> Josemar Gimenez: Se vai levar isso adiante que
é não permitir que os marqueteiros de campanha participem das
licitações de grandes contas das grandes empresas estatais e
de governo. O senhor vai levar isso adiante ou não?

>> Franklin Martins: Isso é uma questão que exige
uma modificação na lei, na lei de licitações, eu não posso
impedir que uma agência que fez a campanha de um determinado
candidato, ela depois venha a servir ao governo desse
candidato caso ele tenha sido eleito.
Mas eu quero abrir essa discussão.
Eu acho que é necessário uma quarentena.
Porque nós sabemos, perfeitamente, que na maioria
dos casos é.... Como é comum a coincidência, entende? O
sujeito faz a campanha de um determinado candidato e aí
depois ele consegue ganhar a conta de publicidade. E valeu na
União, valeu no governo Fernando Henrique, valeu no primeiro
mandato do Lula, valeu em São Paulo, valeu em Minas Gerais. é
evidente que nós temos um assunto que seria bom a gente
debater claramente no país e estabelecer normas.
Transparência numa área onde a subjetividade é
muito grande e favorece, passar a idéia, não estou dizendo
que ocorra sempre, de que há algum tipo, entende, de... De
acerto ali na questão subjetiva.

>> Josemar Gimenez: Na cabeça do publicitário João
Santana não teria que ter nenhum tipo de conta.

>> Franklin Martins: Eu acho que não deveria ter
nenhum tipo de conta, aliás, ele também acho que não deveria
ter nenhum tipo de conta. O que facilita para mim, eu acho
que não é uma questão só do Governo Federal. Consigno em São
Paulo que fez a campanha do candidato está com a conta de
publicidade em outros estados. Olha, isso vale para todo
mundo, problema de promiscuidade, problema de publicidade são
problemas gerais. Eu acho que isso ajuda o mercado. Se você
for conversar com o pessoal, a maioria das agências, ele acha
que isso ajuda. Quer dizer, se você estabelecer claramente uma
diferença entre o que é marketing político e depois o que é
agência que está servindo ao governo, isso favorece a deixar
os campos mais definidos. Agora, isso como eu disse são
debates, acho que no mínimo a gente poderia ter uma
quarentena, um ano, dois anos.

>> Josemar Gimenez: Vai faltar gente interessada
em fazer marketing político.

>> Franklin Martins: Ou então os que estão
interessados só em fazer marketing político vão fazer
marketing político, os que estão fazendo marketing político
para pegar um trampolim no governo e ser remunerado a outra
forma vão sair fora do circuito.

>> Eleonora de Lucena: Hoje muitos enxergaram uma
certa divisão dentro do governo, alguns enxergam uma oposição
entre o que defende o Ministro Mantega, que seria alinhado
mais ao... Segundo análises aos desenvolvimentistas, e o
Ministro Presidente do Banco Central, que seria um
monetarista clássico, muito preocupado com metas de inflação
e que barraria o.... O crescimento. O senhor se coloca em qual,
qual desses grupos?

>> Franklin Martins: Bom, eu não acho que essa
tensão, eu queria começar dizendo o seguinte Eleonora, eu
acho que essa tensão é positiva que ela exista no governo.
Evidentemente, desde que ela não produza uma paralisia, desde
que haja uma posição predomine. Mas é positivo. Uma série de
questões, de certas tensões, é melhor que elas apareçam
dentro do governo do que elas fiquem fora do governo. Por
exemplo, a tensão entre desenvolvimento e meio ambiente.
é positivo que o governo seja obrigado, de uma
forma ou de outra, a absorver esse tipo de tensão e seja
obrigado, como governo, a dar um tratamento para isso.
Na questão de.... De desenvolvimento e vamos dizer,
política do Banco Central e a política da equipe econômica,
eu pessoalmente acho que o Banco Central fez um trabalho
muito importante. Tem um trabalho muito importante do ponto
de vista de.... Dar o quê? Dar uma solidez ao trabalho macroeconômico,
de modo geral. Contou também com o apoio do Ministério da Fazenda, do
Ministério da Fazenda. Evidentemente houve tensões, em alguns
momentos eu acho que o Banco Central errou a mão, entende?
às vezes manteve os juros acima do que era
necessário a meu ver. Eu acho talvez que ele tenha trabalhado
com um modelo que os fatos depois, ou os números depois,
principalmente quando saiu a nova metodologia do IBGE vieram
a demonstrar que.... Aquele modelo não pegava exatamente a
realidade. Agora, o fato é que apesar disso acho que o Banco
Central fez um trabalho magnífico, entende? Tanto que
entregou o quê? Uma inflação sob controle, e agora o Brasil,
a meu ver, preparado para crescer. Vão continuar a haver
divergências, vão continuar a haver tensões dentro do governo
a respeito de disputa para cá ou para lá, há tensões
inclusive dentro do Banco Central. A última decisão do Banco
Central ela foi tomada por maioria de 4 a 3. Muita gente acha
que já sinalizando que o Banco Central vai acelerar a queda
da taxa de juros que seria uma posição, vamos dizer, mais de
acordo com outros setores. Acho que as tensões são positivas
dentro do governo, desde que elas produzam um resultado de
unidade que tenha uma resultante que não paralise o governo.

>> Gostaria de lhe fazer uma pergunta voltando a
idéia da rede pública. O senhor e o Ministro Gil deram uma
consistência maior a esse debate.

>> Márcio Aith: Ele começou muito confuso por meio
do Ministro Hélio Costa quando perguntado por que é que o
governo queria fazer uma TV, uma rede nacional pública ele
respondeu: Ah, porque o Presidente está tendo dificuldade
para mostrar suas idéias nas TVs privadas.
O que, de TV pública não tem nada essa concepção.
Depois o senhor entrou no governo, o senhor de fato deu uma
roupagem mais institucional a isso. Só tem um problema, entre
a declaração do Ministro Hélio Costa e a sua tem três
semanas. O interlocutor do Ministro Costa é o mesmo
interlocutor do senhor, o Presidente da República, o
Presidente da República mudou de idéia. Ele virou, ele deixou
de achar que ele quer uma rede pública para mostrar suas
idéias e passou a achar agora que ele quer uma BBC, é isso?
Três semanas?

>> Franklin Martins: Não, o Presidente Lula,
quando se pronunciou sobre essa primeira vez, de forma clara,
foi justamente no dia que ele deu posse a vários ministros,
dentre os quais eu. Ele falou claramente no mesmo sentido de
que eu falei aqui.

>> Márcio Aith: Quando ele diz qualquer--

>> Franklin Martins: Não era a posição do governo,
a posição do governo foi expressada pelo Presidente Lula.

>> Paulo Markun: Voltamos com o Roda Viva que hoje
entrevista o Ministro chefe da comunicação social da
Presidência da República. O Presidente do conselho da fundação padre
Anchieta, Jorge da Cunha Lima tem uma pergunta para o senhor,
vamos acompanhar.

>> Jorge da Cunha Lima: Ministro Franklin Martins,
a semelhança do DOCTV que prove de recursos um projeto de
produção nos estados pelas televisões e por produtores
independentes documentários, eu creio que estender isso a uma
produção geral da televisão e dar recursos para isso seria
uma base importante para a constituição de uma rede pública
de televisão. Representando 21 televisões públicas estaduais, eu
gostaria de saber de V.Exa. Qual é a viabilidade e quais
seriam as condições para a criação de um fundo para a
produção de programação de televisão pública nesse país?

>> Franklin Martins: Essa questão que o Jorge
levanta é uma das questões a meu ver fundamentais dentro da
TV pública. Ou seja, você ter um espaço para a produção
independente e você ter um projeto que seja capaz de
financiar, atrair, organizar a produção independente em todo
o país. Um dos problemas que eu acho que a televisão
comercial no Brasil tem é que ela, basicamente, ela produz
praticamente tudo ou quase tudo daquilo que ela veicula,
diferente de outros países no mundo. Por exemplo, nos Estados
Unidos elas são obrigadas por lei a veicularem um percentual
elevado de produção independente. Embora, muitas vezes, a
produção independente lá não tenha nada de pequena, seja uma
produção de grandes substituídos e etc. Mas se separa a
figura de quem produz e quem veicula, de sem dissemina. Eu
acho que no caso nosso, nós temos que procurar ter não só um
fundo como ter uma programação para que você possa ter
produção independente enquanto fornecedor regular de boa
parte da grade da TV pública. Isso é fundamental para quê?
Porque você tem criatividade, inovação. Você traz padrões
novos. Você arrisca mais. Quer dizer, a televisão pública,
ela tem que ser também o local de experimentação.
Ela tem que ter um local onde a novidade encontra
espaço e não apenas a repetição que é, de certa forma, um
padrão da TV comercial.

>> Ministro, queria voltar um pouquinho ao tema
relação governo e imprensa. E aí me permito um comentário,
quer dizer, é natural a gente ainda observar uma
transição....

>> Ricardo Gandour: Uma transição mental do senhor
nesse momento que é natural. A gente ainda enxerga o
comentarista político na pessoa do Ministro recém-empossado e
acho que é natural que assim seja. O senhor mesmo deve estar
tendo, vivendo um momento de transição mental, observando o
cenário e montando. Recentemente empossou um porta-voz nas
suas palavras que deverá ser mais conciso na sua exposição. E
ainda o senhor se reserva a comentários mais elaborados etc.
Eu vou relembrar o seguinte, no.... Na mesma, na
mesma noite do, da lembrança do Markun em que o Presidente
nos prometeu cansar de coletivas etc aquele período foi um
período muito duro para a imprensa, falou-se em terceiro
turno envolvendo a mídia, falou-se em que era necessário
rever, redemocratizar. Queria saber o seguinte: Passando da
teoria para a prática, nesse momento que é mais natural, não
há ainda muito o que cobrar do senhor, o senhor está
começando o mandato. Então é natural que falemos mais em
propostas, em idéias o que senhor esteja elaborando. Mas
nesse momento de transição do comentarista, do observador
para o cargo executivo. O que é que o senhor tem em mente
para fazer essa relação melhorar?
Falou-se em coletivas. O senhor nomeou um
porta-voz. O senhor quer que ele seja mais conciso, o é que
que o senhor tem em mente na prática?

>> Franklin Martins: Eu acho que as relações entre
o Presidente e a imprensa já melhoraram muito. Se pegar é...
Esse ano, vamos dizer, já o segundo mandato do Presidente. O
Presidente já deu umas trinta e poucas entrevistas. Essa que
eu estou chamando de quebra queixo que eu não subestimo, isso
é vital na comunicação do Presidente com a sociedade e nas
respostas do Presidente às perguntas que a mídia coloca para
ele.

>> Eleonora de Lucena: é um pouco contraditório,
esses encontros são sempre muito rápidos, é difícil de se ter
uma conversa um pouco mais....

>> Franklin Martins: Olha, Eleonora, eu discordo.

>> Eleonora de Lucena: Não é?

>> Franklin Martins: São formatos diferentes mas a
pergunta do dia ou duas ou três perguntas do dia para
qualquer pessoa que está fechando um jornal, um jornal de
televisão é uma coisa fundamental. O Presidente responder a
tal assunto que é o assunto do momento.

>> Mas isso existe agora, não é Ministro?

>> Franklin Martins: Eu acho que isso é
extremamente importante. Isso no mundo todo, entende? é
extremamente importante. Então, eu acho que isso aí vem sendo
feito. O Presidente vai dar coletiva agora etc. Isso não tem
problema nenhum, o Presidente dará outras coletivas. Coletiva
a correspondentes internacionais. Muitas vezes se fala uma
coisa que é o seguinte: Ah, mas tem que ter direito a
réplica. Se não tiver não é democrático. Em termos.

>> Augusto Nunes: é fundamental. Para o
jornalista, agora falando o jornalista, Ministro.

>> Franklin Martins: Em termos, o Presidente,

primeiro o seguinte, cada jornalista que faz deve fazer uma
pergunta e não aquela uma, duas, três, quatro perguntas tal.
Então, eu acho que se é algo para esclarecer um
aspecto que não ficou claro, ele deve fazer a pergunta. Agora
se ele começar a querer debater com o Presidente, se a
réplica é debater com o Presidente, acho que não.

>> Augusto Nunes: Claro.

>> Franklin Martins: Porque isso é uma entrevista
não é um debate. O próprio modelo da Casa Branca, se fala
muito, lá tem direito a réplica. Tem no que são as
entrevistas temáticas, por exemplo, vai dar uma entrevista
sobre a guerra do Iraque. Aí você tem algo maior. Se é uma
entrevista generalista, sobre vários assuntos, de modo geral
não tem. Aliás não se se vocês vê em, o Presidente Bush faz
assim, ele escolhe quem fala. Não tem nada, aqui no
Brasil se fizéssemos isso iríamos dizer que estávamos
querendo ter o jornalista preferidos, querendo triar as
perguntas, etc. Eu acho normal que a gente vindo de um
período tumultuado muitas coisas vão carregar durante um
certo tempo, uma certa dose de tensão. Creio que aos
pouquinhos depositando. Eu queria responder a questão que
você falou aí que é a questão do porta-voz. Eu acho que o
porta-voz deve ser conciso mesmo. E a escolha de um Diplomata
foi feito em função disso. O Diplomata, profissionalmente são
treinados para dizer o que podem dizer e quando não podem
dizer dizer claramente: Olha, sobre isso eu não posso dizer.
Nós, jornalistas, quando somos porta vozes, nós temos uma
tentação enorme a nos deixarmos ser entrevistados e começar a
falar coisas que às vezes não é a posição do Presidente.
É o que nós estamos querendo ajudar etc. O
porta-voz, ele fala pelo Presidente.
Se diz nas redações que mão de chefe é uma coisa
pesada, palavra de porta-voz é uma coisa pesada, ele fala em
nome do Presidente. Então, quando tem uma posição do
Presidente ele fala. Quando não tem ele deve dizer claramente
sobre isso eu não posso me pronunciar.
Entende?
Então, eu acho que esse modelo do porta-voz, ele
permite o quê? Que os briefings sejam mais freqüentes
inclusive. Porque ele vai ficar falando sobre o que pode
falar. Entende? O que acontece, muitas vezes, é que quando se
parte para o modelo da entrevista do porta-voz, aos poucos,
os briefings vão morrendo porque os briefings não, não... Não
são eficazes do ponto de vista da comunicação.

>> Ministro.

>> Franklin Martins: Agora isso é a única
comunicação? Não, tem o que o Presidente faz. O setorista que
cobrem o Palácio do Planalto sabem que muitas conversas são
realizadas entre eles e o... E a Secretaria de imprensa,
entende, não só comigo com outras pessoas etc ou seja é um
conjunto de.... As relatos ações estão disto entendo (?)
Cada um de vocês perguntar aos setoristas que estão no
Palácio do Planalto--

>> Augusto Nunes: Segundo a linha de raciocínio do
Gandour, o senhor acaba de trocar um bom salário como um
profissional da Bandeirantes, por uma remuneração que,
segundo o próprio Presidente da República faz com que muito
Ministro pague para trabalhar. Que espécie de compensação não
material justifica essa opção pela perda do poder aquisitivo?

>> Paulo Markun: Aliás é a pergunta da Ana Paula
de Mello de Itanhaém que levanta uma hipótese. Ela pergunta:
é amor à Pátria?

>> Franklin Martins: Bom, dito dessa forma amor à
Pátria se eu disser que é já parece uma coisa que entrou
pejorativa. Eu acho o seguinte, nós, estamos vindo de um
processo tão grande que espírito público é uma coisa que
parece que não existe mais no país, entende? Eu vou ser muito
franco, eu não vim ao mundo para ganhar dinheiro não. Eu
sempre disse a meus filhos, dinheiro não tem importância na
vida a falta de dinheiro tem muita importância.
Eu ganhei o suficiente para viver. Eu tenho mais
comida na minha dispensa do que eu e a minha família podemos
comer, eu tenho mais roupa do que eu posso vestir, entende?,
sinceramente eu estudei em escola pública. Eu me formei e
cheguei aonde eu me formei porque teve dinheiro de imposto de
gente sustentando meus estudos.
Aí você vai dizer: Não, então o amor à Pátria não é
de hoje. Me desculpe de não é de hoje, eu lutei contra a
ditadura levei cinco anos e meio no exílio, podia ter ganhado
dinheiro na bolsa. Eu achei que valia à pena lutar pela
democracia, pelo socialismo pela justiça social. Para mim não
é novidade. O que me tenta nisso? Primeiro é um desafio. Eu
sou movido a desafios, é um desafio extraordinário. Eu em vez
de falar eu vou poder tentar fazer. Ou às vezes tentar
impedir que se faça também, porque é outra das coisas que o
governo faz. Eu acho que isso, para mim, eu sou um jornalista,
sem falsa modéstia, sou um jornalista consagrado, respeitado
etc ego tal. Mas eu quero ter o desafio de além de poder
falar, de analisar, de dar opiniões etc de ajudar a acontecer
e ajudar a fazer. Eu acho que o governo Lula.

>> Augusto Nunes: Mesmo com... Convite do Fernando
Henrique?

>> Franklin Martins: No primeiro eu aceitaria no
segundo não. Eu acho que o governo Fernando Henrique no
primeiro mandato realizou uma questão importantíssima que foi
a estabilização monetária.

>> Eleonora de Lucena: Só queria perguntar.

>> Franklin Martins: Agora, a partir do momento em
que ficou com uma idéia fixa no câmbio fixo e no projeto da
reeleição, o governo Fernando Henrique começou a capotar.

>> Eleonora de Lucena: Ministro, como--

>> Franklin Martins: A Eleonora estava na frente.

>> Paulo Markun: A Eleonora depois o Hélio e você.

>> Eleonora de Lucena: Como o senhor se define
hoje, o senhor se considera um socialista?

>> Franklin Martins: Sou um homem de esquerda
muita gente acha que não existe esse negócio de direita e
esquerda.

>> Eleonora de Lucena: O Presidente é de esquerda?

>> Franklin Martins: Acho que é, sem dúvida, ele
lidera um governo de centro-esquerda, e acho que o Presidente
é um homem de esquerda. O que define isso? Esquerda é quem
acha que o mundo é injusto e naturalmente não muda, ou seja,
o mercado apenas aprofunda, magnífica a injustiça. O mercado
não reduz a injustiça. Para isso é apreciação política, o
papel do estado corrigindo as distorções que o estado faz.
Evidentemente você tem enormes matizes dentro do que é ser de
esquerda. Mas basicamente o que é ser de esquerda é quem acha
que a injustiça não é natural e pode ser modificada.

>> Eleonora de Lucena: O senhor se colocaria à
esquerda do Presidente ideologicamente?

>> Franklin Martins: Eu me considero no momento
cumprindo missões que o Presidente me der a seguir.

>> Mudando um pouquinho de assunto, o Brasil está
hoje atravessando uma grande dificuldade no que diz respeito
a sua posição diante da globalização.
A gente está perdendo para a Índia, para a China,
até para a Rússia, isso está basicamente atrelado aquela
questão que a Eleonora colocou que é a questão do crescimento
econômico.
A minha questão para o senhor é a seguinte: Países
como a China e a Índia conseguiram se inserir no cenário
internacional e conseguiram elaborar um discurso que
convencesse o investidor internacional a levar o dinheiro
para lá. A China, por exemplo, se tornou uma grande fábrica
do mundo. Então, dezenas de indústrias foram se estabelecer
na China. A Índia se tornou a grande central de atendimento,
grande call center do planeta. Dezenas de empresas de
serviços foram para a Índia. A questão é: O governo Lula tem
um projeto para o Brasil? Se tem, qual é esse projeto? E ao
responder isso, como esse projeto deve ser vendido para o
mundo, de modo que o Brasil possa se colocar no cenário
internacional como esses outros países?
Quer dizer, existe um discurso de comunicação desse
projeto com o resto do mundo?

>> Franklin Martins: Em primeiro lugar eu acho o
seguinte, essa comparação com outros países, ela pode ter
assim um caráter ilustrativo mas ela, dificilmente, consegue
permitir com que se vá, entende, à essência dos problemas.
Vamos ter claro o seguinte, quer dizer, o Brasil veio de um
processo de inflação desenfreada, depois veio um processo de
saída de câmbio fixo que foi desastroso e tinha que ser
arrumado. O Brasil foi arrumado ao longo desses anos e nós
estamos começando a crescer. De uma etapa de um crescimento
moderado para uma etapa de crescimento vigoroso. Eu acho que
nós vamos crescer 5% nos próximos anos. Vai dizer: Ah, é
muito menos do que a China que cresce não sei quantos por
exemplo. É muito menos que a China que cresce 11%. Mas a
China tem problemas que nós não temos. Eu acho que a China
tem um par dão ali na frente que é a questão da democracia. é
muito mais fácil você crescer de forma acelerada quando você
não precisa respeitar as regras democráticas. O Brasil fez
uma opção pela democracia. Então eu acho que essa é uma
questão fundamental. Eu até vou aproveitar a sua pergunta, porque eu
acho que tem uma questão que eu acho muito importante que a
gente às vezes não se dá conta. Nós construímos, ao longo
desses 25 anos, e quando eu digo construímos, não é só o
governo Lula não. Também passou pelo governo Fernando
Henrique, pela resistência à ditadura. Nós construímos uma
agenda comum no país. Isso é algo precioso.
E que nós quase perdemos na recente crise política
sem nos darmos conta sequer que havíamos construído e
poderíamos perder sem nos darmos conta que estávamos perdendo
que é essa agenda comum? Primeiro ponto, democracia nós
queremos resolver os nossos problemas pela via democrática, quem
ganha a eleição leva quem perde vai para a oposição. Os direitos da minoria
devem ser garantidos. As garantias de direitos individuais
devem ser garantidos, entende? Isso é fundamental, o governo
governa a oposição fiscaliza. Segunda questão, nós queremos ter moeda.
Durante muito tempo nós achamos que não precisava ter moeda, nós
tínhamos descoberto a fórmula mágica para driblar a inflação.
Nós descobrimos que queríamos ter moeda e isso se afirmou
para algo que vale para o conjunto do país. Terceiro,
responsabilidade fiscal, ou seja, não se pode gastar mais do
que você tem. Quarto, queremos voltar a crescer, crescer no
Brasil tem que ser crescimento vigoroso, acima de 5%, em
torno de 5% para permitir o quê? Que você incorpore a geração
que está entrando no mercado de trabalho aquele ano e, ao
mesmo tempo, reduza o estoque de desempregados. E quinto:
Precisa ter inclusão social. Ou seja, não basta crescer é
necessário também reduzir desigualdades.
Esses 5 pontos fazem parte de uma agenda comum que
hoje em dia eu acho que é aceita por 50, 70% da forças
políticas e é algo extraordinário. Porque isso permite o quê?
Dar eficácia à disputa política. Nós quase perdemos isso
naquela crise porque parecia que discutir as questões de
fundo não tinha importância.
No entanto, eu acho que uma coisa que o eleitor
mostrou sente-se ir: Eu quero manter esse rumo com esses
cinco pontos. De nós discutirmos como um conjunto qual o país que nós
queremos. Por exemplo, quando a oposição vai discutir com o
governo. Muita gente diz: Isso é uma coisa menor, estão sendo
cooptados. Não é, nós temos uma agenda comum, o cidadão, o
eleitor, a dona-de-casa, o homem comum, no fundo está
querendo o quê? Vamos nos entender para o país voltar a
crescer, ter distribuição de renda, ser distribuição social,
resolvermos o problema com democracia sem aquele tiroteio.
Isso prende os políticos.


>> Paulo Markun: O Roda Viva entrevista esta noite
Franklin Martins, Ministro-Chefe da secretaria de comunicação
social da Presidência da República. Muitos anos no jornalismo
político, ele organizou, em sua página pessoal, na internet,
um conjunto de textos, comentários, cartas e até letras de
música que falam da aventura política brasileira ao longo do
tempo.

Franklin Martins. Com. BR, de frente e perfil ele
conta a história pessoal, da militância política e a carreira
na imprensa. Reúne na estante textos escritos nos últimos
anos, assim como os comentários na Band, na Globo, entre
outros tirados de capítulos de livros, prefácios, palestras
etc.
A estação história oferece alguns dos textos
políticos mais importantes ou saborosos da vida política
brasileira. De Pero Vaz de Caminha até hoje. E o mais
curioso, o som na caixa, uma coletânea de arquivos sonoros,
especialmente músicas sobre política gravadas em várias
épocas. Como essa, interpretada por Caco Velho, nos anos 50
gravou um samba gozando a mania dos políticos de prometerem
tudo e mais um pouco em época de campanha.

>> Se eu for eleito ordeno abertura de cassino
precisamos de divisas e incentivo ao turismo, farei uma
corriola entre membros do Senado regulando o divórcio, pois o
papai tá enrascado.
[Risos]

>> Paulo Markun: Esse o senhor ouve muito no
governo? Esse tipo de coisa? Esse tipo de promessas?

>> Franklin Martins: Não, deixa para lá.

>> Ministro, eu queria voltar um pouquinho para a
organização do seu trabalho na área de comunicação social.

>> Alexandre Machado: E numa das suas entrevistas
recentes, dizia que a sua preocupação seria com a publicidade
direta do governo e não com as empresas coligadas ao governo
como Caixa Econômica Federal, como Petrobras, como.... Banco
do Brasil etc. No entanto, no último governo, no último mandato do
Presidente Lula essas empresas eram diretamente controladas
pela SECOM. Essas empresas tinham os seus planos de
publicidade aprovados pelo SECOM em sua inteireza. O que
configurava até uma certa ilegalidade, a meu ver, porque são
empresas que têm acionistas, que têm acionistas minoritários
e que não têm, a sua lógica não deve ser a lógica do governo.
Essa sua disposição é realmente de... Fazer essa
divisão e fazer com que a SECOM não participe da aprovação
dos planos de publicidade dessas empresas?

>> Franklin Martins: Não é que ela não participe,
é o seguinte, você tem, entre as empresas estatais, as
empresas estatais, elas têm objetivos mercadológicos. O Banco
do Brasil disputa o cartão do Banco do Brasil com o cartão de
outras empresas. A Caixa Econômica a mesma coisa.
A... BR Distribuidora disputa com outras bandeiras.
Eles têm motivos mercadológicos. Isso daí, a SECOM não tem
que ficar, a meu ver, intervindo muito nesse tipo de coisa.
Quando se trata de uma campanha institucional, por exemplo,
da Petrobras, eu acho que a SECOM deve ser ouvida. É essa
mais ou menos, a idéia. A SECOM cuida diretamente do que é a
publicidade do governo, seja a publicidade institucional do
governo, seja aquilo que é utilidade pública, que é a questão
de serviços, direitos à população.

>> Alexandre Machado: Nesse caso a SECOM seria
ouvida na questão do conteúdo não da mídia?

>> Franklin Martins: Não, nas duas coisas.

>> Alexandre Machado: Mídia também?

>> Franklin Martins: Nas duas coisas ela deve
opinar, entende. Embora, evidentemente, cabe, no caso a
Petrobras, no caso da.... Do Banco do Brasil e de outras
estatais, quando é mercadológico, cabe mais a eles, entende,
interferir nesse tipo de coisa. Eu diria o seguinte, a SECOM
deve cuidar mais do que é a publicidade do governo
propriamente dita. Seja aquela que é uma publicidade
institucional, seja aquilo que são serviços, campanhas que
esclarecem direitos é... Coisas de utilidade pública etc.
Agora, ao mesmo tempo, ela deve fazer uma supervisão daquilo
que é feito pelas estatais. Mas não estar ali, ela assumindo
diretamente isso.

>> Josemar Gimenez: Ministro, Ministro. Voltando
um pouco na questão do crescimento e aí falando com, com o
Ministro que senta no conselho político do Presidente.
A gente nota que o PAC, ele.... A Ministra Dilma
está catando projeto aí pelos estados afora e encontra
projetos com o respaldo de Governador que aí a oposição é uma
coisa delicada. Histórias de investimentos na área industrial
eles ficam parados muitos deles em função do meio ambiente,
questões ambientais aí que a Ministra Marina vem travando.
Ela tem um respaldo internacional muito grande. E ela vem
travando projetos, por exemplo, vários empresários não querem
investir porque qualquer investimento maior acontece o
colapso de energia. Como é o que Presidente vai se sair? Como o governo
sai desse... Desse enrosco, dessa cruzada aí com relação ao
PAC?

>> Franklin Martins: Olha, em primeiro lugar é o
seguinte, a Ministra Dilma, nos próximos dias vai fazer uma
conferência de imprensa grande, entende? Fazendo um balanço
de cada uma das ações do PAC. O que é que está funcionando, o
que é que não funcionou. Quer dizer, de modo geral, os
primeiros levantamentos dão 75% está correndo dentro dos
prazos.
Cerca de 12%, a tensão, 12%, mais ou menos é
preocupante. O que está correndo dentro dos prazos não quer
dizer que às vezes a obra começou, porque às vezes, no atual
momento do cronograma não é que a obra comece é que seja
feito é... Um projeto técnico, por exemplo, ou que se consiga
uma licença ambiental, ou seja, o cronograma coloca por aí
diversas ações em diversos momentos e isso é que deve ser
feito.
Quer dizer, então eu acho que o PAC, está andando
muito bem. Nós vamos ver os resultados. A Ministra Dilma vai
apresentar. Eu vi algumas matérias esse final de semana, quer
dizer, as matérias fazem assim uma certa... Separação.
Primeiro, tudo aquilo que entra a Petrobras etc é deixado de
lado, só se pega o que é a questão com recursos
orçamentários, entende? Na parte de recursos orçamentários
você disse aí, por exemplo, que a Ministra Dilma está catando projeto. Isso
é basicamente na área de saneamento o que é que acontece? Há
recursos para o saneamento mas não há muitos projetos já
prontos. Por quê? Porque antes não havia recursos para o saneamento.
E como não havia recursos para o saneamento não se
fazia projeto. Porque projeto custa dinheiro para fazer.
Então o sujeito não fazia porque ia botar dinheiro fora.
Então a Prefeitura não fazia, o governo do estado não fazia.
Então, esse primeiro momento é da Ministra Dilma com os
principais Governadores e Prefeitos começar a levantar
projetos existentes para fazer e alguns em São Paulo, alguns
em Minas Gerais, alguns no Rio, em Pernambuco, projetos de
peso, entende? Quer dizer, que possam ser bancados por esses
recursos, parte do Governo Federal através do PAC. Parte
também pelos governos estaduais.
Então, eu acho até que está andando muito bem nesse
aspecto aí do saneamento. E acho uma coisa importante, repare
só que não é uma coisa que o Governo Federal estava fazendo,
dizer: Ah, vou fazer com os governos do estado que são do meu
partido. Não, é o seguinte: Aonde tem problema de saneamento
e de urbanização no país.

>> Josemar Gimenez: Mas no caso do setor
energético como se destrava isso?

>> Franklin Martins: Olha, eu vi uma declaração do
dirigente do Ministério do meio ambiente, que saiu hoje
publicada nos jornais que eu achei muito interessante: "Nós
temos que sair da fase do não pode para a fase do como pode".
Eu acho que é exatamente esse o problema.

>> Eleonora de Lucena: Ministro.

>> Franklin Martins: Só um instantinho. Eu acho
que na área do meio ambiente é necessário dar eficácia,
entende, a um processo de resistência ou ao processo de
ponderação desse ou daquele problema que uma determinada obra
pode causar. Não pode ser um negócio que cada dia tem um
problema novo. Tem que ser algo que permita o quê? Um
planejamento.

>> Augusto Nunes: Há uma simplificação, o
Presidente Lula atribuir o atraso de certas obras à questão
do bagre, o senhor não acha?

>> Franklin Martins: Augusto, no caso
do madeira tem dois problemas ambientais e um é dos bagres.
Pode parecer assim meio folclórico, do bagre, ou dos grandes
bagres, entende? Ou seja, o que é que acontece com
determinados tipos de peixe na procriação dele, eles sobem o
rio, eles descem o rio, como é que é, eles serão afetados é
um dos problemas, dois problemas para a licença ambiental,
esse é um e o outro é o problema da sedimento ação do rio.
São problemas que têm que ser enfrentados, resolvidos e como
eu dizia antes: Isso provoca uma tensão dentro do governo.
Isso provoca uma tensão dentro da sociedade. Eu acho que será
muito bom se o meio ambiente fizer o que um dirigentes deles
disse que ia fazer, tem que sair da fase do não propositado
para a fase do como pode, não pode trombar com a natureza,
não pode trombar com o meio ambiente mas tem que encontrar os
caminhos para fazer um planejamento de desenvolvimento.

>> Eleonora de Lucena: Por falar em tensão, eu
gostaria de uma avaliação sua sobre essa crise aérea recente
que resultou num motim na Aeronáutica. O governo agiu
corretamente na sua avaliação, naquele episódio. Foi correto
negociar com amotinados e colocar, digamos, a.... As Forças
Armadas e a aeronáutica numa situação delicada? Qual é o
balanço o que senhor faz daquela crise?

>> Franklin Martins: Eleonora, eu estava presente
naquele dia.

>> Eleonora de Lucena: Pois é, por isso que eu
pergunto.

>> Franklin Martins: Eu te digo foi corretíssimo
negociar.
A primeira coisa é o seguinte, não se passou por
cima da Aeronáutica, não houve isso, o Brigadeiro Saito
esteve presente todas as decisões que foram tomadas.

>> Eleonora de Lucena: Na sala ao lado?

>> Franklin Martins: Não, ele esteve presenta na
sala que decidiu.

>> Eleonora de Lucena: Mas ele.

>> Franklin Martins: Só um instantinho Eleonora.
Ele estava presente na sala que decidiu. O Brigadeiro Saito
voltou do CINDACTA por volta das 8 horas da noite naquele dia
e disse: "Nós estamos com esse problema. O meu pessoal acha
que a gente devia prender". Foi feita a seguinte pergunta ao
Brigadeiro: "Se prender o que é que deve acontecer? é
provável uma reação em cadeia?". Ele disse: "Certamente".
"E havendo uma reação em cadeia, qual é o plano de
contingência?".
Não havia um plano de contingência? E aí é uma
situação muito complicada, ele, ao mesmo tempo, eu tenho....
Eu ganhei enorme admiração pelo Brigadeiro Saito dentro desse
processo. Ao mesmo tempo em que ele trazia a pressão que ele
sofria, instintiva por parte da Aeronáutica, que reage diante
da questão de hierarquia de forma instintiva ele sentia que
tinha um problema ao é o seguinte: Como vai fazer com as
pessoas que estão no aeroporto? Se nós tivemos aquele caos
com praticamente 4 ou 5 horas--

>> Eleonora de Lucena: 5 horas.

>> Franklin Martins: De tráfego aéreo parado
imagine se fosse 48 horas. Nós tínhamos uma situação, ou
seja, era necessário encontrar um tipo de solução. O
Brigadeiro Saito foi a favor da negociação. Ele não se
colocou contra. Ele foi a favor da negociação. Se você pegar
a nota da Aeronáutica publicada, do alto comando da
Aeronáutica publicada no sábado, divulgada, ela fala
claramente que o Alto Comando reconhece que o Governo Federal
deveria fazer, como fez, algum tipo de negociação para
resolver o problema.

>> Eleonora de Lucena: Os oficiais abandonaram, os
oficiais abandonaram?

>> Franklin Martins: Houve um problema é claro mas
havia um outro problema.
A meu ver, o que deu, a meu ver, uma dimensão
de.... De estadista ao Brigadeiro Saito é o sujeito que é
capaz de trazer o sentimento da corporação que ele representa
mas ao mesmo tempo lidar com o problema real que está
afetando a sociedade. Ele conversou com o Presidente Lula,
recebeu uma determinação do Presidente Lula para que se fizesse a
negociação. Quer dizer, ele concordou com isso e isso foi
feito.

>> Eleonora de Lucena: Mas não fez a negociação
que fez foi o Ministro.

>> Franklin Martins: Isso também se discutiu que
não deveria ser ele e ele concordou por quê? Porque se ele
vai fazer uma negociação e no clima de tensão que estava há
algum tipo de desacato a situação transbordava de vez.
Por outro lado, dentro da Aeronáutica, as pessoas
que poderiam ter negociado já haviam sido ultrapassadas pelos
acontecimentos. Então, foi uma decisão coletiva que se
mandasse o Ministro Civil e ninguém passou por cima. Agora,
evidente que isso gerou uma tensão, isso gerou seqüelas, isso
gerou um sentimento desagradável, desconfortável dentro da
Aeronáutica. Agora esse processo veio sendo reconstruído
depois, entende? Eu acho que hoje em dia o Brigadeiro Saito
tem não só uma liderança muito forte dentro da força aérea
como ao mesmo tempo tem uma posição muito forte dentro do
governo pelo papel que ele jogou dentro desse processo, um
papel extremamente equilibrado.

>> Paulo Markun: Ministro, o nosso tempo acabou, o
senhor vê que mesmo na TV pública, né, às vezes o tempo não é
suficiente para a gente discutir todas as questões.

>> Franklin Martins: Queria falar um pouco sobre o
meu trabalho com música na política.

>> Paulo Markun: Não deu.

>> Franklin Martins: Me convida para outro Roda
Viva.

>> Paulo Markun: Está convidado. O Roda Viva fica
por aqui. Nós voltamos na próxima segunda-feira 10: 40 da
noite com mais um programa. Uma ótima semana a todos e até
lá!

Fonte: Site da TV Cultura.

Em entrevista tensa, Martins diz que melhorou relacionamento do governo com a mídia.


Comentários